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Publicado em 30/09/2024 as 4:00pm

O passado brasileiro do pai de Kamala Harris

Donald Jasper Harris, economista jamaicano e cidadão americano, já era um profissional...

Donald Jasper Harris, economista jamaicano e cidadão americano, já era um profissional renomado quando visitou o Brasil em 1990. Na época, era professor na Universidade de Stanford e autor de importantes obras, incluindo Capital Accumulation and Income Distribution (1978).

Harris veio ao Brasil através do programa Fulbright, onde participou de seminários e conferências em universidades brasileiras. Ele fez várias visitas ao país durante a década de 1990, deixando uma forte impressão em seus alunos e colegas.

Jorge Thompson Araujo, ex-aluno da Universidade de Brasília (UnB), lembra Harris como uma figura acessível e amigável, embora um pouco reservada. Harris se socializava com os estudantes, participando de eventos como churrascos e encontros em bares próximos ao campus.

O nome de Harris voltou a ganhar destaque nos EUA em 2020, quando foi mencionado durante um debate presidencial por Donald Trump. Ele criticou sua filha, Kamala Harris, candidata à vice-presidência na época, mencionando as ideias de Harris, embora Kamala não tenha respondido à provocação.

O interesse de Harris pelo Brasil começou na década de 1960. Ele escreveu uma resenha sobre o livro Dialética do Desenvolvimento, de Celso Furtado, e publicou um artigo na revista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 1974, refletindo seu envolvimento com a economia brasileira.

Harris foi convidado a ministrar aulas na UnB pelo professor Joanílio Teixeira, que também o hospedou por um período. Embora as aulas fossem ministradas em inglês, o que causava certa dificuldade aos alunos, seu conteúdo era reconhecido como altamente desafiador e valioso.

Aos 86 anos, Donald Harris continua sendo professor emérito de Stanford, onde foi o primeiro professor negro com estabilidade no Departamento de Economia. Ao longo de sua carreira, ele atuou como consultor para diversas organizações internacionais, além de manter laços com a Jamaica, seu país natal.

Kamala Harris, em seu livro The Truths We Hold, descreve o relacionamento dos pais, afirmando que, apesar de se amarem, suas diferenças eram evidentes e levaram à separação. Em 1972, sua mãe, Shyamala, pediu o divórcio e assumiu a responsabilidade de criar Kamala e sua irmã, Maya, embora o pai continuasse presente em suas vidas, passando tempo com elas nos fins de semana e durante as férias.

Donald Harris, em um texto publicado em 2019, afirmou que a relação com suas filhas foi dificultada após a batalha pela custódia, mas ele nunca abandonou seu papel como pai. Ele lembrou das visitas que fez à Jamaica com as filhas ainda pequenas, onde procurou mostrar-lhes a realidade econômica e social do país e ensinar-lhes sobre a importância do esforço e da empatia por aqueles marginalizados.

Harris sempre desejou que suas filhas soubessem que, com determinação, poderiam alcançar grandes coisas, sem esquecer dos menos privilegiados. Ele dedicou seu livro de 1978 a Kamala e Maya, reforçando sua ligação com elas, mesmo após as dificuldades familiares.

Donald, que raramente fala sobre a carreira política de Kamala, se pronunciou publicamente em 2019, criticando um comentário feito por ela sobre a relação de sua família com a maconha. Ele expressou seu desagrado em ver a identidade jamaicana de sua família ligada a estereótipos e declarou que seus ancestrais se revirariam no túmulo com tal associação.

Jorge Thompson Araujo, ex-aluno de Harris na UnB, relatou sua admiração pelo economista, afirmando que a convivência acadêmica foi enriquecedora para ambas as partes. Harris trouxe contribuições importantes para o departamento de economia da UnB, e sua experiência no Brasil também ajudou a ampliar sua visão sobre desenvolvimento econômico.

Araujo conta que, anos após o período de convivência em Brasília, utilizou os ensinamentos de Harris em sua pesquisa de doutorado na Inglaterra. Ao enviar seu trabalho para o professor, recebeu uma resposta positiva, que guarda até hoje com carinho.

A experiência de Harris no Brasil foi transformadora para ele, e Araujo acredita que essa troca com economistas brasileiros e a exposição às questões sociais do país ajudaram a moldar sua compreensão sobre as complexidades do desenvolvimento econômico.

Fonte: Da redação

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