Publicado em 5/08/2024 as 12:00pm
Brasileiros enfrentam dilema financeiro e emocional após ataque a tiros em Michigan
Carlos e Karina, que se mudaram de São Bernardo do Campo (SP) para os EUA há dois anos e trabalham como engenheiros na indústria automobilística, estavam no parque para permitir que o filho brincasse em um "splash pad", um tipo de parque aquático.
Carlos Borges e Karina Jacoud, um casal de brasileiros que se estabeleceu recentemente nos Estados Unidos, estão lutando para se recuperar após serem vítimas de um ataque a tiros em Rochester Hills, Michigan. O incidente ocorreu no dia 15 de junho, quando a família estava desfrutando uma tarde em um parque público com seu filho de seis anos.
Carlos e Karina, que se mudaram de São Bernardo do Campo (SP) para os EUA há dois anos e trabalham como engenheiros na indústria automobilística, estavam no parque para permitir que o filho brincasse em um "splash pad", um tipo de parque aquático. Menos de uma hora após chegarem, um atirador apareceu e abriu fogo. O casal, inicialmente confuso pelo barulho, percebeu a gravidade da situação quando o atirador começou a disparar.
"Nos primeiros segundos, a gente achou que era uma bombinha. A praça estava cheia e havia muitos fogos de artifício devido ao feriado próximo," lembrou Carlos. Quando perceberam o atirador, eles correram em direção ao filho, que estava brincando a cerca de 10 metros de distância. Carlos foi atingido na perna, mas conseguiu proteger o filho, que não sofreu ferimentos.
Carlos e Karina foram levados a hospitais diferentes após o ataque, que deixou nove pessoas feridas. O atirador, um homem de 42 anos, cometeu suicídio após o ataque. Entre os feridos, um menino que estava brincando com o filho dos brasileiros foi baleado na cabeça e está em estado grave, mas sobreviveu.
Os custos médicos para o casal são exorbitantes. Karina precisou de uma cirurgia de reconstrução da mão que custou cerca de US$ 50 mil (R$ 286 mil), enquanto Carlos teve que passar por uma reconstrução do joelho que custou cerca de US$ 136 mil (R$ 780 mil). Além das cirurgias, a família enfrentou despesas com viagens de ambulância, adaptação da casa, medicamentos e conserto do carro, que também foi atingido por tiros.
A família está pagando por terapias físicas e psicológicas duas vezes por semana. Eles se consultam com uma psicóloga brasileira e uma especialista americana em vítimas de tiroteios. A recuperação financeira tem sido difícil, e o seguro de saúde está analisando as despesas, um processo que pode levar anos. "Entendemos que o seguro deve cobrir os custos, mas estamos preocupados com a demora e possíveis complicações," disse Karina.
Inicialmente relutantes em criar uma vaquinha virtual, o casal foi incentivado por amigos a abrir um financiamento coletivo. Mais de um mês após o ataque, a campanha ainda não atingiu nem 20% da meta de US$ 80 mil. "Eu pensei que não precisaríamos da vaquinha, porque trabalhamos. Mas as contas chegaram e a situação se tornou assustadora," explicou Karina.
Carlos e Karina estão focados na recuperação e na normalização de suas vidas. Apesar de estarem comprometidos em continuar nos EUA, eles estão preocupados com o aumento da violência na região. "Não há palavras para descrever o medo que sentimos. É um parque de bairro, um lugar onde você levaria seu filho para brincar, e alguém chega atirando," disse Carlos. O casal ainda não considera processar o estado e está mais concentrado em recuperar o equilíbrio físico e emocional.
A situação ilustra os desafios enfrentados por muitos imigrantes que buscam reconstruir suas vidas nos EUA, e a luta de Carlos e Karina destaca as profundas implicações financeiras e emocionais resultantes de eventos traumáticos inesperados.