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Publicado em 2/01/2017 as 2:00pm

Califórnia em alerta para proteger imigrantes ilegais de Trump

Califórnia em alerta para proteger imigrantes ilegais de Trump

Faltam três semanas para Donald Trump assumir oficialmente a Casa Branca e a progressista Califórnia veste a armadura e está pronta para enfrentar qualquer esforço do novo presidente de expulsar imigrantes em situação ilegal.

O magnata republicano prometeu expulsar do país pelo menos três milhões de imigrantes ilegais com antecedentes criminais e construir um muro na fronteira com o México.

Mas com vistas à sua posse, em 20 de janeiro, várias "cidades santuário" deste estado do oeste americano, onde 2,8 milhões de imigrantes sem documentos estão protegidos da perseguição, já começam a erguer trincheiras.

"Escutamos insultos, mentiras e ameaças... Se querem chegar até eles [os imigrantes ilegais], terão que passar por cima de nós", ameaçou o presidente da Assembleia Legislativa da Califórnia, Anthony Rendon, democrata e de ascendência mexicana.

Ainda que Trump tenha ameaçado durante sua campanha cortar importantes e vitais fundos federais das "cidades santuário" - estimadas em 300 em todo o país - as autoridades municipais parecem não ter a intenção de apoiar qualquer iniciativa anti-imigração do novo governo.

Como disse Ed Lee, prefeito de San Francisco: "está em nosso DNA ser uma cidade santuário". E, nessa mesma linha, o prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, quer abrir um fundo de 10 milhões de dólares para dar assistência legal gratuita aos imigrantes sem documentos, a maioria hispânicos.

Além disso, o novo procurador-geral do estado, uma espécie de ministro da Justiça estadual, é o ex-congressista Xavier Becerra, filho de imigrantes mexicanos e o primeiro latino a ocupar o cargo.

"Se querem enfrentar um estado progressista que está preparado para defender seus direitos e interesses, que venham", lançou Becerra, considerado pela imprensa americana o "buldogue" da administração do governador Jerry Brown, que disse que resistirá a qualquer tentativa de Trump de alterar suas políticas contra o aquecimento global, defesa dos direitos trabalhistas e imigração.

Os membros do legislativo da Califórnia, de maioria democrata, aprovaram uma resolução para "implorar" ao novo presidente e ao Congresso republicano que "desenvolva políticas racionais de imigração" e evite "deportações em massa".

Sempre sob ataque

O chefe da polícia de Los Angeles, Charlie Beck, disse há um mês e meio que seus homens não participarão de nenhuma operação federal para deportar imigrantes ilegais.

"Não é o nosso trabalho e não vamos fazer disto o nosso trabalho", afirmou.

Mas além de suas intenções, o poder municipal nada pode fazer para impedir as batidas. Em 2015, dos 235.413 deportados (59% com antecedente criminal), 6.869 foram capturados em Los Angeles, segundo dados da autoridade federal de migração (ICE) enviados à AFP.

Desde então Ron Gochez, da organização pró-imigrantes União do Bairro, valoriza o esforço das autoridades locais, mas o considera "simbólico". "Não há ninguém que possa parar, não queremos colocar estes discursos para as pessoas confiarem e deixarem de se proteger", indicou.

Gochez, americano de ascendência mexicana-salvadorenha, não esquece dos 2,5 milhões de deportados registrados nos oito anos de governo Obama, mais do que com qualquer outro presidente dos Estados Unidos, o que lhe rendeu o apelido entre algumas organizações de "Deportador em chefe".

"Não importa quem está na Casa Branca, os imigrantes sempre estarão sob ataque", afirmou Gochez.

Obama prometeu em 2012 uma reforma migratória, mas o Congresso, de maioria republicana, o impediu. Ele aprovou através de uma ordem executiva - sem passar pelo Congresso - o programa Daca (Deferred Action for Childhood Arrivals), que permite que jovens que chegaram aos EUA ilegalmente quando crianças estudem em universidades, trabalhem e tirem carteira de motorista.

Mas Trump já ameaçou eliminar este programa, apesar de após a eleição ter suavizado suas palavras, prometendo, sem dar detalhes, "encontrar uma solução que deixará as pessoas felizes e orgulhosas".

Especialistas concordam que a Califórnia, com Becerra à frente, poderia ter o papel opositor que o muito republicano estado do Texas, fronteiriço com o México, assumiu durante os oito anos de Obama, com várias ações na justiça em temas como saúde, meio ambiente e imigração.

Enquanto isso, as pessoas estão com medo e esperam ansiosamente as novas políticas. A União do Bairro vem promovendo palestras informativas para os indocumentados, que segundo números do Departamento de Segurança Interior, somam 11,4 milhões em todo país durante o ano de 2012, 59% mexicanos (6,7 milhões).

Manifestações contra Trump foram convocadas para sua posse em 20 de janeiro, em várias cidades do país, incluindo Los Angeles.

"Nós não vamos ficar de braços cruzados, estaremos organizados. Se não nos defendermos, quem irá fazê-lo?", declarou à AFP.

Fonte: Brazilian Times

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