Influenciador brasileiro é investigado por ensinar “como importar produtos dos EUA sem taxa”

Na manhã desta terça-feira (1), a Polícia Federal (PF) e a Receita Federal deflagraram a Operação Ifraud, que visa desmantelar um esquema de importação ilegal de smartphones em São Paulo, tendo como alvo o influenciador digital Mayke Garbo Gomes Pereira, conhecido como Mayke Garbo.

O influenciador é investigado por crimes de descaminho e falsidade ideológica, e se apresenta como especialista em importação de celulares sem o pagamento de tributos.

A operação envolve a execução de oito mandados de busca e apreensão em várias cidades do estado de São Paulo e em Maceió, onde uma empresa ligada ao esquema de importação também é investigada. Ao todo, 25 fiscais da Receita Federal e 35 agentes da Polícia Federal foram mobilizados para esta ação.

De acordo com as autoridades, com uma base de seguidores que soma 627 mil no Instagram e 250 mil no YouTube, Mayke Garbo promove atividades ilegais e oferece cursos online, onde afirma ter mais de 25 mil alunos, ensinando como construir um “negócio altamente lucrativo”.

A PF destacou que ele orientava seus alunos a realizar compras de smartphones diretamente dos Estados Unidos, utilizando "sites parceiros" que garantiriam a importação sem o pagamento dos devidos impostos.

Além de ensinar práticas ilegais, Mayke Garbo também estaria diretamente envolvido na distribuição dos aparelhos importados de maneira ilícita. Documentos da Receita indicam que a empresa responsável por essas operações movimentou R$ 45 milhões em 2023 e adquiriu R$ 1,8 milhão em criptomoedas. Nos primeiros 100 dias de 2024, a companhia já havia vendido mais de 3 mil smartphones, totalizando um faturamento superior a R$ 14 milhões, tudo sem a emissão de notas fiscais.

A investigação revelou que o esquema de Mayke Garbo causou um prejuízo estimado em R$ 50 milhões aos cofres públicos. Enquanto o influenciador ostenta carros e mansões luxuosos, muitos de seus alunos viram suas encomendas apreendidas pela Receita Federal.

O passado de Mayke Garbo é marcante: ele começou sua trajetória como faxineiro em uma loja de materiais de construção e, aos 21 anos, tornou-se agente penitenciário. Em suas redes sociais, ele afirma ter lucrado mais de R$ 9 milhões com a venda de produtos importados até março deste ano, destacando os ganhos de seus alunos, que, segundo ele, podem chegar a milhares de reais mensais.

A Operação Ifraud não se limita apenas a Mayke Garbo, mas busca identificar outros possíveis participantes no esquema. Os envolvidos poderão enfrentar acusações que vão desde lavagem de dinheiro até associação criminosa, descaminho e falsidade ideológica, ampliando o alcance das investigações sobre o comércio ilegal de eletrônicos no Brasil.

Fonte: Da redação