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Publicado em 23/10/2024 as 6:00pm

Diretora da MIRA fala sobre o valor de ajudar imigrantes

Elizabeth Sweet é diretora executiva da Massachusetts Immigrant and Refugee Advocacy Coalition...

Elizabeth Sweet é diretora executiva da Massachusetts Immigrant and Refugee Advocacy Coalition (MIRA), a maior organização sem fins lucrativos da Nova Inglaterra dedicada à promoção dos direitos e à inclusão de imigrantes e refugiados. Ela publicou um texto no Commonwealth Beacon onde compartilhou a sua experiência sobre o valor de ajudar imigrantes.

Veja a aseguir parte do texto:

Naquela noite de março, ao abrir minha casa para uma família haitiana, eu estava um pouco nervosa. Eu sabia que o básico estava coberto – lençóis limpos, itens de higiene e brinquedos para a criança –, mas ainda me preocupava com detalhes: “Será que preciso de um assento de carro?” ou “E se eles não gostarem da comida que preparei?”. Quando a família chegou – mãe, pai e uma menina de seis anos com um sorriso no rosto –, eles entraram devagar, carregando seus poucos pertences, e me abraçaram com força. Depois de deixá-los se acomodarem, voltei mais tarde para ver se queriam jantar, mas os encontrei dormindo profundamente. Descobri depois que a família havia cruzado a fronteira apenas uma semana antes, após uma longa jornada desde o Haiti.

O que mais me impressionou, ao relembrar aquela noite, foi a força e resiliência dessa família que apenas queria se sentir segura. Em meio a comentários maldosos contra imigrantes haitianos, percebi que aqueles que espalham o medo estão profundamente enganados. Nossos novos vizinhos haitianos são pessoas fortes, capazes e sempre prontas a retribuir qualquer bondade que recebem.

Durante esse tempo, aprendi que essas famílias preferem se virar sozinhas, mesmo nas tarefas mais simples. Uma vez, após levá-los ao supermercado, eles optaram por caminhar um quilômetro e meio com as compras na volta para casa, sem reclamar. Elas sempre se oferecem para ajudar em qualquer coisa – seja limpar a casa, tirar o lixo ou até alimentar meu gato. Embora haja momentos de desencontros e mal-entendidos, tem sido um prazer recebê-las.

Não quero que essas famílias sintam que precisam ajudar em casa, mas sim que se sintam seguras e bem-vindas, merecendo o descanso depois de uma jornada tão difícil. A realidade que elas enfrentam é inimaginável para a maioria de nós: fugindo da violência das gangues e desastres naturais no Haiti, famílias se deslocam para tentar sobreviver. Aqui em Massachusetts, muitos haitianos vivem a constante preocupação de saber se seus familiares e amigos no Haiti ainda estão vivos.

Infelizmente, a recente decisão do estado de Massachusetts de reduzir o número de abrigos disponíveis para famílias imigrantes tem sido decepcionante. Limites no número de camas e noites permitidas em abrigos deixam muitas dessas famílias sem opções seguras.

Acolher uma família em minha casa foi uma forma de afirmar meus valores e oferecer uma solução, por menor que seja, em tempos tão difíceis. Acredito que todos podem ajudar de alguma forma. Se não for hospedando uma família, há outras maneiras de contribuir: doando itens essenciais, apoiando organizações sem fins lucrativos que trabalham com imigrantes, contratando imigrantes em nossas empresas e defendendo uma atitude acolhedora.

Massachusetts tem recursos para continuar investindo em novos moradores. Oferecer aulas de inglês, programas de treinamento profissional e, sim, abrigo, ajuda essas famílias a se estabilizarem e se integrarem mais rapidamente às nossas comunidades. Os dados mostram que os imigrantes contribuem significativamente para a economia. De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA, o atual fluxo migratório pode gerar US$ 1,2 trilhão em receitas federais entre 2024 e 2034. No estado, há uma demanda crescente por mão de obra, e os imigrantes podem preencher essas lacunas, tanto em cargos qualificados quanto não qualificados.

Se o estado está reduzindo o número de abrigos, é crucial incentivar mais moradores a acolherem famílias. Iniciativas como conectar famílias a anfitriões e oferecer auxílios financeiros para cobrir despesas são um bom começo, mas é preciso uma colaboração mais forte entre o governo, empresas e líderes comunitários para promover essas políticas de forma eficaz.

Enquanto figuras anti-imigrantes continuam a propagar discursos falsos e perigosos, minha experiência hospedando famílias haitianas me mostrou a realidade: pais e filhos generosos, bondosos e resilientes. Espero que, ao apoiarmos novos imigrantes, mais pessoas possam descobrir essa verdade em primeira mão.

 

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