Atrasos no processo de imigração desencadeiam ação judicial de casal contra o Governo Federal

Em uma saga que começou em julho de 2017, um casal de Denham Springs (Louisiana) encontra-se preso em um limbo burocrático, travando uma batalha legal contra o governo dos Estados Unidos devido a atrasos significativos no processo de imigração. Josue Ordaz Lopez, cidadão norte-americano, solicitou ao Departamento de Serviços de Cidadania e Imigração (USCIS, sigla em inglês) o reconhecimento de sua esposa, Amaro, como parte do processo para obter residência permanente nos Estados Unidos.

No entanto, após uma jornada que iniciou há mais de quatro anos, o casal agora enfrenta obstáculos inesperados.

O casamento de Lopez e Amaro foi oficialmente reconhecido em 2020, marcando um marco significativo no processo de imigração. Contudo, um processo que deveria ter sido concluído agora enfrenta uma parada abrupta devido à demora na análise de uma aplicação de isenção necessária para Amaro avançar para a etapa final: a obtenção do Green Card.

As frustrações do casal atingiram o ápice quando autoridades governamentais informaram que a análise da aplicação de isenção não seria concluída antes de junho de 2025, impossibilitando qualquer pergunta ou atualização até lá. Vivendo em um estado de "limbo legal", nas palavras da advogada Carley Tatman, que representa o casal, Amaro enfrenta limitações significativas, incluindo a impossibilidade de trabalhar legalmente ou desfrutar da liberdade de viver nos EUA enquanto aguarda a resolução do caso.

O Procurador-Geral dos EUA, Merrick Garland, e diversos funcionários de agências como FBI, Departamento de Segurança Interna e USCIS estão sendo processados como réus no caso apresentado pelos autores. A situação do casal destaca um problema maior enfrentado por milhões de imigrantes nos Estados Unidos, onde o sistema de imigração está sobrecarregado e os atrasos na adjudicação de pedidos se tornaram a norma.

O USCIS, uma subdivisão administrativa do Departamento de Segurança Interna, processa milhões de pedidos anualmente, mas as deficiências orçamentárias e a escassez de pessoal resultaram em demoras substanciais. A espera para a conclusão das três etapas necessárias para obter o Green Card triplicou nos últimos anos, com uma previsão de quase sete anos para 80% dos casos tratados pelo centro de serviço de Nova Orleans, segundo o USCIS.

Os maiores atrasos ocorrem nas aplicações de isenção, com uma espera média de 44 meses, em comparação com menos de cinco meses há cinco anos. A ação judicial destaca a irracionalidade desses longos períodos de espera, alegando que o governo violou a Lei de Procedimento Administrativo, que exige resolução "dentro de um tempo razoável".

A pandemia intensificou ainda mais o problema, exacerbando as frustrações de imigrantes e levando alguns a buscar soluções legais para acelerar o processo. O custo significativo envolvido em levar disputas administrativas aos tribunais torna essa uma medida extrema, mas os advogados concordam que, muitas vezes, é a única maneira de garantir uma resposta rápida das autoridades.

A situação não afeta apenas os indivíduos, mas também tem impactos econômicos, com empresas clamando por trabalhadores qualificados sentindo os efeitos dos atrasos no processamento de imigração. A falta de uma força de trabalho qualificada nos Estados Unidos é evidente, e os imigrantes, descritos como o "alicerce da força de trabalho americana", desempenham um papel vital no preenchimento dessa lacuna.

No entanto, para Amaro e outros que aguardam aprovação, o impacto é mais pessoal. Sem a isenção, ela não pode viajar para o exterior ou visitar sua terra natal, enfrentando incertezas contínuas enquanto aguarda uma resposta que parece estar perpetuamente fora de alcance. O casal espera que sua ação judicial acelere o processo não apenas para eles, mas também para muitos outros que compartilham suas lutas e frustrações no complexo sistema de imigração dos Estados Unidos.

Fonte: Da redação