Publicado em 15/05/2019 as 8:00am
Newark (NJ) registra aumento de brasileiros requerentes de asilo
Há quatro meses, Adriana divide um quarto com o marido e dois filhos em um apartamento de um...
Há quatro meses, Adriana divide um quarto com o marido e dois filhos em um apartamento de um quarto em Newark (New Jersey). É o primeiro apartamento em que eles moram na vida, muito diferente de sua casa rural no sudeste do estado de Minas Gerais, onde ela fazia refeições em um fogão a lenha.
Adriana, 32 anos, e sua família cruzaram a fronteira dos Estados Unidos com o México e se entregaram a agentes fronteiriços, na esperança de obter asilo.
Ela não quis revelar o seu nome real porque teme que isso possa prejudicar suas chances.
Para financiar a viagem, sua família vendeu seu pequeno terreno rural. Eles não viam futuro no Brasil. No ano passado, Adriana disse que a vida se tornou mais difícil, à medida que os alimentos e serviços públicos se tornaram mais caros.
Mais e mais brasileiros estão fugindo das dificuldades econômicas - incluindo desemprego, inflação e pobreza - e se mudando para a cidade de Newark, onde são recebidos por uma comunidade de língua portuguesa estabelecida e têm acesso a empregos e outros recursos.
Muitos se estabeleceram no bairro Ironbound, onde os imigrantes brasileiros vivem há décadas. Na Ferry Street, eles encontram supermercados, restaurantes, vendedores ambulantes de comida e cafés brasileiros, bem como comida da culinária natal.
Estas informações foram divulgadas pela WNYC News, que destacou uma entrevista com a família de mineiros. “No Brasil, comíamos apenas o básico", disse Adriana, referindo-se a arroz e feijão e carne apenas de vez em quando. Desde que chegaram a Newark, ela disse que sua família come carne todos os dias.
Eles também podem encontrar profissionais para aconselhamento que falam a sua língua materna. A psicoterapeuta Viviane Wilkens disse que é a única que ela conhece oferecendo serviços gratuitos de saúde mental para crianças em português.
"Foi aqui em Newark que percebi que era necessário, que meu trabalho poderia ser crucial na vida de alguém", disse Wilkens.
Ainda de acordo com a reportagem, a região da cidade de new York tem uma das maiores populações de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos - cerca de 48.000 registrados em 2017, de acordo com os dados mais recentes do Censo norte-americano, compilados pelo Migration Policy Institute.
Os serviços de aconselhamento estão disponíveis no mesmo prédio da Mantena Global Care, uma organização sem fins lucrativos que oferece serviços de educação, saúde e imigração, principalmente para brasileiros. A co-fundadora Solange Paizante disse que se oferece como voluntária sete dias por semana, ouvindo as pessoas como se fosse a mãe delas e faz o possível para ajudar.
"Às vezes eles nos procuram não por falta de dinheiro, mas em busca de informação, do calor humano do brasileiro", disse ela.
Quando o Consulado Geral do Brasil em New York oferece serviços para a comunidade em Newark, normalmente também o faz no prédio de Mantena. Recentemente, os funcionários do consulado receberam solicitações para todos os tipos de documentos brasileiros, como cartas de procuração, passaportes, entre outros.
Paizante disse que está surpresa com o número de recém-chegados do Brasil em busca dos serviços de sua organização - uma média de oito famílias por semana.
Shirley Cusick, uma advogada de imigração e consultora em Newark e Long Branch, disse que sua empresa está ouvindo uma média de 50 brasileiros por dia perguntando sobre asilo nos EUA. Ela disse que muitos vêm com famílias e são libertados depois de se renderem aos agentes na fronteira.
"Eles são vítimas do tráfico de seres humanos", disse ela. "Os traficantes de seres humanos, realmente, mentem para os imigrantes, porque pegar e soltar, popularmente chamado de 'cai, cai', não é uma maneira que eles vão obter status legal pedindo asilo", fala acrescentando que eles podem precisar mostrar evidências de perseguição para ganhar um caso.
Cusick disse que os contrabandistas no Brasil também enganam os imigrantes dizendo que os tribunais nos EUA os favorecerão. Na realidade, ela explicou que os casos podem levar até sete anos para serem concluídos por causa dos extensos atrasos no sistema de tribunais de imigração.
Fonte: Redação Braziliantimes