Publicado em 23/12/2022 as 2:00pm
Parentes das vítimas acreditam que brasileira acusada de tráfico humano nos EUA “usava chá de Ayahuasca para mantê-las dopadas”
A garota foi deportada dos Estados Unidos depois de ter sido flagrada com documentação irregular quando foi presa no estado americano de Maine.
Recrutada pela autodeclarada guru espiritual e bruxa Katiuscia Torres, de 34 anos – que está presa preventivamente em Minas Gerais desde novembro por suspeita de submeter pessoas a condições análogas à escravidão –, e envolvida numa série de polêmicas supostamente arquitetadas por ela, a jovem Letícia Maia Alvarenga, de 21 anos, retornou à família, após 8 meses sendo considerada desaparecida pelos pais.
A garota foi deportada dos Estados Unidos depois de ter sido flagrada com documentação irregular quando foi presa no estado americano de Maine. Chegou ao Brasil esta semana. Ela, Torres e outra brasileira, a paulista Desirrê Freitas, de 26 anos, foram detidas quando tentavam atravessar a fronteira em direção ao Canadá. Kat Torres, ou Kat Luz, como ficou conhecida entre os seguidores, estaria tentando escapar, após suspeitas de tráfico de pessoas, promoção à prostituição e extorsão terem caído sobre os seus ombros.
A mãe de Letícia, Elenize Maia Alvarenga, de 50 anos, confirmou que a filha já voltou para casa. Eles vivem em Perdões, Minas Gerais. A jovem foi levada a uma viagem de fim de ano pelos pais e irmãos, que tentam se reconectar com ela.
O advogado da família, Luiz Henrique Santana, afirma que a jovem é uma das vítimas de Kat Torres, fato que ainda é apurado.
Desde que parentes e amigos se mobilizaram para encontrar Letícia e expor as condições suspeitas às quais ela vinha sendo mantida há meses nos Estados Unidos, a jovem apareceu por diversas vezes em vídeos polêmicos nas redes sociais em que, eles acreditam, era manipulada por Kat Torres. A guru referia-se a ela como uma espécie de funcionária ou secretária da seita. Surgia ali a dúvida: ela e Desirrê seriam vítimas ou cúmplices de Katiuscia?
Na ocasião, Letícia, a falsa guru e Desirrê fizeram ataques até à top model brasileira Yasmin Brunet, que ao saber sobre o caso, tentou intervir e ajudar as garotas. As insinuações foram graves: chegaram a afirmar que Brunet promovia tráfico de pessoas e encenaram numa rede social que ela as mantinha em cativeiro – justamente crimes pelos quais Katiuscia Torres hoje responde e é investigada pela Polícia Federal. A modelo foi à delegacia em São Paulo, que abriu inquérito. As três já respondem na Justiça paulista por calúnia, difamação e ameaças. Torres admitiu que mentiu para se vingar.
Letícia agiu de forma parecida, também, em vídeo direcionado à família que, preocupada, se mobilizava para encontrá-la e repatriá-la. Em declaração forte e que mais chamou atenção de seguidores que acompanhavam o caso, a jovem afirmou categoricamente que saiu de casa porque sofria abusos sexuais por parte do pai desde a infância. Ele, o bancário Cleider Alvarenga Lopes, de 55 anos, negou imediatamente, assim como a esposa e as outras filhas, e mais uma vez afirmaram que ela estaria sendo forçada a dar essas declarações. Após a volta ao Brasil, há indícios de que ela já tenha voltado atrás da acusação.
Letícia Maia já prestou depoimento no âmbito do inquérito que investiga Kat Torres por submeter pessoas a condições análogas à escravidão.
Kat Torres assumidamente consumia chá de Ayahuasca, semelhante ao usado nos rituais de Santo Daime, e compartilhava com os seguidores de sua seita. A droga fermentada é altamente alucinógena e causa efeitos que podem durar até 10 horas. Os parentes acreditam que a bruxa utilizava dessa substância para manter as vítimas confusas e sob seu poder.
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