Publicado em 20/11/2024 as 10:00am
O "F***-se" da primeira-dama do Brasil a Elon Musk gera uma crise política
Fonte: Da redação
Foi um “F***-se” que repercutiu globalmente.
A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, de 58 anos, causou controvérsia diplomática ao soltar um palavrão dirigido a Elon Musk durante um painel sobre desinformação e regulamentação de redes sociais na Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, no último sábado.
Após ouvir o som de uma buzina de navio, ela comentou de forma aparentemente descontraída: “Acho que é Elon Musk. Não tenho medo de você, f***-se, Elon Musk.”
A declaração trouxe à tona as tensões entre o bilionário da tecnologia e o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil em relação à liberdade de expressão na plataforma X. Esse embate culminou na suspensão do serviço no país entre agosto e outubro deste ano.
Com líderes como Joe Biden e Xi Jinping participando da cúpula econômica do G20 até terça-feira, políticos da oposição brasileira criticaram as palavras de Janja. Alguns diplomatas também manifestaram preocupação de que o episódio possa dificultar futuras relações diplomáticas com Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, segundo informações do jornal *Folha de S. Paulo*.
Trump havia indicado Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, para co-liderar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental em sua nova administração.
“O Brasil já tem mais um problema diplomático”, declarou Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, no fim de semana, através de uma postagem na plataforma X.
O incidente ganhou ainda mais atenção após o deputado federal conservador Nikolas Ferreira divulgar o vídeo nas redes sociais no sábado. Ele comentou: “Janja da Silva, esposa de Lula, disse ‘f***-se’ para @elonmusk durante um painel. Esta é a ‘esquerda tolerante’.”
Elon Musk respondeu na plataforma X repostando o vídeo com emojis de risada e afirmou: “Eles perderão a próxima eleição.”
Apesar disso, aliados de Janja e apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva saíram em sua defesa.
O ministro da Agricultura, Paulo Teixeira, publicou em sua conta no X: “A verdade é que @janjaLula expressou o que muitos de nós estávamos sentindo. Isso reflete a percepção sobre Elon Musk e sua interferência prejudicial na política internacional.”
O influenciador digital Felipe Neto também manifestou apoio à primeira-dama, compartilhando uma foto ao lado dela e repetindo o palavrão em uma publicação para seus 17,1 milhões de seguidores, com a legenda: “Eles não vão ganhar.”
A tensão entre o governo brasileiro e Musk começou no início do ano, quando o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a suspensão da plataforma X no Brasil, alegando a disseminação de desinformação no país.
Musk havia se recusado a moderar contas que, segundo o governo, espalhavam informações falsas sobre as eleições de 2022, vencidas por Lula em uma disputa acirrada contra Bolsonaro.
Após contestar o resultado, apoiadores de Bolsonaro invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal em 8 de janeiro de 2023. Mais tarde, Bolsonaro foi considerado culpado por abuso de poder e impedido de disputar cargos públicos por oito anos.
Durante o período de bloqueio, Musk chamou Alexandre de Moraes de “ditador maligno fantasiado de juiz” e o acusou de “tentar destruir a democracia brasileira.”
No entanto, em setembro, Musk cedeu às exigências do STF, concordando em pagar uma multa de US$ 5 milhões e nomear um representante da plataforma no Brasil, que tem mais de 20 milhões de usuários ativos.
Em outubro, o STF ordenou o retorno imediato das atividades da X no país.
“Estamos orgulhosos de voltar ao Brasil”, afirmou o Departamento de Relações Governamentais Globais da X em um comunicado. “Garantir acesso à nossa plataforma para milhões de brasileiros foi nossa prioridade durante todo o processo. Continuaremos defendendo a liberdade de expressão, respeitando os limites da lei, em todos os lugares onde operamos.”
Ao longo do fim de semana, o presidente Lula tentou minimizar o incidente envolvendo sua esposa. Durante um evento no G20 sobre combate à fome, ele declarou: “Essa é uma campanha em que não precisamos ofender ninguém.”