Publicado em 16/08/2023 as 12:00pm
Filha de 9 anos testemunha em julgamento do paraense que mantou sua mãe com mais de 30 facadas na Pensilvânia
A menina disse que considerava o acusado como padrasto ou tio, mas que ele tinha uma relação “tóxica” com a mãe dela.
Em abril de 2021, o jornal Brazilian Times divulgou que o principal suspeito do homicídio da maranhense Débora Evangelista Brandão na Pensilvânia era o seu namorado, Danilo Sousa Cavalcante. O crime ocorreu no dia 18 do mesmo mês, em Schuylkill, e Danilo foi preso no estado da Virgínia cerca de duas horas após o assassinato.
Nesta segunda-feira, dia 14, a filha de Débora, que tem apenas 9 anos de idade, compareceu a uma audiência no Tribunal de West Chester e relatou ao júri como ocorreu o assassinato de sua mãe, morta com mais de 30 facadas. De acordo com a menina, ela e seu irmão estavam brincando do lado de fora de sua casa quando o ex-namorado de sua mãe chegou em um carro preto. “Os dois começaram a ter uma “enorme” discussão quando de repente ele (acusado) puxou o cabelo da minha mãe e ela caiu no chão. Ele ficou de pé sobre ela e puxou duas facas do nada”, testemunhou a garota.
A menina disse que considerava o acusado como padrasto ou tio, mas que ele tinha uma relação “tóxica” com a vítima.
“O que ele fez a seguir?”, perguntou o Promotor Deb Ryan. “Ele a esfaqueou bem no peito ou barriga. Então, ela gritou, socorro ou algo assim”, respondeu a menina.
A menina e seu irmão eram as únicas pessoas fora de casa quando Cavalcante esfaqueou a mulher, a apenas 6 metros de onde ela estava andando de bicicleta momentos antes.
A garota disse que conseguiu correr para dentro de casa e subiu as escadas até um apartamento de casal com quem a família fez amizade depois de se mudar para a casa.
“Ouvi batidas e batidas na minha porta da frente”, disse a vizinha Renee Thomas ao júri composto por sete homens e cinco mulheres durante a audiência na segunda-feira. “A garota correu para dentro e começou a gritar: ‘Me ajude! Me ajude! Me ajude!’”, continuou.
A vizinha disse que a menina implorou dizendo “ele vai matar minha mãe!”.
Imediatamente a mulher ligou para o 911, mas quando os policiais chegaram já era tarde demais. A brasileira morreu com até 37 facadas no peito, abdômen, ombros, boca e garganta.
De acordo com testemunhas, ela queria se se livrar do relacionamento com Cavalcante, mas ele não aceitava.
Depois de ser agredida por ele em ocasiões anteriores, ela descobriu que ele era procurado pela polícia em seu país natal, por assassinato e tentou aproveitar essa informação para mantê-lo sob controle - prometendo ir à polícia se ele tentasse machucá-la novamente.
Cavalcante, 34, está detido sem direito a fiança na Prisão do Condado de Chester. Ele confessou o assassinato, mas contesta que tenha planejado o crime.
Cavalcante enfrenta julgamento por homicídio em primeiro e terceiro grau e posse de arma para cometer um crime. Se condenado por assassinato em primeiro grau, ele enfrenta uma sentença obrigatória de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
O QUE DIZ A POLÍCIA
A polícia de Schuylkill Township foi despachada uma ocorrência, na Pawling Road, a princípio para controlar um distúrbio doméstico, no dia 18 der abril de 2021, por volta das 4:15 pm.
Ao chegarem, os policiais encontraram Débora do lado de fora de casa com várias facadas no peito. O corpo estava na calçada, perto de um estacionamento ao lado da casa.
A brasileira morava com os filhos no primeiro andar, tendo se mudado para lá no inverno de 2021. O policial viu outro vizinho, Michael Kweder, tentando reanimá-la, mas sem sucesso.
"Ela estava coberta de sangue", disse o polícia Chris Aquilante. “Um corpo sem vida no chão. Sem pulso, sem movimento, nada exceto sangue por toda parte”, acrescentou.
“Eu vi ele esfaqueá-la”, disse a filha de Débora, que foi a primeira testemunha a ser chamada na sessão de segunda-feira.
Vestida com um suéter lilás e usando um rabo de cavalo, ela teve que ser lembrada várias vezes para responder verbalmente em vez de balançar a cabeça. Mas mesmo não se lembrando de todos os detalhes do que aconteceu naquele dia, a menina foi rápida em responder quando Ryan perguntou o que Cavalcante havia feito com sua mãe. “Eu o vi esfaqueá-la”, disse ela.
Em suas aberturas, os advogados de acusação e defesa fizeram alegações conflitantes sobre se o esfaqueamento foi premeditado, o que dependeria se Cavalcante é considerado culpado de homicídio de primeiro grau ou homicídio de menor grau.
O Promotor Adjunto Zachary Yurick, que está processando o caso com Ryan e a Promotora Adjunta Monica Szyszkiewicz, disse que antes do crime, Cavalcante estava em seu apartamento cortando carne com a faca que usou no esfaqueamento e a levou consigo quando saiu dizendo a um amigo: “Já volto.”
A intenção de Cavalcante, segundo Yurick, era impedir Débora de dizer às autoridades que ele tinha um mandado de prisão ativo por acusações criminais no Brasil.
Ela disse aos membros da família dele que sabia do mandado e usaria as informações contra ele se tentasse abusar dela no futuro.
O julgamento deve durar até quinta-feira, dia 17.