Publicado em 1/08/2024 as 9:00am
Candidato republicano ao Senado dos EUA diz que “imigrantes causam destruição nas cidades de Ohio”
A afirmação faz parte de uma tendência mais ampla entre alguns candidatos republicanos de destacar questões migratórias, especialmente em meio aos recentes aumentos na fronteira sul.
O candidato republicano ao Senado dos Estados Unidos, Bernie Moreno, ganhou destaque com suas alegações contundentes sobre o impacto da migração nas comunidades de Ohio. Na semana passada, a campanha de Moreno fez uma postagem no X (antigo Twitter), afirmando que as políticas da administração atual resultaram na “destruição” de cidades em todo o estado por imigrantes. No entanto, a campanha ainda não forneceu detalhes específicos sobre quais cidades foram afetadas, como ocorreu o suposto dano ou a origem dos migrantes envolvidos.
A afirmação faz parte de uma tendência mais ampla entre alguns candidatos republicanos de destacar questões migratórias, especialmente em meio aos recentes aumentos na fronteira sul. A retórica de Moreno, que ecoa temores de crimes relacionados à migração e instabilidade, segue temas semelhantes vistos em outras campanhas políticas. No entanto, tais alegações são frequentemente contraditas por pesquisas que mostram que migrantes indocumentados cometem menos crimes do que cidadãos nativos, e cidades na fronteira frequentemente relatam taxas de criminalidade mais baixas do que a média nacional.
As declarações de Moreno têm atraído críticas não apenas por sua falta de especificidade, mas também por possíveis conotações raciais. A retórica da campanha de Moreno incluiu descrições da migração como uma “invasão”, um termo que tem sido usado por alguns para justificar visões e ações extremistas. Críticos observam que tal linguagem pode incitar medo e violência, mencionando incidentes como o massacre de El Paso, onde o atirador citou uma “invasão” como seu motivo.
Adicionando complexidade à narrativa está o fato de que Moreno é, ele mesmo, um migrante. Nascido na Colômbia em 1967, Moreno mudou-se para os Estados Unidos com sua família em 1971. Embora tenha retratado a jornada de sua família como uma história de dificuldades e sucesso através de canais legais, essa representação tem sido contestada. Embora sua família tenha enfrentado dificuldades iniciais, não eram indigentes. O pai de Moreno, Bernardo Moreno Sr., era um cirurgião bem-educado na Colômbia e posteriormente serviu como Secretário de Saúde da Colômbia. As dificuldades iniciais de sua família nos EUA foram seguidas por um sucesso profissional significativo, incluindo uma carreira na medicina e o estabelecimento de um negócio multinacional de construção pelos irmãos de Moreno.
Apesar desse histórico, Moreno se apresentou como um exemplo exemplar do “migrante certo”, contrastando-se com os migrantes mais vulneráveis que chegam da América Central e do Sul hoje. Esse contraste alimentou críticas de que suas declarações sobre migração não são apenas enganosas, mas também politicamente motivadas.
À medida que a corrida pelo Senado, ocupada pelo democrata Sherrod Brown, se intensifica, a campanha de Moreno continua a usar a migração como um tema chave. No entanto, a falta de evidências concretas para apoiar suas alegações e a natureza controversa de sua retórica levantam questões sobre as motivações por trás de suas declarações. Com a corrida pelo Senado sendo uma das mais observadas nesta eleição, o impacto da abordagem de Moreno sobre a migração nos eleitores ainda está por ser visto.
