Publicado em 4/10/2024 as 9:00pm
Contrabandista de pessoas gera disputa judicial entre Brasil e EUA
Fonte: Da redação
Em uma disputa judicial que envolve Brasil e Estados Unidos, Saifullah Al Mamun, um bengalês preso em Itaí, São Paulo, é apontado pela Polícia Federal como o “maior contrabandista de pessoas do mundo”. Detido em 2019 durante uma operação internacional contra redes de coiotes, ele enfrenta a possibilidade de extradição para os EUA, onde é acusado de crimes graves relacionados ao tráfico de pessoas.
Al Mamun foi capturado no Brás, região central de São Paulo, durante as operações Estação Brás e Bengal Tiger, que abarcaram 20 países e investigavam o envio de imigrantes para os EUA. Ele foi condenado no Brasil a 22 anos e 2 meses de prisão por promoção de migração ilegal e lavagem de dinheiro. Sua rede criminosa, de acordo com a Polícia Federal, movimentou mais de R$ 10 milhões entre 2016 e 2019, facilitando a entrada ilegal de cerca de 200 pessoas nos EUA.
Os Estados Unidos buscam a extradição de Al Mamun para que ele enfrente ao menos oito processos por remessa ilegal de imigrantes e conspiração, crimes que podem resultar em penas severas, incluindo prisão perpétua e pena de morte, especialmente no Texas. A defesa de Al Mamun contesta essas acusações, argumentando que os processos se referem apenas a favorecimento da imigração ilegal e não ao tráfico de pessoas.
Em outubro de 2023, o ministro Luiz Fux do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu a Al Mamun progressão para o regime semiaberto, permitindo saídas temporárias. Sua defesa argumenta que, devido a uma deficiência física, ele deve ser transferido para o regime aberto, minimizando a gravidade das acusações que enfrenta.
As investigações revelaram que os imigrantes eram mantidos em cárcere privado e submetidos a maus-tratos no Brás, onde pagavam R$ 72 mil à quadrilha – um pagamento inicial de R$ 25 mil e o restante para a viagem até os Estados Unidos. Após essa etapa, os imigrantes enfrentavam uma jornada arriscada, passando por vários países da América Latina, incluindo Peru, Equador e México, até chegar à fronteira dos EUA.
Muitos imigrantes que utilizam essa rota clandestina enfrentam condições extremas, incluindo longas caminhadas na perigosa Selva de Darién, onde cartéis do narcotráfico controlam a área e as chances de sobrevivência são mínimas. Relatos indicam que até oito bengaleses foram sequestrados por cartéis na fronteira e, embora tenham sido resgatados, foram deportados.
À medida que a disputa judicial se desenrola, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, questões de segurança, direitos humanos e o impacto das redes criminosas na vida de imigrantes vulneráveis permanecem em evidência. A decisão do STF sobre a extradição de Al Mamun poderá ter repercussões significativas nas políticas de imigração e nas operações de combate ao contrabando na região.