Projetos de lei querem dificultar acesso de indocumentados em hospitais e “barrar” estudantes no ensino superior

Na semana passada, o governador da Flórida, Ron DeSantis, anunciou um plano para eliminar as isenções de taxas escolares para estudantes indocumentados. A proposta reverteria uma política implementada há quase uma década que tornou o ensino superior uma realidade para milhares de pessoas que vivem ilegalmente nos Estados Unidos.

O projeto de lei permitia que estudantes indocumentados que frequentavam escolas públicas de ensino médio na Flórida continuassem seus estudos superiores enquanto pagavam as mensalidades do estado.

Dados do portal Higher Ed Immigration mostram que há 40.000 estudantes indocumentados no ensino superior em todo o estado. A proposta do governador significaria que alguns desses alunos teria as suas mensalidades mais do que dobradas.
DeSantis disse que é preciso combater a inflação, que segundo ele está levando as faculdades a aumentar os custos. “Se você quiser manter a sua matrícula, precisa ser um cidadão americano que mora na Flórida. Por que subsidiaríamos estudantes que não são americanos se temos a obrigação de apoiar o nosso próprio povo?”, questionou DeSantis.

Os defensores consideram a medida desumana e dizem que só pioraria a escassez de profissionais em áreas como enfermagem e ensino. “Isso é uma questão de direitos humanos”, disse Felipe Sousa Lazaballet, diretor executivo do Hope Community Center.

Esta proposta do governador vem um dia depois que o senador da Flórida, Blaise Ingoglia, apresentou um projeto de lei destinado a reprimir a imigração ilegal.

O projeto de lei proibiria os governos locais de emitir identidades comunitárias para pessoas indocumentadas, aumentaria as penalidades para qualquer empresa que contratasse alguém indocumentado e exigiria que alguns hospitais coletassem dados de status de imigrante. “Isso significa que pessoas indocumentadas morrerão em suas casas. Eles não vão para o hospital. Eles terão muito medo de serem deportadas”, disse Sousa.

Ingoglia e DeSantis disseram que muitas dessas propostas visam resolver uma crise de fronteira que, segundo eles, está se espalhando pela Flórida. “Se você remover a tentação do emprego, eles não vão querer vir ilegalmente para o estado da Flórida”, disse DeSantis.

Mas Sousa disse que as propostas poderiam contribuir para o perfilamento racial e teriam um impacto negativo nos cuidados de saúde dos imigrantes, além de prejudicar as empresas locais. “Mais de 40% dos trabalhadores agrícolas não têm documentos”, disse ele. “Em uma comunidade como a Flórida Central, que é tão dependente do agronegócio, hospitalidade e restaurantes, grande parte da força de trabalho não poderá trabalhar”, afirmou.

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