No estado do Paraná, um brasileiro embarca em uma jornada nos Estados Unidos para trazer sucata de ônibus da marca GMC de volta ao Brasil

Após muitos anos marcados por diversas adversidades, Wanderlei Saldanha, conhecido como 'Karnegão', de 54 anos, natural de Maringá, finalmente deu início a um grande sonho: percorrer longas distâncias a bordo de um ônibus considerado uma raridade - o GMC PD-4501 Scenicruiser, fabricado pela General Motors (GM) entre 1954 e 1956. Este veículo de dois andares tornou-se um ícone americano e objeto de desejo para muitas pessoas. Estima-se que apenas um pouco mais de 10 unidades ainda estejam em circulação.

Recentemente, o Podcast CBN Maringá compartilhou a saga de Karnegão em sua tentativa de colocar o ônibus em movimento. Desde a infância, Karnegão ficou fascinado por um presente: uma miniatura desse ônibus, que ele guarda até hoje. Quando adulto, descobriu que o ônibus realmente existia. "Um amigo meu foi para os Estados Unidos e viu o tipo de ônibus que eu tinha guardado. Ele me mandou uma mensagem e disse: 'Sabe aquele ônibus seu? Ele existe, olha aqui, eu vi uma foto e era exatamente igual'", relatou.

A busca pelo ônibus começou após essa descoberta. Karnegão localizou um para comprar em Spences Bridge, uma pequena comunidade no Canadá, a cerca de 300 km de Vancouver. Em 2009, iniciou o processo de aquisição pela internet e dois anos depois foi ao Canadá para finalizar a compra, por um valor de 11 mil dólares. Porém, ao chegar ao local, percebeu que o ônibus precisava de muitos reparos e decidiu deixá-lo lá, retornando ao Brasil.

Em 2019, Karnegão voltou ao Canadá para buscar o veículo, mas enfrentou novos problemas. Peças do ônibus haviam sido removidas, tornando os reparos ainda mais caros, e o tempo do visto não permitiu que ele trouxesse o ônibus.

Em abril de 2023, em sua terceira tentativa, Karnegão partiu com sua esposa, Valéria Saldanha, rumo à América do Norte em uma Kombi. Dirigiram até a Colômbia e depois seguiram de navio até a Flórida. A intenção era vender a Kombi e, com o dinheiro, seguir até o Canadá para realizar os reparos necessários no ônibus e trazê-lo. No entanto, a venda da Kombi não se concretizou, mas o casal seguiu para Spences Bridge mesmo assim. "Viemos para cá com o que tínhamos, eu sou aposentado no Brasil, mas aqui nosso dinheiro não vale muito. Sem a venda da Kombi, tudo se complicou, fica difícil arrumar o ônibus e levá-lo para o Brasil, mas não vamos desistir", afirmou Karnegão.

Na última vez que a história foi relatada, Karnegão expressou preocupação com o fato de o visto canadense do casal estar prestes a vencer e ele não queria deixar o ônibus no Canadá. "Está ficando perigoso deixar o ônibus aqui, meu medo é que ele seja desmontado e não sobre mais nada do veículo. Se conseguirmos consertá-lo e colocá-lo em funcionamento, vamos levá-lo até Los Angeles, Califórnia, e deixá-lo lá por um tempo, pois é mais seguro. Depois, voltamos e levamos o ônibus para o Brasil, será um sonho realizado", disse na época.

Para custear os reparos e trazer o ônibus para o Brasil, Karnegão decidiu rifar uma buzina importada pelo Instagram. Foram vendidos mil números a 20 reais cada. Karnegão explicou ao GMC Online: "Comprei esse ônibus em 2009 e, desde então, já fui quatro vezes ao Canadá tentar consertá-lo. Em 2019, voltei com minha esposa, mas encontramos o ônibus em péssimo estado, com peças faltando. Fizemos a rifa para trazê-lo para Los Angeles, pois meu amigo, que agora é o proprietário, está com câncer terminal. Ele concordou em cuidar do ônibus, mas seus filhos estavam vendendo o terreno onde ele estava, então não tínhamos outra opção senão tirá-lo de lá."

Com a mobilização de pessoas de diversos países, Karnegão conseguiu retirar o ônibus do terreno, realizar os reparos necessários e já percorreu mais de 2 mil quilômetros com o veículo. Atualmente em Maringá para regularizar seus documentos, Karnegão planeja retornar à Califórnia, pegar o ônibus e levá-lo de volta ao Brasil. "Não faz sentido mantê-lo aqui. Quero tê-lo em meu país. Então, minha esposa e eu vamos regularizar os documentos. Acredito que levará cerca de dois meses, e então começaremos a segunda etapa de cruzar as Américas com ele, esse é o plano", revelou. Ele compartilha os detalhes dessa jornada em suas páginas no TikTok e no Instagram.

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