Publicado em 20/01/2025 as 8:00am
Universitários brasileiros vencem a competição da Nasa e fazem história no mundo da programação
O desafio, realizado anualmente pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa), mobiliza equipes ao redor do mundo a utilizarem dados abertos da Nasa para resolver problemas reais, tanto da Terra quanto do espaço.
Seis estudantes brasileiros conquistaram, na última quinta-feira (16), o primeiro lugar na categoria de Melhor Uso de Tecnologia na Nasa Space Apps Challenge, a maior maratona de programação do mundo. Com o projeto inovador 42 Quake Heroes, os universitários da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) superaram equipes de países como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Índia e Espanha, além de instituições brasileiras renomadas como o ITA, IME e USP.
O desafio, realizado anualmente pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa), mobiliza equipes ao redor do mundo a utilizarem dados abertos da Nasa para resolver problemas reais, tanto da Terra quanto do espaço. Neste ano, o time 42 Quake Heroes se destacou ao desenvolver uma inteligência artificial capaz de detectar terremotos na Lua e em Marte, além de criar uma plataforma para visualização desses eventos sísmicos.
O projeto foi realizado em apenas dois dias, entre 5 e 6 de outubro de 2024, e obteve um desempenho impressionante: a IA criada pelos estudantes alcançou uma precisão de mais de 90% na identificação de abalos sísmicos, um feito considerado inédito pela Nasa. A tecnologia empregada pelos brasileiros utiliza técnicas avançadas de pré-processamento de sinais sísmicos e redes neurais artificiais profundas, sendo capaz de filtrar informações relevantes no imenso volume de dados coletados pelas missões de sismologia no sistema solar.
História e impacto
A vitória não é apenas um marco para os estudantes da UFU, mas também um feito histórico para o Brasil e para a América Latina. O 42 Quake Heroes se tornou o primeiro time sul-americano a vencer na categoria de Melhor Uso de Tecnologia e também o primeiro time de um país com índice de desenvolvimento humano (IDH) baixo a alcançar tal conquista. Superando até mesmo outras equipes brasileiras de peso, o grupo se destacou pela coragem e pela ousadia, sem o auxílio de grandes instituições privadas ou públicas.
O líder do grupo, Gabriel Chayb, estudante de Sistemas de Informação, afirmou que a vitória é um sinal de que é possível fazer ciência de alta qualidade no Brasil, apesar das dificuldades. "A gente quer mostrar que é possível e que as pessoas se inspirem na nossa história. Acreditamos que era possível, e agora é realidade", declarou Gabriel, que também ressaltou a responsabilidade que o grupo sente após a conquista: "Vamos usar esse reconhecimento para devolver para a sociedade, principalmente para quem mais precisa de inovação e tecnologia."
Com a vitória, os seis jovens terão a oportunidade de visitar o Goddard Space Flight Center, em Washington, D.C., em junho de 2025, onde serão homenageados e terão a chance de conhecer pessoalmente os diretores da Nasa. Para o grupo, esse reconhecimento é apenas o começo de uma trajetória que promete impactar positivamente a sociedade brasileira e mundial.
A importância do projeto
O 42 Quake Heroes não apenas venceu uma competição, mas apresentou uma solução para um problema real enfrentado pela Nasa. Atualmente, a agência espacial coleta uma quantidade imensa de dados sobre eventos sísmicos no sistema solar, mas a maioria dessas informações não gera resultados cientificamente relevantes. O algoritmo desenvolvido pelos brasileiros, ao filtrar os dados e identificar com precisão os eventos sísmicos, pode transformar a maneira como as missões espaciais monitoram a atividade sísmica em corpos como a Lua e Marte.
O Nasa Space Apps Challenge ocorre anualmente desde 2012, com participantes de todo o mundo trabalhando em desafios relacionados a problemas científicos e tecnológicos. O evento, que em 2024 contou com mais de 93 mil participantes de 163 países, é uma vitrine para talentos e soluções inovadoras. E, com essa vitória histórica, os estudantes da UFU provaram que, com criatividade, empenho e a utilização de tecnologias emergentes, é possível alcançar resultados de nível global, colocando o Brasil no mapa da inovação científica e tecnológica.