Publicado em 4/11/2021 as 4:00pm
NY: ONU escolhe o Brasil como um dos países líderes no tema "Transição Energética"
Com 48% de fontes renováveis na matriz energética, o Brasil trabalha para ampliar a produção de energia renovável e sustentável
O Brasil tem buscado ampliar as formas alternativas de geração de energia elétrica, para além da fonte hidráulica. E as fontes de energia como a eólica, a solar e a biomassa já estão sendo colocadas em prática, o que posiciona o Brasil num seleto grupo de vanguarda mundial na produção de energia renovável e sustentável. O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Paulo Cesar Domingues, detalhou esse trabalho.
O secretário citou que o Brasil tem 48% de fontes renováveis na matriz energética enquanto o resto do mundo tem apenas 14%. E relatou que o processo de transição do Brasil para o uso de fontes de energia renováveis não é recente e já conta uma longa trajetória.
Como é a matriz energética do Brasil atualmente?
A matriz energética brasileira é uma das mais renováveis entre todos os países com as grandes economias mundiais, 48% da nossa matriz é renovável. Para você ter uma ideia, a média mundial é de 14% e se compararmos com os países mais desenvolvidos, por exemplo, os países que fazem parte da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], essa participação é ainda menor, é 11%. E o que significa 48% de renováveis na matriz? Significa que toda a energia produzida e consumida no Brasil é originária de fontes energéticas renováveis, como o sol, o vento, a água e a biomassa. E se analisarmos agora a matriz de energia elétrica, a renovabilidade da nossa matriz é ainda maior. Em 2020, terminamos o ano com 85% da nossa matriz renovável, enquanto a média mundial é de apenas 28%. Isso demonstra a importância da nossa matriz e nos deixa orgulhosos como brasileiros de ter uma matriz tão renovável.
O Presidente Jair Bolsonaro citou, na 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, esse dado da matriz elétrica renovável.
Sim, o Brasil é conhecido mundialmente no campo da energia limpa e renovável. É por isso que a Organização das Nações Unidas escolheu o Brasil como um dos países líderes no tema Transição energética para uma economia de baixo carbono, no diálogo de alto nível das Nações Unidas sobre energia.
Podemos dizer, com certeza, que o Brasil é um protagonista nessa questão da energia limpa e renovável?
Sim, o Brasil tem grandes recursos naturais que podem ser utilizados para o atendimento das demandas energéticas brasileiras. Temos um potencial enorme de energia, solar, eólica, um potencial hidráulico ainda não totalmente aproveitado. Então, o Brasil é grande referência e é respeitado no mundo todo com essa potencialidade e também de novas tecnologias que estão surgindo. O Brasil pode ser um grande produtor, consumidor e exportador energético para o mundo todo nesse processo de transição energética mundial.
Vamos falar um pouquinho de cada uma dessas fontes de energia. O Brasil tem muito sol, como está a energia solar?
A energia solar é a que mais cresce no Brasil. Por estar situado próximo a linha do Equador, o Brasil tem excelentes níveis de insolação e de irradiação solar, então, com o desenvolvimento tecnológico das placas solares, dos equipamentos solares, isso proporcionou a redução dos custos.
Para se ter uma ideia, no mês de agosto, o Brasil alcançou 10 gigawatts de capacidade instalada. O que significa isso? Isso significa 70% da capacidade instalada de Itaipu que é maior usina hidrelétrica das Américas e a segunda maior do mundo. E em poucos anos já alcançamos essa capacidade. Para se ter uma ideia, nos últimos três anos o crescimento da energia solar foi de 200% da energia solar centralizada e de 2000% da energia solar distribuída. E o que é isso? A energia solar centralizada são aquelas grandes usinas solares, aquelas fazendas solares enormes e a distribuída são aqueles painéis de energia solar colocados em telhados de residências, e comércios, indústrias.
Então, já temos cerca de 10 gigawatts e a expectativa é que nos próximos dez anos aumente quatro vezes ou até mais essa capacidade. A expectativa de investimento é de R $100 bilhões somente na energia solar, é cerca de 28% do todo o investimento no setor elétrico brasileiro apenas destinado à energia solar.
Falamos da fonte hidráulica, da fonte solar, agora vamos falar da energia eólica. Como está o desenvolvimento dessa outra possibilidade de produção de energia elétrica no Brasil?
Nossos ventos são constantes, variam muito pouco de direção, então são considerados um dos melhores ventos do mundo para instalação de usinas eólicas. Nossa capacidade instalada já é 11% de toda a capacidade já instalada no Brasil. Em pouco tempo já atingimos, em termos de capacidade instalada em energia eólica, cerca de 19 gigawatts e a expectativa é dobrar a capacidade nos próximos dez anos, tamanho é interesse dos investidores.
O Nordeste tem 80%, 82% de toda a capacidade instalada no Brasil e tem o maior potencial. Hoje tem mais de 700 usinas eólicas instaladas no Brasil e sem contar que temos um potencial enorme para usinas eólicas offshore, em alto mar. O custo é mais alto que a onshore, mas isso tem se reduzido ao longo do tempo. Hoje, a usina eólica offshore já consegue ser competitiva com algumas fontes que usamos, ela já consegue competir com a termelétrica a gás natural. Já somos o 7° maior produtor de energia eólica do mundo caminhando para, nos próximos cinco anos, sermos o 5° maior. Sem aproveitar a eólica offshore que tem um potencial enorme. Ela pode ser implantada em praticamente toda a costa do Brasil, na região Nordeste ela tem um potencial maior.
O senhor comentou no início sobre a transição das economias para o baixo carbono. Existe uma expectativa que os hidrocarbonetos, petróleo, vão diminuindo gradativamente e, provavelmente, no decorrer desse século, em algum momento não teremos hidrocarbonetos como temos atualmente. Como o Brasil está nesse processo?
Temos 48% de energia renovável na nossa matriz, enquanto o mundo é 14%, então, já estamos bem melhor que a média mundial. Esse processo de transição no Brasil não começou agora, ele veio desde o início do século passado quando adotamos a hidreletricidade para atender nosso processo produtivo. Depois veio, na década de 70, o proálcool que, para enfrentar a crise do petróleo, passamos a utilizar o etanol da cana-de-açúcar em substituição da gasolina. O motivo era econômico, na época, mas teve um impacto ambiental enorme. Depois tivemos vários programas de incentivos a fontes renováveis. Temos ainda 52% da nossa matriz fóssil, então precisamos avançar.
No Ministério de Minas e Energia temos o RenovaBio, a política nacional de biocombustíveis que tem meta de descarbonização da matriz de transporte. Hoje, dois terços de toda a energia fóssil produzida no Brasil é originária do transporte e da indústria. Precisamos descarbonizar esses dois setores para aumentar nossa transição energética. Tem um combustível que o mundo todo está falando como o combustível do futuro para atender essa demanda de energia elétrica limpa e renovável que é o hidrogênio. E o Brasil tem um potencial imenso de produção de hidrogênio verde.
O hidrogênio para ser verde tem que ser produzido da eletrólise da água, da quebra da molécula da água do hidrogênio e do oxigênio que você separa, e para fazer essa eletrólise se gasta energia, e muita energia. Quando para fazer essa quebra da energia se usa uma energia renovável, como a solar, isso se chama hidrogênio verde.
Recentemente, o Conselho Nacional de Política Energética aprovou as diretrizes do programa nacional do hidrogênio no Brasil. Defendemos, além do hidrogênio verde, outras formas de produção como o hidrogênio azul que é produzido com gás natural. Você vai fazer essa eletrólise da água usando o potencial de gás natural que temos no nosso pré-sal.
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Fonte: Leonardo Ferreira