HOME IS HERE: Novo álbum de brasileiro celebra o trabalho de músicos imigrantes no jazz

Em 2019, Felipe Salles deu os últimos retoques em um projeto ambicioso: uma extensa composição que mesclava jazz, música latino-americana e elementos clássicos, tudo a partir de entrevistas que fez com imigrantes mais jovens sobre como foi crescer nos Estados Unidos.

O álbum e as apresentações ao vivo baseadas neste projeto chamado “The New Immigrant Experience”, tiveram profunda relevância pessoal para o ele, um saxofonista e compositor nascido no Brasil, mas que se mudou para os Estados Unidos quando tinha 20 anos de idade.

Hoje ele mora em Northampton e leciona no programa de jazz da Universidade de Massachusetts em Amherst.

Recentemente, Salles completou um projeto de continuação construído em linhas temáticas um tanto semelhantes. Seu novo álbum, “Home is Here” pela Tapestry Records, celebra as contribuições que alguns de seus colegas imigrantes da comunidade do jazz fizeram para o caldeirão musical da América.

Regendo a big band de 19 membros que lidera, The Felipe Salles Interconnections Ensemble, o brasileiro criou oito novas composições estendidas, cada uma delas escrita e inspirada por um músico convidado específico, que então executa um solo nessa peça.

O novo álbum, que dura pouco menos de 73 minutos, seguiu as entrevistas feitas através da plataforma Zoom que Salles realizou com os oito solistas, a maioria dos quais agora mora na cidade de New York. Durante as palestras, ele perguntou sobre a formação, experiência de vir para os Estados Unidos e as carreiras musicais de cada entrevistado.

Entre os intérpretes estão alguns nomes históricos, como Paquito D'Rivera, saxofonista e clarinetista cubano-americano vencedor do Grammy, e Jacques Schwarz-Bart, aclamado saxofonista caribenho-francês. “Há um pouco de interesse antropológico e curiosidade que eu trouxe para essas entrevistas”, disse Salles. “Eu também queria saber como eles viam sua própria identidade artística”, explicou.

Ele e seu conjunto estrearão a música no sábado, 17 de junho, às 7:00 p.m., no Bombyx Centre for Arts & Equity, em Florence (MA). O grupo também tocará as novas composições no dia 22 de junho, no The National Sawdust no Brooklyn, em NY.

O brasileiro tinha dito que não pretendia assumir outro projeto musical especificamente ligado à imigração depois de concluir o “The New Immigrant Experience”, que havia sido um esforço de trabalho intensivo financiado em grande parte por sua conquista de uma bolsa Guggenheim.

Salles baseou esse trabalho nas experiências de vários “Dreamers”: jovens imigrantes que obtiveram status legal no país depois de serem trazidos quando crianças e criados por pais indocumentados.

“Depois que terminei, fiquei pensando: 'O que posso fazer a seguir?'”, disse Salles. “Qual seria outra forma de homenagear a comunidade do jazz? Eu não tinha muita certeza”, continuou.

Na verdade, porém, Salles já havia criado uma espécie de modelo com um álbum anterior que ele produziu com seu Interconnections Ensemble, “The Lullaby Project”, uma gravação de 2018 que refletia sua própria jornada de vida, com arranjos de canções de ninar tradicionais do Brasil.

D'Rivera, que ele conhecia, entrou em contato depois de "The Lullaby Project", dizendo que tinha adorado o álbum e estaria interessado em trabalhar com ele no futuro.

Lembrando disso, e considerando outros músicos imigrantes que ele conhecia e com quem já havia trabalhado, Salles pensou em um novo projeto que proporcionaria uma ampla vitrine para sua música - e que poderia servir como o último de um trio de álbuns relacionados tematicamente.

“É engraçado, porque costumo fazer outros projetos como uma série de três”, disse ele. “Mas não foi assim que planejei. Simplesmente aconteceu”, disse.

Para saber mais sobre Felipe Salles acesse o site www.sallesjazz.com

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