Representatividade brasileira é destaque na política dos EUA

Nos últimos anos, uma nova onda de brasileiros tem conquistado espaço na política dos Estados Unidos, trazendo vozes e experiências diversas para um cenário tradicionalmente dominado por outras etnias. Deputados estaduais por Massachusetts como Priscila Sousa, Dan Senna e Rita Mendes e o Deputado por Connecticut, Farley Santos, o prefeito de Danbury (CT), Roberto Alves, e a vereadora por Everett (MA), Stephanie Martins, estão liderando essa mudança, impulsionados pelo desejo de representar suas comunidades e contribuir para a luta por direitos e igualdade.

Com aproximadamente 1,9 milhão de brasileiros vivendo nos EUA, segundo dados do Itamaraty, a comunidade se destaca como uma das maiores entre grupos de expatriados. Massachusetts e Connecticut têm se tornado centros de residência para brasileiros, refletindo um crescimento contínuo nas últimas décadas, junto com a Flórida, que atrai um número crescente de imigrantes.

Priscila Sousa, nascida em Ipatinga, Minas Gerais, reflete sobre sua jornada: “Quando entro na Câmara de Massachusetts, penso ‘de Ipatinga para o mundo’”. Ela, junto a outros líderes, busca não apenas fortalecer a presença brasileira na política, mas também apoiar a candidatura de Kamala Harris à presidência, enfatizando a importância de atrair mais cidadãos de origem brasileira para cargos eletivos.

Roberto Alves, natural de Inhaúma, Rio de Janeiro, chegou aos EUA na infância e, após anos na política, foi eleito prefeito de Danbury, Connecticut, em 2023, quebrando um domínio republicano de 22 anos. “Eu queria dar voz aos imigrantes”, afirma Alves, que se sentiu impulsionado a agir diante da retórica negativa sobre imigrantes durante o governo anterior.

Desde que assumiu a prefeitura, Alves enfrentou desafios financeiros, com um orçamento apertado e dívidas acumuladas. Ele tem se dedicado a renegociar contratos e priorizar investimentos em educação, ressaltando a importância de cuidar de suas crianças nas escolas públicas, assim como ele mesmo fez.
Farley Santos, que também chegou ao país jovem, destaca a necessidade de uma representação mais autêntica. “Quando nos vemos em posições de decisão, isso gera curiosidade e engajamento nas próximas gerações”, explica.
Um fenômeno recente no debate político americano é a mudança no voto de eleitores imigrantes, que, tradicionalmente, apoiavam o Partido Democrata, mas agora estão se inclinando para candidatos conservadores. Sousa aponta que diferenças culturais influenciam essa tendência. “A maneira como apresentamos argumentos nem sempre ressoa com a mentalidade americana”, afirma, citando o debate sobre o aborto como um exemplo de descompasso na comunicação.

Com o objetivo de aumentar a representatividade, os líderes políticos trabalham para criar um grupo parlamentar, o Brazilian Caucus, em Massachusetts, que visa recrutar novos candidatos brasileiros. Sousa, que se prepara para sua reeleição em novembro, destaca a importância de preparar a próxima geração de líderes. “Estamos ensinando como as campanhas funcionam e recrutando novos brasileiros para se candidatarem no futuro”, diz.

À medida que a comunidade brasileira se fortalece nos EUA, a trajetória de líderes como Alves, Sousa e Santos exemplifica uma luta contínua por representatividade e justiça social. Com uma nova geração de políticos emergindo, há esperança de que as vozes brasileiras sejam cada vez mais ouvidas nas esferas de decisão, moldando um futuro mais inclusivo e equitativo para todos.

Fonte: Da redação