Publicado em 9/08/2024 as 6:00pm
Grupo de amigos em Massachusetts enviam mais de 70 toneladas de donativos ao Rio Grande do Sul Jantar beneficente no Oliveira’s de Everett foi uma das etapas finais da ação
Quem ainda se importa com o que aconteceu no Rio Grande do Sul? É comum, quando uma tragédia...
Quem ainda se importa com o que aconteceu no Rio Grande do Sul? É comum, quando uma tragédia acontece, o assunto ficar em voga apenas enquanto os eventos ainda estão recentes. Se um outro evento, como uma Olimpíada, por exemplo, entrar em cena, é muito provável que a agenda midiática destine toda a sua atenção para tal, como vem acontecendo. Entretanto, se depender de um time de empresários e empreendedores residentes aqui nos Estados Unidos, enquanto houver necessidade, a mão amiga desse grupo vai continuar angariando recursos para atender às mais de 2 milhões de vidas que foram afetadas com as enchentes que castigaram mais de 470 municípios gaúchos, com centenas de mortes já contabilizadas.
A ação beneficente começou tão logo os primeiros números da tragédia começaram a surgir. Há dois meses, um outro jantar beneficente foi realizado no Oliveira’s da Cidade de Everett, arrecadando cerca de 13 mil dólares. Na semana passada, o grupo reuniu-se no mesmo restaurante para outro jantar beneficente, bem como para comemorar a vitória sobre os entraves burocráticos que impediram a carga de seguir viagem em aviões que foram disponibilizados para transportar os donativos, o que acarretou mais despesas assumidas pela equipe, que arcou com o aluguel de containers em uma estação portuária americana, aguardando por semanas a autorização para o envio da carga. Neste último jantar, o cardápio escolhido e executado por Sérgio de Assis, empresário do ramo da construção que encabeçou a ação solidária, foi a rabada bovina, com ingredientes doados pelo empresário Wilton Rangel, proprietário do Oliveira’s.
Sérgio de Assis calcula que todo o esforço é só o início de um trabalho que precisa continuar, já que a estimativa é que serão necessários vários anos para recuperar as centenas de municípios afetados pelas chuvas. “Esta é a hora que as pessoas que realmente querem ajudar devem continuar se mobilizando. Estive lá há poucas semanas e vi muitas pessoas ajudando enquanto o assunto ainda estava em evidência, mas eu e muitos outros já sabíamos que tão logo tudo esfriasse viria um momento de slow down. Contudo, não podemos parar, pois o trabalho está apenas começando. Em muitas cidades, o volume das águas chegou ao nível de 33 metros. Será necessário um trabalho de reconstrução e de no mínimo dois anos, para início de conversa. Nosso objetivo é atender a população afetada, muitos que se encontram desabrigados, com doações de moveis, eletrodoméstico e demais itens essenciais.”
Inicialmente, o grupo formou-se com a participação de sete amigos que resolveram mobilizar seus contatos e empreender esforços próprios para a arrecadação. Alguns, assim como Sérgio, são membros da comunidade de maçons, o que deu ocasião a que diversas lojas maçônicas fizessem doações aqui. No Brasil, duas entidades maçônicas estão se unindo para receber os donativos, alocá-los e providenciar a devida distribuição, o que evidencia o senso de comunhão do grupo, bem como o empenho e o compromisso com a lisura do processo de administração das doações.
Representando o Consulado Geral do Brasil em Boston, o Cônsul-Geral Adjunto Lauro Beltrão Filho ressaltou a importância do envolvimento de toda a comunidade brasileira na ação. “É uma honra, para o Consulado, estar presente e incentivar uma reunião como esta que a comunidade brasileira da Nova Inglaterra promove aqui em Boston, com o intuito de angariar fundos para as vítimas desse desastre. Tudo isso só ressalta a força elogiável da nossa comunidade que, com uma iniciativa espontânea, está buscando os recursos para enviá-los ao Rio Grande do Sul.”
A empresária Rose de Assis pontuou que uma das tarefas mais difíceis do trabalho foi montar e executar a logística de acomodação de todos os recursos que o grupo conseguiu arrecadar em tão pouco tempo, principalmente porque era esperado que o envio acontecesse rapidamente por meio da companhia aérea que suspendeu o uso das aeronaves dantes disponibilizadas. Além disso, o atraso com a liberação dos documentos da Receita Federal também foi outra dificuldade superada. Contudo, a equipe continuará arrecadando fundos para enviá-los, mesmo que os desafios sejam muitos, já que, como afirma Rose, “a vontade de ajudar não tem limites”.
Fonte: Anna Tygrezza Rodrigues