Ludmila Lins Grilo: A juíza brasileira em asilo político nos EUA

Ludmila Lins Grilo, uma juíza brasileira, tomou uma decisão drástica em 2022: mudou-se para os Estados Unidos e buscou asilo político, afastando-se de um Brasil que, segundo ela, vive sob a sombra de uma ditadura. A revelação veio à tona nesta quarta-feira (3), após mais de um ano de silêncio.

Em um relato emocional publicado em seu blog pessoal, Grilo contou sobre sua decisão de deixar o país e o motivo de ter mantido sua partida em segredo. "Sou, oficialmente, uma juíza brasileira em asilo político nos Estados Unidos", escreveu ela, destacando que sua permissão de permanência nos EUA já não é mais temporária, mas sim resultado de um processo de asilo político.

Mesmo estando fisicamente distante, Ludmila continuou suas atividades judiciais, presidindo audiências da vara criminal por videoconferência. Porém, ela enfrentou críticas e difamações em relação à sua conduta profissional, sem poder revelar que já não residia no Brasil.

A situação jurídica de Ludmila começou a complicar-se em 2022, quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), iniciou uma investigação sobre suas declarações políticas e críticas ao inquérito das fake news. Mais tarde, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) instaurou um processo disciplinar contra ela, após Grilo expressar suas opiniões nas redes sociais sobre casos de denúncias sem provas, referindo-se à "fé cega da Justiça".

Em 2023, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu instaurar dois processos disciplinares contra Ludmila, culminando em seu afastamento do cargo e posterior aposentadoria compulsória por supostamente violar deveres do magistrado.

Diante de toda a "perseguição jurídica", Ludmila agora se prepara para apresentar sua versão dos fatos às autoridades americanas e à Corte Interamericana de Direitos Humanos. Ela destaca que cada ataque, ameaça ou bloqueio em suas redes sociais será documentado e usado em seus processos nos EUA.

Em uma entrevista à Gazeta do Povo, Grilo afirmou que não tem intenção de retornar ao Brasil e expressou seu descontentamento com a atual situação política do país. No entanto, mantém a esperança por uma mudança, ainda que remota.

Nos Estados Unidos, Ludmila planeja continuar suas atividades acadêmicas e está em contato com juristas, jornalistas e políticos para trazer à luz a situação do Brasil no cenário internacional. Seu caso, sem dúvida, levanta questões sobre liberdade de expressão, independência judicial e os desafios enfrentados por aqueles que buscam refúgio em meio a crises políticas.

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