Publicado em 15/09/2023 as 10:00pm
DHS libera 177.000 imigrantes detidos na fronteira para endereços falsos
Imagem ilustrativa A fiscalização do Departamento de Segurança Interna dos Estados...
A fiscalização do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, sigla em inglês) revelou que funcionários na fronteira sul muitas vezes falharam em obter informações precisas sobre os endereços de dezenas de milhares de migrantes liberados no país. A descoberta aponta que pelo menos 177.000 migrantes foram soltos nos Estados Unidos após fornecerem endereços inválidos, ilegítimos ou simplesmente não fornecerem nenhum endereço aos agentes da Patrulha de Fronteira.
De acordo com a auditoria realizada pelo Escritório do Inspetor-Geral do DHS, tanto a Patrulha de Fronteira quanto o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega nem sempre registravam os endereços dos migrantes após a liberação. Esses endereços são essenciais para rastrear e localizar os migrantes após sua liberação, enviar documentação e determinar quais escritórios devem acompanhar seu caso. Além disso, esses endereços são fundamentais para localizar aqueles que estão sujeitos a ordens de deportação.
A auditoria examinou 981.671 registros de migrantes entre março de 2021 e agosto de 2022, um período que marcou o primeiro ano e meio da crise migratória que ainda persiste. O resultado foi alarmante, com mais de 177.000 registros apresentando problemas, seja por estarem ausentes, serem inválidos ou simplesmente não legítimos. Surpreendentemente, mais de 54.000 registros de endereço estavam em branco.
A auditoria apontou que essa falta de precisão na coleta de endereços deveu-se, em parte, ao grande número de migrantes detidos e à coordenação limitada entre a Patrulha de Fronteira e o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega), bem como à autoridade limitada para garantir a conformidade com os requisitos de endereço.
Durante o período analisado, a Patrulha de Fronteira liberou mais de 430.000 migrantes com notificações para comparecer ao tribunal, 95.000 com base em decisões de discricionariedade processual e mais de 318.000 sob licença humanitária. Em média, a agência liberava mais de 60.000 migrantes por mês.
Outras descobertas preocupantes incluíram a identificação de 97.000 endereços de apartamentos sem números de unidades e 780 endereços usados mais de 20 vezes. Além disso, sete endereços foram registrados mais de 500 vezes, alguns deles sendo agências federais ou organizações de caridade, que, embora notadas pela Patrulha de Fronteira, servem apenas como residências temporárias.
A auditoria enfatizou a importância crítica de ter endereços válidos após a liberação dos migrantes, pois a alta porcentagem de endereços ausentes, inválidos ou duplicados torna difícil para o DHS localizar esses indivíduos após sua chegada aos Estados Unidos.
A situação parece piorar nas áreas com o maior influxo de migrantes, onde os erros foram mais frequentes. O relatório também destacou a falta de coordenação entre a Patrulha de Fronteira e o ICE, bem como a falta de autoridade para verificar endereços.
Em relação aos migrantes que deveriam se apresentar ao ICE, a auditoria revelou que 52% daqueles que tinham um traço no campo de endereço não cumpriram a obrigação de se apresentar, com uma média de 28% de migrantes que não cumpriram essa exigência.
A auditoria fez várias recomendações, incluindo a coordenação de requisitos e processos, uma política do ICE para validar endereços, uma análise de dados de migrantes para identificar tendências e uma avaliação de recursos para os responsáveis pelos endereços.
No entanto, o DHS não concordou com nenhuma das recomendações e criticou o relatório, citando desafios de verificação de endereços que persistem há décadas.
Enquanto essas preocupações surgem, o número de migrantes continua aumentando na fronteira sul, com a Patrulha de Fronteira enfrentando desafios significativos. A agência está implementando novas medidas para rastrear migrantes com mais eficiência, incluindo um portal de imigração unificado, um formulário online de mudança de endereço e um processo especial para aqueles sem endereço válido.
No entanto, o DHS ressaltou a necessidade de uma reforma mais ampla do sistema de imigração, destacando que as leis atuais estão desatualizadas e que o Congresso precisa agir. Mesmo sob essas limitações, o DHS enfatizou seus esforços para examinar e verificar indivíduos que desejam entrar nos Estados Unidos em colaboração com parceiros de inteligência e contraterrorismo, visando impedir que qualquer pessoa que represente uma ameaça entre no país.