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Publicado em 13/07/2024 as 2:00pm

Enfermeira brasileira lidera implementação de serviço de aborto em universidade de NY

Fonte: Da redação


Na vanguarda dos cuidados de saúde reprodutiva, a Columbia University, em New York City (New York), inaugurou em março deste ano um serviço pioneiro de aborto medicamentoso, tornando-se uma das primeiras universidades privadas nos Estados Unidos a oferecer esse recurso diretamente aos seus alunos. O projeto, liderado pela enfermeira brasileira Myriam Marques, 60 anos, gerente-assistente de enfermagem do ambulatório estudantil, reflete um avanço significativo na disponibilidade de serviços de saúde dentro do ambiente acadêmico.

Marques, graduada e mestre em enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais, desempenhou um papel crucial na montagem e supervisão de uma equipe de enfermeiros treinados para realizar os procedimentos. Ela destacou a receptividade positiva entre os profissionais de enfermagem da região. "Nova York é um estado muito progressista, e tivemos mais enfermeiros interessados do que inicialmente necessitávamos, incluindo enfermeiros homens", afirmou Marques.

O serviço de aborto medicamentoso é oferecido gratuitamente no ambulatório estudantil para alunos e dependentes de parceiros que são beneficiários do plano de saúde da instituição. Em casos que requerem procedimento cirúrgico, as pacientes são encaminhadas para prestadores externos ao campus.

O processo começa com uma triagem por telefone seguida de aconselhamento para ajudar as pacientes a compreenderem suas opções: interrupção da gravidez, adoção ou continuidade da gestação. Para aquelas que optam pelo aborto, é agendada a administração de duas pílulas: mifepristona, que bloqueia a progesterona, e misoprostol, que induz contrações uterinas. A primeira pílula é tomada no consultório e a segunda é autoadministrada em casa, com um retorno programado uma semana depois para monitoramento.

Segundo informações da universidade, o método apresenta uma eficácia entre 98% e 99%, garantindo uma opção segura e acessível para as estudantes que optam por interromper a gravidez. Marques enfatizou a importância de fornecer cuidados abrangentes que atendam às necessidades reprodutivas das mulheres. "Devemos estar preparados para oferecer serviços de saúde que abordem todas as fases da vida reprodutiva feminina", afirmou.

Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA mostram que mulheres na faixa dos 20 anos representaram a maioria dos abortos realizados em 2021, sublinhando a demanda por serviços de saúde reprodutiva entre os jovens adultos.

Além de sua liderança na implementação deste serviço inovador, Marques também desempenha um papel crucial como ponto de apoio para brasileiros e outros imigrantes que enfrentam desafios no sistema de saúde americano. Ela tem sido procurada por mulheres de diversas origens e crenças religiosas, incluindo evangélicas, para orientação e encaminhamento adequado.

Para Marques, que testemunhou as consequências trágicas do aborto ilegal em seu país de origem, a disponibilidade de cuidados seguros é uma questão de saúde pública. "Vi muitas mortes evitáveis e tristes de mulheres que procuraram métodos perigosos e clandestinos para interromper a gravidez. Oferecer um caminho seguro e legal é um avanço crucial", refletiu.

Além de seu trabalho na Universidade Columbia, Marques é ativa em organizações que defendem a democracia no Brasil e promovem os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Sua trajetória exemplifica o compromisso com a saúde pública e o empoderamento feminino, seja no Brasil ou nos Estados Unidos.

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