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Publicado em 14/01/2016 as 12:00am

Físico condenado por elo terrorista quer deixar Brasil, diz colega

Adlène Hicheur esteve preso na França de 2009 a 2012 e atualmente é professor da UFRJ

O físico argelino naturalizado francês Adlène Hicheur — preso na França de 2009 a 2012, sob acusação de planejar atos terroristas, e atualmente professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — está cogitando deixar o Brasil devido à repercussão de sua história, divulgada no último final de semana pela Revista Época.

Hicheur, 39 anos, tem se recusado a falar com a imprensa. Segundo Ignácio Bediaga, professor e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e responsável pelo convite que resultou na vinda do físico ao Brasil, em 2013, Hicheur está muito abalado.

— Ele ficou chocado inclusive com a postura do governo, que reagiu de forma desproporcional. O (ministro da Educação Aloizio) Mercadante teve uma reação desproporcional. Hicheur quer sair do Brasil sem ser humilhado, quer sair pela porta da frente, como entrou. Por conta da forma como o governo reagiu, ele tem medo de ser humilhado. Ainda não houve nenhuma decisão definitiva, oficial, mas ele está pensando em sair do país por conta própria — contou.

Conforme o pesquisador, Hicheur voltaria para a França, onde moram seus pais.

— Mas ele ainda tem que ver como fica seu contrato de trabalho no Brasil, que vai até julho — ressaltou.

Desde julho de 2014, Hicheur é professor visitante da UFRJ, onde ganha R$ 11 mil mensais. O contrato terminaria em julho de 2015, mas foi prorrogado por mais um ano. Então, seguirá até o próximo mês de julho, com a possibilidade de ser renovado por mais dois anos.

O físico é alvo de uma investigação da Polícia Federal, que resultou numa operação de busca e apreensão em sua casa, na Tijuca (zona norte do Rio de Janeiro), e em sua sala no Instituto de Física da UFRJ, na Ilha do Fundão (zona norte da cidade). O inquérito ainda está em andamento, mas a Polícia Federal não se manifesta sobre a investigação.

Na última segunda-feira, o ministro Mercadante afirmou que a entrada de Hicheur no Brasil deveria ter sido impedida.

— O problema não é se ele é professor, engenheiro ou estudante. Quando foi ter acesso ao visto de entrada, a pesquisa sobre a vida dele tinha de ter sido feita. Se tivesse indício de que houvesse, como no caso, condenação por práticas terroristas, sua entrada deveria ter sido bloqueada — afirmou o ministro.

O Ministério da Justiça tem autonomia para impedir a entrada ou a permanência de estrangeiros no Brasil, de acordo com o Estatuto do Estrangeiro. O receio de Hicheur é ser expulso do país.

O caso

Hicheur desenvolvia até 2009 uma carreira acadêmica reconhecida internacionalmente. Fazia pós-doutorado na Suíça e trabalhava no Centro Europeu para Física de Partículas quando se afastou para tratamento médico.

Na casa dos pais, na França, passou a frequentar fórum na internet que reúne jihadistas e trocou mensagens com uma pessoa que se identificava como "Phenix Shadow" — segundo a polícia, era Mustapha Debchi, tido pelo governo da França como membro da organização terrorista Al-Qaeda.

Nos e-mails, ele teria assumido compromissos interpretados pela Justiça francesa como vinculados a ações terroristas. As mensagens foram interceptadas pela polícia, que prendeu o físico. Processado, foi condenado a cinco anos de prisão. Detido em 2009, foi libertado em 2012 e chegou ao Brasil em 2013.

Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/

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