Publicado em 7/04/2023 as 4:00pm
9ª CONFERÊNCIA DO BRASIL NA HARVARD 2023
“São dois dias que renovo a minha esperança no país. É desafiador e recompensador saber que o Brasil é maior do que os seus problemas” (Gabriel Voelcker).
Essa foi a nona Conferência do Brasil na Harvard. Os dias 31 de março e 1º de abril foram intensos para a comunidade acadêmica brasileira. O evento teve a abertura e um dia de atividades em um dos maiores centros tecnológicos do Mundo, Instituto de Tecnologia de Massachusetts- MIT, e um dia de conferência e a cerimônia de encerramento na Universidade mais famosa do mundo, Universidade de Harvard.
Foram nesses dois templos do conhecimento que o Brasil se encontrou com as melhores cabeças e grandiosos corações para pensar o Brasil. Subiram ao palco grandes nomes que pensam o Brasil a partir de distintas perspectivas: Política, educacional, econômica, tecnológica e sociológica. Estudantes das cinco regiões e de distintos segmentos estavam representados: brancos, pretos, indígenas, LGBTQI+. O Brasil na Harvard representando a sua diversidade.
“O que fizemos de diferente esse ano é que tentamos trazer uma pluralidade de opiniões e mentes diferentes, nós não nos preocupamos em trazer grandes nomes, mas pessoas que são influentes e que tem história para contar, para a gente poder mediar este diálogo entre o Brasil e os Estados Unidos, para dar o máximo de informação e crescer juntos”. Explica Julia Santos Nothaft, co-presidente da conferência.
“Nosso objetivo é fazer uma ponte para que nós brasileiros que estamos aqui, possamos contribuir com o nosso país que a gente tem tanto carinho e afeto. Muitos de nós vamos voltar para lá, depois dos nossos estudos. É uma maneira de contribuir para um Brasil melhor, mesmo a distância”. Declara Gabriel Voelcker, aluno de doutorado de Business e Economia, no MIT, co-presidente da conferência.
Gabrielle Oliveira é professora e pesquisadora na Harvard e fala sobre a relevância desta conferência: “A importância desta conferência, primeiro porque ela é organizada por estudantes. Eles estão de olho no futuro, no que vai ser importante que nós vamos seguir falando pelos próximos 20 a 30 anos. Essa conferência tem uma visão que olha para a frente”.
A conferência de abertura fora proferida pelo renomado publicitário Nizan Guanaes, seu discurso perpassou por questões sérias, mas temperada com o bom humor inerente ao povo baiano. Ele disse que aquela conferência seria um pretexto para falar em público com o seu filho Antônio para regressar para casa. Essa foi uma boa estratégia publicitária para chamar os vários “Antônios” que estão espalhados pelo mundo, para regressarem ao Brasil. O Brasil investe na formação intelectual de muitos estudantes, os quais por várias razões deixam o país ao longo dos anos. “Antônio, volta para o Brasil” ! Esse foi o gentil apelo do publicitário.
Nos painéis de abertura da conferência teve a presença do jovem empresário Pedro Franceshi, fundador e Co-CEO da Brex. Um dos painéis mais esperados contou com a presença do apresentador de TV Luciano Huck, da empresária Marcela Ceribelli, e Tábata Amaral, deputada federal pelo Estado de São Paulo.
Luciano Huck contou a emocionante história do jovem Douglas, um garoto favelado que perdeu os pais para o mundo do crime. Douglas disse ao Luciano que desejaria participar de mais formaturas e menos velórios. Ao terminar de contar essa história, Luciano apontou para a plateia e disse que estava muito feliz em ver aquele garoto ali, sentado na primeira fileira do auditório do MIT, trajado de terno porque veio aos Estados Unidos contar a sua história e apresentar o seu projeto social. Nesse momento, todo o auditório se levantou e o aplaudiu de pé.
HackBrazil
Um dos momentos mais esperados pelos jovens estudantes é a premiação HackBrazil, uma mostra competitiva de startups que tem o objetivo de solucionar grandes problemas brasileiros por meio de ideias inovadoras e empreendedoras. A equipe vencedora ganha um prêmio de R$75 mil reais e apoio para acelerar a startup, montar protótipos e conectar pessoas para que soluções concretas possam resolver os problemas apresentados.
“A gente seleciona 30 equipes e coloca em contato com alunos da Harvard e MIT, que fazem mentorias para eles durante três meses. De um lado, alunos jovens que estão começando e de outro, estudantes mais experientes. 30 equipes recebem mentorias, e cinco são selecionadas para competirem pro prêmio final, todas com a pegada de empreendimento social”. Explica Gabriel Voelcker, um dos responsáveis pelo setor de extensão da conferência.
Esse ano apresentaram as seguintes empresas na Hack: Navegam, Orby.Co, Palver, Toti e Unit. Todos os projetos de alta relevância social. A vencedora do prêmio foi a equipe da Orby, coordenada por Duda Franklin, neurocientista e Engenheira Biomédica, com mestrado em Neuroengenharia e Ciência Tecnologia e Inovação: CEO da Orby. Projeto voltado para a reabilitação funcional. “É um aparelho auditivo embarcado como inteligência artificial, aplicado para jovens que têm perda auditiva. O intuito do equipamento é que a gente faça um tratamento de ruído de forma efetiva com melhor clareza de som. Com esse aparelho eles podem fazer um ajuste de parâmetros sonoros, além disso, tem a opção de personalização. Em um mundo cheio de estigmas, onde eles sentem vergonha de usar o aparelho, a gente traz a bandeira oposta. A gente apresenta essa pegada de modernidade, com um designer inovador, mais moderno, que ele possa personalizar e combinar com o estilo dele e que ele possa tirar a melhor experiência do mundo”.
Aldren Martins é componente da equipe e fala com entusiasmo sobre a sua experiência. Engenheiro Biomédico pela UFRN. “No mundo da startup o crescimento é muito rápido, e a gente chegar onde chegou é incrível, porque além da premiação, o fato de ganhar esta visibilidade, de estar em momentos como esse de levar a Orby, ou seja, a tecnologia que a gente desenvolve no nordeste para o Brasil todo, isso pra mim é incrível e está valendo muito a pena. É um projeto internacional”.
Kalyna Gomes é Formada em Multimídia e Designer da Orby: “Tem sido uma experiência incrível, participar da Brazil Conference, sair daqui vitorioso tem sido a coroação de tudo que a gente já vem conquistando. Não temos deficiência auditiva, mas o ponto mais importante, é que a gente não está vendendo um produto, estamos vendendo qualidade de vida. A gente levanta essa bandeira. Essa deve ser uma discussão ampla na sociedade, para que as pessoas possam parar de esconder a sua deficiência, a gente deseja genuinamente que as pessoas sejam quem elas querem ser”.
Com sorriso largo no rosto, Duda Franklin fala otimista: “Ser premiados na Hack é uma vitória imensa. Somos uma equipe jovem, feita por jovens, um prêmio desse porte vai abrir muitas portas pra gente, e a melhor parte é que vai fazer a gente desenvolver ainda mais o nosso produto”.
O valor do prêmio será utilizado para investir na consolidação tecnológica, para que a empresa possa desenvolver ainda mais.
EMBAIXADORES
O painel composto pelos embaixadores foi moderado pelo jornalista Chico Felitti. Os projetos desenvolvidos pelas brilhantes mentes brasileiras surgem a partir da necessidade básica da realidade do Brasil, desde a luta contra a fome física à pobreza intelectual, projetos políticos para a geração de emprego e renda. São eles os embaixadores: Larissa Miranda Pinheiro, é uma advogada que apresenta o projeto de apoio às mulheres em situação de vulnerabilidade; Maickson dos Santos Serrão, ele e indigena e professor, com o projeto “O Pavulagem” que resgata a história oral dos povos indígenas no estado do Pará. Rannya Oliveira Aquino de Freitas, a vereadora mais jovem do Brasil, com a “Frente jovem parlamentar”.
Lourani Baas, CEO da “Liga Transforma”, trabalha com moda regenerativa e sustentável, com impacto socioambiental no protagonismo feminino. Betty Mae Agi, presidente da ONG “Compaixão internacional” projeto para calçar milhares de crianças, no Brasil, na África e no mundo. Ana Carolina de Souza Aranha, oferece “consultoria para ajudar jovens a estudar e entrar na universidade”. Douglas Pinheiro de Oliveira, desenvolveu o projeto “Primeira chance” em São Gonçalo, RJ, com aulas de teatro, balé, violino, futebol e reforço escolar. Raquel Virgínia é uma mulher trans, cantora, compositora, empresária e professora, CEO da consultoria Nhaí. Uma agência que presta consultoria e cria projetos de diversidade para empresas. Eduardo Augusto Mansano Manso, advogado que desenvolveu o projeto: “Direito nas comunidades de povos indígenas”. Hudson Eduardo da Silva Terra, projeto desintoxicação, um projeto que combina a despoluição de águas com hortas comunitárias.
Cada painel da conferência é muito bem pensado, esse espaço dos embaixadores é especial porque os presentes passam por um rigoroso critério de seleção, já que o número de inscritos é muito expressivo. Essa é uma resposta à pergunta: Qual a minha contribuição para mudar o mundo? As respostas são dadas de forma concreta, por meio dos projetos de intervenção dos embaixadores. Eles mostram com muita delicadeza o que estão fazendo.
G10 FAVELA NA HARVARD
Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas, há três anos participa da Brazil Conference. Desta vez ele veio acompanhado de uma comitiva com 18 empreendedores, sendo a maior delegação de empreendedores negros e moradores de favela que veio para a Brazil Conference. A convite da Harvard, para além da conferência, fizeram uma palestra sobre o potencial das favelas do Brasil, trazendo um olhar econômico de soluções. A conferência contribui de forma significativa para a construção de networking e continuidade nos projetos.
O G10 veio com um projeto ousado de construir um banco brasileiro para imigrantes nos Estados Unidos, e abrir uma loja de produtos culturais brasileiros. De Boston, foram direto para Nova York badalar o sino da bolsa de valores. É a favela mostrando os seus valores que a mídia por séculos tentou esconder.
Gilson Rodrigues explica o que é o G10: "É um bloco de líderes e empreendedores sociais das maiores favelas do Brasil, que juntas decidimos criar um novo olhar sobre a favela, ao invés de uma favela marginal, carente, violenta como a gente é enxergado. O nosso olhar é sobre uma favela potente e organizada economicamente e que se inspira no G7 e G20 dos países ricos, para serem as favelas ricas, o G10 Favelas.
Essas favelas descobriram que, apesar de estar em bolsões de pobreza, essa pobreza acumulada representa alguns bilhões de reais. O potencial de consumo dessas 10 maiores favelas do Brasil é de 7. 9 bilhões de reais. As favelas do Brasil onde vivem 18 milhões de brasileiros movimentam 200 bilhões de reais, é a constatação de que a gente consome água, compra sapatos, compra roupas, come todos os dias, a gente consome e movimenta a economia no Brasil, no entanto, parece que sofremos uma espécie de embargo econômico, porque os aplicativos de entregas não chegam às favelas, o E-commerce não entrega. Os serviços básicos ou as empresas não conseguem dialogar com as favelas. Explica Gilson.
Outra pessoa que fala com entusiasmo sobre o G10 é Jaqueline Amorim, CEO do G10 Bank: “G10 favelas tem várias iniciativas, dentre elas, o G10 Bank. É um banco desenvolvido para as pessoas da comunidade, como se fosse um BNDES das favelas, pensando em ajudar as pessoas a bancarizar, a comprar o carro, a moto, a ter acesso às coisas que o banco não dá, microcrédito, consórcio e seguro. Um software mais claro e seguro, é um banco FITEC, que tem parcerias. Tem uma agência dentro da favela, nessa agência as pessoas podem ir e tirar as dúvidas. Existe um score de crédito que está muito além do CPF. Existe o presidente de rua que se tornou um analista de crédito. Ele sabe mais do que ninguém quem mais precisa. Também existe um sistema de educação financeira para a pessoa”.
Francisca Rodrigues é diretora do grupo “Cria Brasil”, um grupo de comunicação voltado para territórios de favela. “O que a gente faz é construir narrativas em que a favela possa se destacar de forma positiva. Normalmente as narrativas sobre as comunidades brasileiras são mais focadas na violência que a mídia tradicional é pautada. A gente faz o trabalho junto ao G10, buscando cada vez mais levar as narrativas desses lugares periféricos onde o G10 atua”.
A universidade por excelência é um lugar de inovação, é um espaço para a construção e legitimação do conhecimento. A Brazil Conference na Harvard, coloca os distintos saberes em diálogo propondo um encontro profícuo da teoria com a prática.
Julia Santos Nothaft, estudante da Tufts University, celebra o sucesso da 9ª Conferência. Faz um agradecimento a todas as pessoas que tornaram esse evento possível, todos os voluntários das mais distintas universidades da região de Boston. E garante que no próximo ano a 10ª edição será muito especial.
Em suas palavras finais Gabriel Voelcker, ressalta que o evento só foi possível devido ao trabalho de um time composto por mais de 100 estudantes das diversas universidades da região de Boston, um grupo composto por mais de 15 universidades. Um time de extraordinária competência que conseguiu realizar este grande evento.
A Brazil Conference realizou uma série de painéis com debates incríveis os quais você pode assistir no canal do Youtube, no link que segue abaixo.
(135) Brazil Conference - YouTube
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Fonte: Eliana Marcolino