Publicado em 10/05/2024 as 4:00pm
Ex-servidora pública, radicada nos EUA, sofre com informações mentirosas publicadas em diversos portais de notícias no Brasil
Edimara sublinha que há três anos vem lutando pelo direito constitucional arrolado no Art. 226 que lhe garante o direito de acompanhar seu marido, servidor público federal, que trabalha remotamente nos Estados Unidos e, assim, permanecer ao lado de seus filhos.
Ao ser desligada da função de servidora pública da Câmara Federal há pouco mais de duas semanas, a ex-servidora vem sofrendo com notícias mentirosas que sugeriram que ela estaria recebendo salários indevidos e sem trabalhar. Mas de acordo com ela, tudo não passou de uma “grande mentira, pois fui demitida porque optei por me menter unida aos meus filhos que escolheram viver nos Estados Unidos”.
Esta afirmação foi feita por Edimara Pasinato Dal Pozzo, durante uma entrevista exclusiva para o Brazilian Times. De acordo com ela a demissão efetivamente ocorreu, mas o motivo é completamente diferente daquele publicado nos jornais. “Desde 2018 moramos nos Estados Unidos, pois meu marido trabalha remotamente para a Procuradoria Geral da República e, por conta disso, tem a possibilidade de exercer a função mesmo morando fora do país. Em função disso, em março de 2018, solicitei uma Licença de Interesse Particular, sem remuneração, para estar perto de minha família”, afirmou.
O problema teve início em 15/04/2024 quando o Portal Metrópoles publicou um artigo[1] na coluna do jornalista Paulo Cappelli sobre a sua demissão. Essa matéria, que viralisou na internet, não foi verdadeira com os fatos, uma vez que as informações publicadas davam a entender que ela estaria recebendo salários/valores da Câmara mesmo morando e trabalhando nos EUA. Isso causou e tem causado muitos transtornos e grande humilhação para a ex-servidora pública que afirma jamais ter se utilizado de qualquer subterfúgio para burlar as regras ou receber qualquer valor indevido, sempre cumprindo suas funções com profissionalismo, dedicação e ética.
Essa notícia do Portal Metrópoles, com base nas informações do Diário Oficial da União, “induziu” ao entendimento de que a ex-servidora, que está morando nos EUA desde 2018, teria sido demitida por receber salários/valores indevidos. Contudo, as informações do Diário Oficial da União deixam evidente que a ex-servidora foi demitida por “abandono de cargo”, em momento algum menciona o fato de que ela tenha recebido valores ou salários indevidos ou de que esse tenha sido o motivo da demissão.
A matéria publicada pelo Portal Metrópoles(*1), sem a preocupação de informar corretamente o ocorrido, coloca em evidencia alguns salários e valores recebidos pela ex-servidora após ter viajado para os EUA. Conforme a matéria, “de acordo com os registros de Dal Pozzo na Câmara, ela recebeu salários de R$ 19,2 mil até fevereiro de 2018. Em março, recebeu R$ 2,6 mil e os pagamentos foram interrompidos até 2022”. Em nenhum momento, na matéria, tanto o jornal quanto o colunista responsável se deram o trabalho de verificar que esses valores recebidos após Edimara ter viajado para os EUA eram referentes a férias acumuladas ainda não recebidas. Além disso a matéria afirma também que a ex-servidora teria recebido valores indevidos de R$ 20,9 mil nos meses de setembro, outubro e novembro de 2022. E em abril e maio de 2023 teria recebido ainda valores de R$ 22,5 mil e R$ 11,1 mil. Segundo Edimara esses últimos valores, o artigo não esclarece, são resultado de uma ação judicial impetrada junto a Câmara dos Deputados por questões de saúde. Todas essas informações podem ser verificadas e comprovadas ao se acessar os contracheques da ex-servidora.
Segundo Dal Pozzo, ao publicar informações inverídicas, o jornal Metrópoles induziu milhares de pessoas em todo o país a acreditarem que ela teria recebido remunerações indevidas, sem especificar ou se preocupar em verificar os motivos e a legalidade dos valores recebidos. Tais informações inverídicas, replicadas por inúmeros e diferentes portais de notícias (*2), potencializaram os danos e o sofrimento pessoal, familiar e profissional da ex-servidora .
Edimara sublinha que há três anos vem lutando pelo direito constitucional arrolado no Art. 226 que lhe garante o direito de acompanhar seu marido, servidor público federal, que trabalha remotamente nos Estados Unidos e, assim, permanecer ao lado de seus filhos. “A Câmara tem todo o direito de me demitir em um processo administrativo e foi o que fizeram, pois eu não quis voltar ao Brasil e me separar dos meus filhos. Mas ao induzir as pessoas de todo país a acreditarem que fui demitida por receber salários/valores e viver no exterior, o Portal Metrópoles provocou uma injusta humilhação a uma pessoa que conquistou seu cargo de forma legal, que nos quase 20 anos de serviço público jamais cometeu qualquer ilícito e tem muito orgulho do serviço sempre realizado com muito zelo e dedicação”, afirmou.
“Há 3 anos tenho buscado na justiça a possibilidade de exercer minhas funções administrativas remotamente, uma vez que a Câmara Federal permitiu o trabalho remoto a todos os servidores no período da Covid-19. Trabalhar remotamente, além de não afetar em nada a qualidade dos serviços que já fazia presencialmente, permitiria o direito de me manter unida a família. Mas já considerando a possibilidade de o trabalho remoto não ser viável, solicitei em paralelo que a Cãmara concedesse uma 'licença sem remuneração' enquanto eu necessitasse permanecer nos EUA", continuou. “Este segundo processo ainda está tramitando e não teve pronunciamento final”, destacou. Edimara sublinha que “existem servidores que tentaram o mesmo e conseguiram em poucas semanas. O meu caso se arrasta por três anos”, continuou.
Sem aguardar o resultado desse segundo processo a Câmara publicou no Diário Oficial a sua demissão administrativa. Ao acessar a demissão no Diário Oficial o Portal Metrópoles divulgou a informação, mas de acordo com ela, “de maneira a induzir as pessoas a entenderem que minha demissão foi causada pelo recebimento indevido de salários/valores”. Ela entrou em contato com a direção do veículo de comunicação dando conta do problema e foi informada de que haveria uma retratação. Contudo a retratação publicada foi novamente “manipulada” e o Portal insistiu em não informar corretamente a versão da ex-servidora. Com provas, prints, áudios e a notificação extrajudicial enviada ao Portal Metrópoles, ela mostrou à redação do Brazilian Times toda a conversa que teve com o colunista Paulo Cappelli, responsável pela matéria. Em um ponto da conversa o colunista afirmou, segundo a ex-servidora, que o artigo publicado partiu de seu assistente na Câmara, e que teria determinado a ele novo artigo, agora com a posição de Edimara. A retratação publicada insiste em não informar corretamente que o motivo da demissão foi por “ABANDONO DE CARGO”, como consta no Diário Oficial da União. Informação que esclarece e reforça a afirmação de Edimara segundo a qual sua escolha foi por se manter perto dos filhos a ter que se separar deles para retomar suas funções na Câmara Federal.
Outro problema relatado por Edimara diz respeito ao fato de o colunista Paulo Cappelli ter informado no final do artigo que "a coluna tentou contato com Dal Pozzo, mas não obteve resposta". “Isso jamais aconteceu. Em nenhum momento entraram em contato comigo. Para ilustrar a matéria, utilizaram uma foto do meu perfil do Facebook, mas não deixaram mensagem alguma apesar afirmarem esse contato”, denunciou.
A ex-servidora lamenta profundamente o ocorrido, pois está sofrendo na pele as consequências de uma notícia mentirosa que se espalhou muito rapidamente, e que os danos causados a sua pessoa, a sua vida profissional e aos seus familiares são irreversíveis. “Ainda hoje venho sofrendo as consequências deste erro. É muito dolorido e triste ler os comentários das pessoas afirmando que sou corrupta, desonesta e que me aproveitei da função de servidora pública, sendo que sempre exerci minhas funções com muito zelo e dedicação. Isso atenta contra o trabalho sério e honesto realizado cotidianamente pela maioria dos servidores públicos”, lastimou.
Ela destacou ainda que seus contracheques são públicos e qualquer pessoa pode verificar nas plataformas do governo brasileiro. “Nunca recebi um centavo de forma ilegal”, disse.
VÍTIMA DE DIFAMAÇÃO
Após o Portal Metrópoles divulgar sua demissão com informações inverídicas, como esclarece na matéria, Edimara vem sofrendo uma onda de difamação que tem lhe causado sérios danos: “Fui xingada, humilhada e alguns até disseram que eu deveria ser presa, me chamando de criminosa. Isso me machucou demais”, afirmou.
Uma outra consequência que Edimara vem sofrendo, além dos danos pessoais, profissionais e familiares, diz respeito á saúde, ao tempo e dinheiro que ela está perdendo para buscar seus direitos na justiça. Seus advogados já protocolaram ação judicial por calúnia e difamação no Brasil e no Texas. Além de acionar o Google e qualquer plataforma que tenha propagado e potencializado a humilhação que ela vem sofrendo. Assim como as pessoas que se aproveitaram da notícia para atacá-la profissionalmente.
A VIDA NOS EUA
Nos Estados Unidos, Edimara se tornou bastante conhecida na região de Houston (Texas) por sua capacidade e dedicação em “educar” e informar a comunidade brasileira em relação aos seus direitos, esclarecendo as dúvidas relativas a todos os tipos de seguros para brasileiros nos Estados Unidos.
“Eu sempre foi muito dedicada aos estudos. Quando cheguei aqui eu não sabia como o seguro de saúde funcionava, eu precisava de acompanhamento médico e tinha medo de ir ao médico e depois receber uma conta gigantesca para pagar. Por anos eu continuei me consultado virtualmente com os médicos do Brasil e minha mãe enviava a medicação para mim. Mas, isso ficou inviável e eu precisei desvendar todos os segredos e burocracias inerentes ao seguro saúde e com isso me tornei uma especialista em Obamacare, e posteriormente em todos os outros tipos de seguros nos Estados Unidos”, conclui.
(*1)www.metropoles.com/colunas/paulo-cappelli/lira-servidora-eua
https://e.correiodobrasil.com.br/a/camara-demite-servidora-mora-anos-estados-unidos
https://ecoanews.com.br/lira-demite-servidora-da-camara-que-recebeu-salario-morando-nos-eua/
https://jornalfloripa.com.br/geral/ler/545134#google_vignette
