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Publicado em 27/09/2024 as 8:00am

Babá acusada de maus-tratos a criança na Geórgia envia carta ao BT e fala sobre suposto erro

Gabrial destacou que as ações foram desencadeadas por problemas emocionais e sobrecarga no trabalho


Gabriela Caramigo

Nos últimos dias, a babá brasileira Gabriela Caramigo ficou conhecida depois que vídeos, onde ela aparece tendo algumas reações ríspidas contra uma criança, terem sido divulgados nas redes sociais.

O fato ocorreu em Atlanta, nos Estados Unidos, e o vídeo foi publicado por Leanna, mãe da criança, que Gabriela cuidava há cerca de 10 meses.

Em uma carta aberta enviada à redação do Brazilian Times, Gabriela descreveu sua relação com a criança e a mãe como amigável e de confiança. Devido a proximidade com Leanna, Gabriela afirma que passou a ter outras responsabilidades, além de cuidar do pequeno Messiah, o que segundo ela, acabou ultrapassando alguns "limites" e sobrecarregando-a.

Com as multitarefas, Gabriela desenvolveu um quadro de síndrome de Burnout, que só seria diagnosticado após o incidente. A síndrome de Burnout é caracterizada pelo esgotamento extremo e desmotivação no trabalho. Essa condição vai além do cansaço habitual, ela se manifesta como uma exaustão incapacitante, prejudicando de maneira significativa a saúde mental dos indivíduos e, consequentemente, a produtividade nas organizações, e em casos mais severos pode gerar reações agressivas.

Devido ao cansaço extremo, problemas familiares e psicologicamente abalada, Gabriela não se deu conta de seu estado delicado de saúde, até que seu comportamento agressivo com Messiah fosse exposto por Leanna.

Vale ressaltar que Gabriela sempre soube que na casa havia câmeras de segurança, ou seja, elas não foram instaladas pela mãe por suspeita de que a babá estivesse cometendo algo de errado.

Na carta, Gabriela reconhece que errou, pede perdão à Leanna e ao Messiah, e afirma ainda que não está foragida como foi divulgado por alguns veículos. Porém, está em um lugar seguro para se proteger e proteger sua família, após ter a integridade física ameaçada.

Apesar de não haver nenhuma ação judicial a respeito do caso, o advogado criminalista Alécio Colione, está representando Gabriela devido à grande repercussão.

Conforme o advogado, Gabriela irá prestar depoimento à Justiça no momento em que for intimada. "Até o presente momento inexistem quaisquer ações criminais ou procedimentos que sejam necessários à sua apresentação. Vale ressaltar, que Gabriela está em acompanhamento psicológico e não pode vir a público prestar depoimento neste momento", explicou o advogado.

Por fim, Alécio entende que o caso gera uma grande comoção pública, no entanto, pede à população que cessem as agressões contra Gabriela, sua família e seus amigos nas redes sociais.  

Confira a carta de Gabriela Caramigo na íntegra:

Minha conexão com o Messiah sempre foi muito especial. Havia algo mágico na maneira como ele pronunciava meu nome: "Babi, Babi", com sua vozinha doce. Com a mãe dele também mantinha um vínculo amigável. Ela me fazia sentir parte de sua família sempre me elogiando como a melhor babá do mundo, tinha em mim muita confiança.

Mas, com o tempo fui assumindo algumas responsabilidades na casa, tentando ajudar já que ela era uma mãe solo. Mas isso acabou por ultrapassar meus limites. Eu me sentia sobrecarregada com as tarefas extras, que não faziam parte do nosso acordo. Me recordo que algumas vezes quando faltei ao trabalho por estar doente, sempre fui questionada se estaria disponível no dia seguinte, como se tivesse cometido um erro.

Me lembro de ter ido trabalhar doente umas duas vezes por me sentir culpada em não ir, em outra oportunidade me sentir sobrecarregada, e  assustada por servir de "ponte" entre a criança e o pai dele.

Embora os pais fossem separados, em uma situação específica tive que lidar com uma ligação do pai que me fazia muitas perguntas sobre o Messiah.

A mãe assistia tudo pelas câmeras e comentava depois o que me fazia perceber que estava tomando papéis que não me pertenciam.

A principal responsabilidade, que acreditei ser indevida, foi a de disciplinar o Messiah, o que revelou um grande desafio para mim. Juntas, a mãe e eu decidimos pela técnica do "time-out" para lidar com as birras e comportamentos agressivo que a criança apresentava próximo dos dois anos de idade.

Muitas situações caiam exclusivamente sobre mim, que passava mais tempo com ele do que a própria mãe. Senti-me pressionada a desempenhar o papel além do que me cabia. E entendo hoje, após apoio psicológico, que aquela não era minha função, não cabia a minha correção de Messiah.

Nos últimos meses, eu estava enfrentando uma intensa pressão pessoal já que estava organizando o meu casamento e possuía problemas financeiros na minha casa. Cansada e emocionalmente sobrecarregada, minhas forças estavam se esgotando. Entrei em um processo de estresse intenso, devido às questões do trabalho, familiares e do casamento, que me levou a um caso de Burnout.

Mas quero registrar que eu possuia a consciência das câmeras ao meu redor, não eram como foi relatado em alguns jornais, câmera escondidas, ou pelo ali colocadas pelo fato da mãe estar com receio da minha ação, essa sempre confiou muito em mim.

O incidente em que a mãe do Messias verificou as gravações de vídeo foi um divisor de águas. Ela viu um comportamento agressivo meu que, eu também não reconheci como meu, não me reconheço naquela pessoa das filmagens, logo eu, que sempre fui tão atenciosa, doce e amável com toda criança e em especial com o Messiah.

Após ser abordada pela mãe e entender o contexto de tudo que teria ocorrido, pedi perdão, tentando explicar a situação, mas a reconciliação foi impossível.  Senti-me profundamente arrependida, ciente de que havia outros momentos que poderiam ser vistos como atos semelhantes, o que não me orgulho. Afinal foram quase dez meses naquela família, sempre com a confiança da mãe. Por quase dois anos trabalhei como Nany em várias famílias e com o Messias e nunca ocorreu nenhuma agressão ou nada semelhante.

No dia, a mãe compreensivelmente, entrou em confronto e exigiu que eu saísse da sua vida e da vida do Messiah. A situação rapidamente escalou transformando-se em uma tempestade de raiva e acusações nas redes sociais. O ódio e as ameaças contra a minha vida e a integridade física minha e de meus familiares vieram intensamente, mesmo depois que me afastei em reconhecimento dos meus erros. Em meio a dor e ao caos emocional, minha única intenção era proteger minha família, meus amigos e até mesmo aqueles que eu servia, pois por ações de pessoas determinadas, que não convém neste momento indicar nomes, essas pessoas próximas foram atacadas injustamente nas redes sociais, por erros que apenas podem ser imputados a mim.

Tive que abandonar a  minha vida, para proteger meus entes queridos, meu casamento iria acontecer dia 21 de setembro e foi cancelado em decorrência do medo que eu e minha família tivemos após a divulgação do caso, um sonho que perdi em decorrência dos meus atos, que devo assumi-los.

Nos últimos dias, pelo que aconteceu vivenciei o ódio das redes sociais, e de  pessoas que nem conhecia, o ódio esse passado aos meus pais, ao meu noivo e alguns amigos, eu não posso permitir que continue, por esse motivo, estou em um local seguro, mas a disposição da justiça para cumprir com as minhas obrigações.

Diferente do que todos dizem, não estou foragida, até por inexistir qualquer mandado de prisão ou que determine minha apresentação, mas apenas encontrei abrigo, para proteger a todos que eu amo e estão sendo atacados injustamente.

Quero ao final dizer que a pressão emocional intensa que eu estava vivenciando levou a um momento que  minhas correções foram mais firmes, e extrapolaram os meus próprios limites. Eu estava apenas tentando mostrar ao Messiah que certos comportamentos não eram adequados. Em nenhum momento houve a intenção de machucá-lo e acredito que pela relação positiva que sempre tivemos, ele nunca se sentiu ameaçado por mim.

Este episódio deixou marcas profundas e lições sobre tênues limites da responsabilidade, das pressões externas e internas e da necessidade de respeitar os nossos próprios limites antes que algo se quebre de forma irreversível.

E de forma pública digo que estou à disposição do sistema da justiça, assim como estive em casa por vários dias antes de procurar abrigo, o que fiz para permitir que meus familiares, amigos e meu noivo possam se seguirem paz com suas vidas, uma vez que tenho medo do que possa ser feito para essas pessoas amadas.

Peço perdão a Leanna e ao Messiah pelos meus excessos, tenho muito carinho por esse menino tão doce amável, que por atos meus, não terei mais a presença física. Peço desculpas a todos e a todas as mães e pessoas que viram os vídeos, pois sei como esses podem afetar diretamente a todos, e me perdoem, pois errei e farei o possível para corrigir isso.

Obrigada,

Gabriela Caramigo  

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