Saúde Mental - A Diferença Entre Ataque de Pânico e Ataque de Ansiedade

O coração começa a acelerar junto com a respiração. Um mal estar inexplicável se mistura ao medo de que algo de muito grave esteja para acontecer. O que fazer quando pensamentos e sensações negativas passam a tomar conta da mente e a única coisa a fazer é pedir socorro?

Somente quem sofre ou já sofreu com a sensação de estar perdendo o controle sabe o que é não só lidar com a aflição de enfrentar tais sintomas mas também com o preconceito e falta de informação da grande maioria das pessoas.

Ninguém está livre de passar por momentos extremamente difíceis, principalmente quando determinadas situações acabam provocando o afastamento do convívio social e até do trabalho.  Mas infelizmente a grande maioria de nós mulheres só procuramos ajuda de um especialista depois de meses, às vezes anos de sofrimento.

Sem saber o que fazer e até mesmo como identificar quando um ataque de pânico ou de ansiedade está acontecendo, muitas mulheres acabam sofrendo caladas gerando assim o agravamento dos sintomas e adiando a possibilidade de tratamento e cura para esse mal.

Gostaria de aproveitar para compartilhar o que me motivou a levar esse tema para você, querida leitora da coluna Saúde da Mulher. Sou alguém que possui o hábito de dormir relativamente cedo pois eu amo acordar bem cedo.  Na semana passada quando verifiquei em meu celular uma mensagem recebida na noite anterior estranhei o horário avançado do recebimento da mesma. Estranhei também que a pessoa havia enviado uma mensagem perguntando se poderia me ligar. Mesmo sabendo que ainda era muito cedo para ligar, respondi me desculpando por não ter visualizado a mensagem da noite anterior. 

Horas depois, na verdade, quase 12 horas depois a mesma pessoa me enviou uma nova mensagem dizendo que não sabia como havia atravessado a noite anterior. Essa nova mensagem me causou ainda mais estranheza tendo em vista que não temos intimidade. Somente após algumas trocas de mensagens é que entendi que se tratava de uma crise de pânico e que aquele foi um pedido de ajuda.

Realmente eu lamentei não poder ter ajudado essa amiga durante uma situação difícil. A única coisa que poderia fazer nesse caso foi orientar que da próxima vez que acontecer uma necessidade urgente, que ligasse ao invés de enviar uma mensagem.

Mas o que fazer quando estiver enfrentando sintomas parecidos com um ataque de pânico ou ansiedade e como diferenciar os dois tipos de crise que afetam tantas pessoas?

Gostaria de deixar claro que por mais que eu ame o estudo da mente humana, o objetivo não é levar um diagnóstico ou sugestão de tratamento para ansiedade, mas sim levar uma reflexão sobre o tema de maneira a ajudar a entender melhor e encorajar a procura por ajuda na hora e no lugar certo.

A diferença entre crise de ansiedade e ataque de pânico.

Segundo o manual de saúde mental da Associação Americana de Psiquiatria (APA), o ataque de pânico é considerado uma doença mental que precisa ser atendida e diagnosticada por especialistas certificados de saúde mental. Ataques de pânico atingem 1 em cada 75 pessoas enquanto crise de ansiedade não é reconhecida pela APA como uma doença mental. 

Apesar das semelhanças entre a crise de ansiedade e ataque de pânico serem muitas, algumas características diferem uma da outra, porém ambas devem ser tratadas com a mesma seriedade pois somente um psicólogo ou psiquiatra pode determinar o que realmente está acontecendo com cada indivíduo.

O ataque de pânico ocorre de forma repentina onde durante um momento em que de forma inesperada o corpo começa a manifestar os seguintes sintomas: aceleração dos batimentos cardíacos, palpitação, suor excessivo, falta de ar, dor ou desconforto no peito, sensação de sufocamento, náusea e dor abdominal, tontura, dormência nos dedos, sensação de estar perdendo os sentidos e perda de controle das emoções, medo de morrer.

Vários motivos podem provocar ataques de pânicos como traumas, estresse, certos tipos de medicamentos, depressão, medo de uma situação ou local específico. Infelizmente, se não tratado ainda no início das primeiras crises a tendência é o aumento da frequência das crises, além do agravamento dos sintomas.

Segundo APA, as primeiras experiências de ataque de pânico ocorrem ainda na fase da adolescência e pode atingir qualquer pessoa, porém mulheres estão mais sujeitas a desenvolverem ataques de pânico do que homens. Acredita-se que os hormônios são os principais responsáveis pelo número de mulheres com transtornos e doenças mentais, além de que nós normalmente encaramos as emoções de forma diferente quando comparamos com os homens.

Mas fatores genéticos e ambientais também influenciam a saúde mental e por isso a necessidade de fazer uma auto análise não só dos hábitos e estilo de vida mas também do histórico familiar.  Algo que dificulta também o sucesso de um tratamento adequado é a falta de conhecimento sobre o assunto que acaba levando muitas pessoas buscarem ajuda com vários especialistas antes de encontrarem o diagnóstico correto. Pesquisas apontam que em média uma pessoa passa por cerca de 10 médicos antes de encontrar o diagnóstico e tratamento para o ataque de pânico.

Para cada caso, é importante entender que é necessário não só a boa vontade de toda equipe, mas também a determinação da paciente e apoio da família e amigos.

Se você está sofrendo com alguns ou vários dos sintomas citados acima, ou conhece alguém que está passando por essa dificuldade, procure e ofereça ajuda. Fale com o seu clínico geral, ou em qualquer consulta com ginecologista ou outros especialistas. Diga claramente que precisa de ajuda e não continue sofrendo sozinha pois você pode e merece viver muito melhor.

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