Washington mantém expansão de saúde para imigrantes de baixa renda, mas limite de vagas permanece

O estado de Washington está prestes a manter, ao menos por enquanto, a expansão de cobertura de saúde voltada a milhares de imigrantes de baixa renda que vivem no estado sem autorização legal. A iniciativa, lançada em julho de 2024, oferece benefícios similares aos do Medicaid, exclusivamente com recursos estaduais. No entanto, o número de beneficiários segue limitado devido à restrição orçamentária.

Apesar do sucesso da proposta — que teve todas as 13 mil vagas preenchidas em apenas 48 horas e uma fila de espera com mais de 17 mil pessoas — o programa não deve ser ampliado neste ano. Um projeto de lei apresentado pela deputada estadual My-Linh Thai (D-Bellevue), que abriria o acesso à cobertura para todos os imigrantes que se enquadram nas exigências de renda e outros critérios, sequer teve audiência na legislatura.

“Não podemos continuar arcando com visitas ao pronto-socorro sem cobertura. A caridade tem limite. Isso é governar com responsabilidade”, declarou Thai, que também mencionou polêmicas em torno do uso do termo “Washingtonianos” para se referir a não cidadãos.

A expansão, chamada Apple Health Expansion, funciona exclusivamente com fundos estaduais, diferentemente do Medicaid tradicional, que recebe verba federal. Atualmente, o financiamento gira em torno de US$ 76,8 milhões anuais. O orçamento aprovado pela Câmara mantém esse nível de financiamento, enquanto o Senado propõe um valor inferior, confiando em ajustes para economizar nos custos dos cuidados.

Segundo especialistas, a expansão tem salvado vidas. Pacientes que antes não tinham acesso a tratamentos para câncer ou diálise agora conseguem atendimento contínuo. “Pode parecer exagero, mas é real: pessoas morrerão se não tiverem acesso à saúde”, afirmou Kaitie Dong, analista do Washington State Budget and Policy Center.

Críticos da medida, sobretudo legisladores republicanos, alertam para os riscos de aumentar os gastos em um ano com déficit orçamentário. “Devemos ter compaixão, mas também respeitar a lei”, disse o senador John Braun (R-Centralia).

No entanto, dados do Institute on Taxation and Economic Policy indicam que, em 2022, imigrantes indocumentados contribuíram com quase US$ 1 bilhão em impostos estaduais e locais. “Essas pessoas são grandes contribuintes e motores da economia”, afirmou Dong.

Profissionais de saúde também destacam os impactos no sistema de emergência. “O pronto-socorro fica sobrecarregado com casos que poderiam ser resolvidos na atenção primária, se houvesse acesso”, explicou a pediatra Shaquita Bell, do Odessa Brown Children’s Clinic, em Seattle. Ela relatou que, em seu consultório, pais sem status legal frequentemente buscam ajuda para suas próprias condições de saúde.

A esperança de organizações defensoras de imigrantes é que o limite de vagas seja eliminado futuramente. “Cuidar dos imigrantes beneficia toda a sociedade”, concluiu Bell. “Cada pessoa merece acesso à saúde.”

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