Publicado em 4/12/2023 as 2:22pm
CIDA ARRUDA UMA TRAJETÓRIA DE LUTAS, SUPERAÇÕES E CONQUISTAS
Por Eliana Marcolino “A chave do sucesso é: Não desista nunca, não importa qual é o seu desafio, o seu processo. No caminho, muitas vezes dá vontade de desistir. Persistência sempre!” Cida Arruda.
Cida Arruda é empresária, apresentadora, mentora e palestrante. Nasceu em uma pequena cidade do interior de Goiás chamada Itaguari. Seu berço é de uma família humilde, com 14 irmãos consanguíneos. Sua mãe era dona de casa e o pai agricultor. Ele vendeu a fazenda e foi morar na cidade para que os filhos estudassem. No início, começou a trabalhar com clubes onde contratava bandas musicais para fazer bailes. Logo, com o passar dos anos, lamentavelmente o vício em álcool o fez perder tudo que havia conquistado. Devido a isso, se mudaram de Goiás e foram para Tocantins.
Cida conheceu Cleber em Goiânia, com quem se casou. “Meu marido tinha uma loja de eletrônicos que ele buscava no Paraguai. Trabalhou como camelô por muito tempo e vendia esses produtos. A maioria dos cheques que recebia pelas vendas era devolvido, já que muitos eram sem fundo. Por isso, começou a perder tudo e acabou ficando desempregado durante um ano. Foi um período muito difícil para nós”.
Diante dos problemas financeiros, a saída foi emigrar para os EUA. A família tentou o visto, porém somente Cida e a filha conseguiram. Para o marido e o filho com menos de um ano o visto fora negado. Por isso decidiram que ele viajaria sozinho pelo México, ficaria um período trabalhando nos Estados Unidos e voltaria para o Brasil. “Tudo seria lindo, perfeito, mas a vida nem sempre é como a gente imagina”. Cida desabafa.
“O Cleber veio, mas com apenas seis meses que estava aqui me falou que não ficaria mais. Nesse período eu comecei a receber graves ameaças das pessoas que o meu marido estava devendo. Ele estava aqui e mandava dinheiro para eu pagar, mas não dava para acertar com todos de uma só vez. As pessoas não tinham paciência e por isso começaram a ameaçar-me e à minha filha também. Ele falou: ‘se você não vier eu vou voltar’. Por esse motivo decidi abandonar toda a minha vida e pedi demissão do trabalho. Na época era chefe do departamento financeiro de uma concessionária da Volkswagen. Um dia simplesmente fechei as portas da minha casa e viemos embora. Mandei a minha filha em uma excursão para a Flórida, e vim com meu baby pelo México. Eu tinha o visto, mas meu bebê não, por isso nunca usei o meu visto para entrar nos Estados Unidos”.
A travessia...
Foi em outubro de 1999 que esta jovem mãe embalou seu pequeno filho nos braços e se lançou para um futuro incerto. Com lágrimas nos olhos, Cida nos conta sua comovente história:
“Nós ficamos durante sete dias em um galpão no meio do deserto onde tinha um ferro velho. Éramos em 15 pessoas. Era o dia inteiro passando filme pornográfico nesse galpão. Os coiotes só viam isso, eu preferi dormir lá fora, dentro de um carro velho porque queria proteger o meu filho. Eu o colocava dentro da minha blusa para protegê-lo do frio. Uma das coisas que mais me marcou foi isso. Para essa travessia a gente veio em um carro grande, eu me deitei no chão. Fiquei deitada e as pessoas colocavam os pés sobre mim. E pra eu acalmar o bebê, tinha de amamentá-lo o tempo todo”.
Ao chegar aos EUA, Cida foi para a cidade de Marlborough, MA, onde estava o seu marido. No começo, um conhecido ofereceu a sala de sua casa para eles ficarem por um tempo determinado. Logo, se mudaram para Fall River, MA. Com muita dificuldade conseguiram alugar um apartamento, mas eles não tinham nada além de um colchão e um cobertor para toda a família. Já estava frio, e ainda não tinham gás dentro de casa porque era necessário telefonar para a companhia ligar o gás. Cida não falava inglês e seu marido saía muito cedo para trabalhar, e chegava tarde demais.
“Eu fui ao Walmart e comprei um fogãozinho desses de camping e aquecia a água para dar banho nas crianças. Nós adultos tomávamos banho na água gelada, isso durou uma semana até meu marido ter uma folga para resolver essas coisas”.
Nesse período Deus enviou um anjo para ajudar da Cida, uma senhora portuguesa chamada Dona Carmen. Elas se conheceram no supermercado por causa das crianças que começaram a brincar juntas. Se tornaram amigas e esta mulher pediu para Cida ser a babá da filha dela enquanto trabalhava e quando chegava do trabalho ajudava Cida a resolver as coisas burocráticas como, escola para a filha, plano de saúde etc. Além disso, ela se compadeceu com as precárias condições e fez uma campanha, onde arrecadou utensílios domésticos e móveis para a família da Cida.
“Eu comprava as coisas à medida do possível, para se ter uma ideia lavava roupa bem longe. Colocava as roupas em uma mala, na mesma que cheguei do Brasil, pegava o meu filho no braço e a minha filha ia andando comigo, nós caminhávamos a uma milha e meia. Eu descobri a forma de lavar a roupa observando os outros lavarem. Me sentei de frente pra máquina e fiquei olhando como as pessoas faziam, porque eu não sabia nem perguntar”.
Aqui a gente chega mudo, surdo e bobo. A gente não sabe ler, não sabe escrever e não sabe falar o idioma.
Os dias foram passando e chegou um momento em que Cida precisava trabalhar porque somente o salário do marido não era suficiente para cobrir as despesas da família. Ele conseguiu um trabalho de ajudante de limpeza para ela, com uma pessoa em Framingham. Cida teve que deixar o filho aos cuidados de uma babá e a filha ia para a escola.
Todo dia ela pegava carona com o marido às cinco da manhã, e ia até a cidade de Natick, onde ficava dentro do carro esperando a patroa passar para pegá-la:
“Deus coloca anjos na vida da gente, mas também coloca pessoas difíceis para provar a nossa força e resiliência. Minha experiência com limpeza de casa foi terrível. Essa mulher tinha um grupo muito grande de pessoas que trabalhavam para ela. Na época não havia muitos brasileiros, quem tinha schedulle de casa, ou seja, companhia de limpeza, maltratava muito as funcionárias. Ela não deixava as ajudantes passarem mop, em português seria o esfregão; eram obrigadas a limpar o chão da casa todinho ajoelhadas. Ela falava que com o mop o serviço não ficava bem-feito. Assim que eu comecei a trabalhar fui limpar banheiros, quando terminei de limpar, perguntei se estava bom, mas na mesma hora ela jogou um produto de limpeza em pó e me mandou limpar tudo de novo e o chão só se podia fazer ajoelhada. Hoje eu olho para trás e fico a imaginar como aguentei tudo isso”.
Com o passar do tempo Cida começou a limpar casas para uma empresa em Acton. Ela nos conta que naquela época quando uma pessoa começava a trabalhar, geralmente era de graça por pelo menos 15 dias, na fase de treinamento. “Eu trabalhei de 15 a 20 dias de graça, depois consegui trabalho fixo nesta empresa.
Nessa época eu trabalhava tanto para receber 200 dólares por semana, mas meu sonho mesmo era ganhar 400 dólares. Nisso a minha irmã veio para cá. Consegui colocá-la nesta empresa comigo e nós só fazíamos limpeza de primeira vez, que é aquela limpeza grossa quando a construtora entrega a casa. Era só primeira limpeza para eu ganhar o tão sonhado 400 dólares. Porém, com o tempo, fiquei muito cansada e decidi sair da empresa.
Hoje Cida é uma empresária de sucesso, que começou no ramo da limpeza e se expandiu para o campo da comunicação. A empresária oferece trabalho para mais de dez funcionários: “Uma das coisas que eu jamais quis passar para as outras pessoas é a tal história: “Ah eu passei por isso então você também vai ter que passar”. Eu nunca pensei assim. Pelo contrário, o que passei, não desejo para ninguém”.
Canal Conectando Pessoas e o 1º Poder da Conexão
A internet é a responsável por uma mudança expressiva na vida de Cida Arruda. Ela confessa que até o início da pandemia não sabia utilizar as redes sociais. Hoje em dia é uma influencer com 58 mil seguidores no Instagram e 3.974 no TikTok.
“Com a chegada da pandemia aconteceu uma virada em minha vida. Tantas pessoas chegando do Brasil precisando de trabalho, mas não tinham nenhuma experiência porque a faxina aqui é diferente, já que aqui se limpa com produtos. Eu resolvi ajudar dando trabalho e ensinando essas pessoas a trabalharem. Infelizmente não tinha trabalho para todo mundo, mas tinha a experiência para ensinar a trabalhar. Com isso surgiu a ideia de criar um curso para iniciantes na limpeza. Ensino nesse curso sobre como usar os produtos”.
Cida Arruda criou o curso ‘Universo da Limpeza’ onde ensina o B-A-BA da faxina nos Estados Unidos, como usar os diferentes produtos e como utilizar o aspirador de pó, o famoso vacuum.
“Quanto ao curso, eu oferecia gratuitamente, dei 4 cursos. Fazíamos reuniões na igreja, levava todos os produtos e 4 modelos diferentes de Vacuum. Eu gravava esses cursos e postava no meu facebook. Nisso, a Lídia Ferreira do Brazilian Women 's Group me viu, me ligou e convidou para eu fazer parceria com o Grupo Mulher Brasileira, para eu oferecer um curso através deles. Deus coloca anjos em minha vida e a Lídia foi um desses anjos. A gente fez um trabalho maravilhoso juntas. Foi assim que a Cida entrou na Internet”.
Além disso, Luciana, que trabalhava com a Cida, a encorajou a fazer vídeos da faxina e postar na internet. O primeiro vídeo que ela gravou foi na casa dela mostrando como tirar a grade para limpar a janela. Assim começou a fazer vídeos e postar no TikTok. Hoje tem vídeos no TikTok que tem mais de 115 mil visualizações.
A primeira live foi com a irmã da Cida que entrou em sua equipe de trabalho, mas que sofreu discriminação por não ter experiência, a partir dessa realidade Cida convidou a irmã para fazer uma live e contar a realidade sobre como é chegar na América e não saber trabalhar.
Assim surgiu o ‘Canal Conectando Pessoas’. Com o tempo, Cida ampliou os temas sobre brasileiros que vivem no exterior. “Comecei a falar sobre história de brasileiros, desafios e superação”. Uma de suas entrevistadas foi a advogada de imigração Renata Castro e juntas tiveram a ideia de realizar um evento chamado “O 1º O poder da Conexão”. O evento foi um sucesso. Teve a participação de grandes nomes do Business e Networking nos Estados Unidos: a advogada Renata Castro, a rainha do networking e CEO da Associação de Mulheres Empreendedoras-AME, Lilian Mageski, o influencer Sam Lee - @Aqui Coisinha, Pastor Talles Araújo, a psicoterapeuta Damiane Lopes, a empresária Karita Karollynne, a biomédica Dani Lopez, a CEO da plataforma digital feminina e membro da Associação Brazilian Women’s Group, Lídia Ferreira e o escritor James Chittenden. Para este evento Cida contou com o monumental apoio da assessora de marketing e eventos Fernanda Ivo, que em apenas um mês planejaram e executaram o projeto.
Graças à sua relevante contribuição para a comunidade, a empreendedora Cida Arruda foi indicada a receber o prêmio como “Personalidades do Ano 2023” no XVIII Gala Ball & Dinner, realizado pela Brazilian Community Heritage Foundation, do jornal Brazilian Times. A empresária fala como está se sentindo com esta indicação:
“Essa indicação foi uma surpresa para mim, fico muito grata por ter sido convidada a participar, mas também eu sei o que eu fiz, quais foram as minhas contribuições à comunidade brasileira, para eu receber esta homenagem”.
O jornal Brazilian Times se orgulha em poder valorizar e homenagear os brasileiros que fazem a diferença aqui nos Estados Unidos. Cida Arruda é essa mulher incrível que vocês acabaram de conhecer. Tem duas palavras que a define: Luta e persistência.
Em suas palavras finais, Cida Arruda fala sobre a sua maior conquista na América: “Minha maior conquista foi em família com meus filhos Escallaty e Claycon. Consegui criar meus filhos sem poder ir em nenhuma reunião de professores, porque sempre trabalhei muito, não tinha tempo. Mas eles se tornaram bons cidadãos. O que pude dar para eles foi caráter e escola. Meus filhos são pessoas de bem. Os dois fizeram faculdade, e essa conquista ninguém tira de mim. Limpando casa, paguei a faculdade deles, sem dever nenhum centavo. Falo mais ainda, no começo eu sentia vergonha de dizer que limpava casa. Nas primeiras vezes que voltei ao Brasil tinha vergonha de falar que limpava casa. Hoje eu tenho orgulho de falar que tudo que consegui foi na faxina”.
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