Publicado em 10/05/2024 as 8:00pm
Entenda como foi caçada ao brasileiro “mergulhador do tráfico” que mobilizou a agência antidrogas dos EUA
A habilidade de Donati em escapar das autoridades e sua capacidade de se movimentar entre diferentes países despertaram suspeitas, especialmente quando suas viagens internacionais não condiziam com sua renda declarada.
Há um ano, encerrava-se uma extensa caçada por um personagem singular no mundo do crime internacional. A história de Lucas Donati Vieira, conhecido como o "mergulhador do tráfico", culminou em sua prisão em maio de 2023, após uma operação que mobilizou a agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA), a Polícia Federal brasileira e outras equipes internacionais.
Segundo informações reveladas pelo UOL, Donati, um capixaba de trajetória obscura, era especializado em uma tarefa peculiar: acoplar pacotes de cocaína no fundo de navios de carga, viajar até o destino da embarcação e resgatar a droga em um mergulho meticulosamente planejado. Sua saga começou a chamar a atenção das autoridades em outubro de 2022, quando um navio de carga da Libéria foi flagrado com oito pacotes de drogas, totalizando 183 quilos, após a intervenção de oficiais da alfândega turca.
A habilidade de Donati em escapar das autoridades e sua capacidade de se movimentar entre diferentes países despertaram suspeitas, especialmente quando suas viagens internacionais não condiziam com sua renda declarada. De acordo com as investigações, Donati passou por Portugal, Turquia e Marrocos nos últimos anos, levantando indícios que chamaram a atenção das autoridades, como a posse de um carro de alto valor e uma renda incompatível com sua ocupação declarada como mergulhador.
Em agosto do ano passado, Donati foi formalmente denunciado e, em janeiro deste ano, foi condenado a 9 anos e 11 meses de prisão, em regime fechado, por tráfico internacional de drogas. Sua defesa alega que as provas do processo são insuficientes para atestar sua culpa.
A intricada rede de atividades de Donati envolvia não apenas suas habilidades como mergulhador, mas também supostos cúmplices, como indicado por informações que o ligavam a indivíduos suspeitos em Rio Grande (RS). O sumiço repentino desses suspeitos levantou suspeitas de que drogas poderiam ter sido acopladas a alguma embarcação no porto da cidade gaúcha.
A Operação DIVER (sigla para "mergulho", em inglês) teve início a partir dessas pistas e culminou na prisão de Donati em maio de 2023, quando ele tentava embarcar em um voo para a África do Sul, em São Paulo. Nas buscas subsequentes em sua residência em Vitória, foram encontrados valores vultosos em dinheiro, além de veículos de luxo e equipamentos de mergulho.
O caso de Lucas Donati Vieira representa não apenas uma história de crime e investigação, mas também revela as complexas operações do tráfico internacional de drogas, que muitas vezes se valem de indivíduos habilidosos e estratégias meticulosas para burlar as autoridades.