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Publicado em 10/11/2022 as 12:00pm

Conheça um pouco da história do cientista Luiz Fernando da Silva Borges

O jornal Brazilian Times, frequentemente, traz visibilidade para brasileiros que se destacam. Na...

O jornal Brazilian Times, frequentemente, traz visibilidade para brasileiros que se destacam. Na edição de hoje, entrevistamos Luiz Fernando da Silva Borges, que já conquistou mais de 60 prêmios em feiras de ciências e engenharia nacionais e internacionais. Confira!

BT-  Quantos anos você tem, onde mora no Brasil?

Luiz- Tenho 24 anos, sou da cidade de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul e moro em São Paulo desde 2019.

BT- Qual universidade você cursou e qual curso? Por que decidiu cursar ele?

Luiz- Estou cursando o curso de engenharia de computação no Inteli Instituto de Tecnologia e Liderança. Escolhi engenharia de computação pois todos os projetos e pesquisas que realizei antes da faculdade no Instituto Federal de Mato Grosso do Sul envolveram o uso de componentes físicos, como circuitos eletrônicos, para a captura de dados médicos e de programas de computador que desenvolvi para desvendar esses dados. Escolhi fazer engenharia de computação no Inteli por ser uma faculdade que tem um método de ensino de engenharia diferente de tudo aquilo que você encontra no Brasil. Não existem disciplinas: A cada 10 semanas, há um problema real de engenharia trazido por uma empresa do mercado. Ao longo dos projetos, nós aprendemos ciência de dados, cálculo, IoT, linguagem de programação, web, etc. Além disso, ela é a faculdade com o maior programa de bolsas do Brasil.

BT- Você está desenvolvendo, atualmente, uma pesquisa. Qual o cunho dela? Com qual objetivo?

Luiz- Desde 2015, desenvolvo pesquisas na área de interface cérebro-máquina. É uma nova área da neurociência que estabelece uma série de técnicas de como medir atividade cerebral, enviar essa atividade cerebral para um computador e fazer esse computador entender o que aquele cérebro está pensando. Em 2016 recebi a maior premiação da área de engenharia biomédica da maior competição de ciência e engenharia do mundo: a International Science and Engineering Fair.

Na ocasião, fui premiado pela criação de um novo método de controle e restauração de sensibilidade tátil para próteses robóticas de antebraço. Na mesma linha de interface cérebro-máquina, desenvolvo desde 2017 uma pesquisa com objetivo de tornar possível a identificação e comunicação de pessoas em um pseudocoma. Muitas pessoas são classificadas erroneamente em um coma ou estado vegetativo pois estão complemente paralisadas, incapazes de responder com movimentos os comandos do médico que está fazendo a avaliação.

Estou desenvolvendo uma técnica capaz de identificar mudanças voluntárias na atividade cerebral de pessoas que foram consideradas em coma ou estado vegetativo e usar isso para essas pessoas possam responder “sim” e “não” a perguntas. Você coloca uma touca de eletroencefalograma na pessoa (uma touca como a de piscina da qual saem fios) e pede a ela imagine um movimento específico, caso a pessoa esteja escutando, vai ser capaz de imaginar o movimento, que por sua vez produzirá um sinal cerebral que é identificado pelo computador.

Luiz Fernando da Silva Borges já conquistou mais de 60 prêmios em feiras de ciências e engenharia nacionais

BT- Ela tem data para ser finalizada?

Luiz- Esta pesquisa começou em 2017 e já estava pronta para a fase de testes clínicos em 2019. Com o advento da pandemia do COVID-19 no início de 2020, os ensaios clínicos haviam sido postergados indefinidamente. Agora, em 2022, consegui o apoio da direção de um grande hospital de São Paulo para que os testes clínicos possam ocorrer lá após os trâmites legais com comitê de ética. Além disso, desde o fim do primeiro semestre deste ano, decidi começar a pesquisa do 0, mantendo o objetivo, mas desenvolvendo uma técnica completamente diferente do “imaginar um movimento” que citei. Desde 2017 foram criadas tecnologias computacionais que possibilitaram o avanço que seria impossível nos anos anteriores. Agora também conto com a colaboração de pesquisadores das áreas de neurociência e computação. Com isto, espero que os testes clínicos ocorram até o final do ano que vem.

 BT- Por que você decidiu fazê-la? De onde surgiu a ideia? Em qual contexto?

Luiz- Fui interessado na área de tecnologia desde que me lembro. Meu ensino médio no Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, integrado a um curso em informática, me ensinou habilidades em programação e eletrônica que aliei a uma paixão pessoal pela medicina. Desenvolvi diversos projetos em engenharia biomédica que foram premiados mundialmente. Porém, foi em 2013 que adotei a área da neurociência como principal motivação intelectual, graças ao trabalho de divulgação científica do neurocientista brasileiro e criador do campo das interfaces cérebro-máquina Miguel Nicolelis.

BT- Quais outras pesquisas relevantes você já desenvolveu?

Luiz- O primeiro projeto que desenvolvi foi em 2013, aos 15 anos. Tratava-se de uma versão mais barata ou “caseira” de um termociclador, aparelho responsável por variações de temperatura controladas na técnica da PCR, utilizada para a amplificação de segmentos de DNA ou RNA. Na época, termocicladores chegavam a custar R$30.000,00, com a ajuda de meus professores, construímos uma versão que foi testada de forma bem-sucedida em laboratório por R$400,00 reais. Durante a pandemia do COVID-19, a PCR foi o padrão ouro para a identificação do vírus.

Ainda na pandemia, tive a oportunidade de integrar e coordenar uma equipe de engenheiros que desenvolveu um ventilador pulmonar de emergência que ventilou pacientes em momentos críticos e hoje está sendo destinado a cirurgias críticas veterinárias. Quando a vacinação infantil contra a COVID-19 começou, convenci o poder público de minha cidade a implantar um projeto pioneiro no SUS: Fazer com que crianças fossem vacinadas enquanto usassem um óculos de realidade virtual. Por se tratar de uma cidade pequena, a novidade se espalhou rapidamente, e cada vez mais crianças e adolescentes procuraram os postos de vacinação para experimentarem a tecnologia.

A animação que era exibida nos óculos, doada pela empresa Masfar Realidade Aumentava e Virtual, era de uma fada vestindo uma armadura na criança, cada peça era sincronizada com a aplicação do algodão com álcool e a vacina. Esse cruzamento de estímulos fez com que o cérebro da maior parte das crianças não interpretasse a agulha da vacina como dor. Acompanhei algumas tardes de vacinação e vi várias mães se emocionando aos verem seus filhos sorrindo enquanto eram vacinados, em contraponto ao terror de terem que segurá-los em outras vacinações.

Apesar de não possuir nenhum componente científico ou tecnológico muito inovador, esse é um dos projetos dos quais mais me orgulhos, pois o governo da cidade decidiu perenizá-lo para outras campanhas de vacinação e coletas de sangue. Por causa disso, volta e meia recebo relatos de pais cujos filhos se vacinaram usando os óculos e que se divertiram no processo por causa disso.

BT- Quais eventos você já participou e quais prêmios ganhou?

Luiz- Já participei de diversas competições científicas nacionais e internacionais. No Brasil, destaco a Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul, feira dirigida por um dos meus mentores, o prof. Ivo Leite Filho. Representei meu estado quatro vezes na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (promovida pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), conquistando o 1º lugar em engenharia em minhas três últimas participações. Foi também por três vezes que representei o Brasil na maior feira de ciências e engenharia do mundo: a International Science and Engineering Fair.

Em minha segunda participação, conquistei prêmios históricos para o Brasil como o primeiro lugar e melhor da categoria em engenharia biomédica, a responsabilidade de representar os EUA (sim, os EUA), no London International Youth Science Forun, que é um fórum científico que ocorre em Londres e que recebe apoio da família real desde sua fundação, com extensões a Paris e Suíça, onde visitei o CERN (acelerador de partículas que descobriu a “Partícula de Deus”). Além disso, o Laboratório Lincoln Lab do MIT batizou o asteroide 33503 Dasilvaborges em minha homenagem. Ao todo, possuo mais de 60 premiações/honrarias em eventos nacionais e internacionais.

Aos 18 anos, fui convidado para palestrar na Reunião Anual da Radiological Society of North America e convidado pela Chevrolet para ir a Detroit e discutir métodos para prevenção de acidentes entre adolescentes que dirigem e digitam no celular ao mesmo tempo. Inspirado pelas ações dos cientistas que admiro, já ministrei mais de 100 palestras pelo Brasil e exterior sendo um TEDx aos 19 anos. Tenho duas aparições principais em rede nacional, uma no Fantástico e outra no Conversa com Bial.

 BT- Quais profissionais ou pessoas te inspiram?

Luiz- Suzana Herculano-Houzel e Miguel Nicolelis na ciência, Lúcia Helena Galvão na filosofia e Marin Alsop na música.

 BT- Qual realização profissional você deseja bastante conquistar?

Luiz- Espero que minha pesquisa sobre interfaces cérebro-máquina em estados de consciência/responsividade seja meu primeiro grande legado. Quero ser o responsável por varrer a dúvida do “Dr., mas ele (a) está escutando?”. Quero ser o responsável por devolver a estas pessoas uma fração da dignidade humana que lhes é devida neste momento. Sou movido pelo propósito de querer saber que a minha existência possibilitou a continuidade da existência de outras pessoas. Quero saber que alguma criação minha foi peça-chave no alívio do sofrimento de bilhões de pessoas, ou até mesmo essencial para que suas vidas fossem salvas.

Luiz é natural de Aquidauana, Mato Grosso do Sul, e mora em São Paulo desde 2019

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