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Publicado em 4/11/2024 as 3:00pm

Polícia desmonta esquema de contrabando de imigrantes do Brasil para os EUA que cobrava R$ 50 mil por travessia

Em operação nacional, a Polícia Federal desarticula grupo que aliciava migrantes asiáticos e cobrava cerca de R$ 50 mil por travessias ilegais até os Estados Unidos


A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (31) uma operação de grande escala contra um grupo criminoso que aliciava migrantes de países asiáticos, como Bangladesh e Nepal, para travessias ilegais aos Estados Unidos. O grupo cobrava aproximadamente R$ 50 mil por pessoa para viabilizar o complexo percurso, que incluía, entre outros trechos, uma arriscada travessia terrestre pelo deserto mexicano.

Segundo as investigações, o esquema tinha início no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, onde o grupo facilitava a entrada dos migrantes no Brasil. A partir de São Paulo, os envolvidos encaminhavam as vítimas para o Norte do país, utilizando cidades fronteiriças como Assis Brasil, no Acre, e Guajará-Mirim, em Rondônia, para acessar o Peru e a Bolívia, de onde os migrantes seguiam para o México com destino final aos Estados Unidos.

Mobilização Nacional da Polícia Federal
Ao todo, 104 agentes da PF foram mobilizados para cumprir 35 mandados de busca e apreensão, além de sete mandados de prisão preventiva. As ordens judiciais, expedidas pela 7ª Vara Federal de Porto Velho, foram cumpridas em diversas localidades, incluindo Porto Velho (RO), Guajará-Mirim (RO), São Paulo (SP), Jardinópolis (SP), Sumaré (SP), Montes Claros (MG), Boa Vista (RR), Assis Brasil (AC) e Manaus (AM).

As investigações revelaram a existência de uma rede extensa de colaboradores, incluindo agentes de viagens, taxistas, hoteleiros e “coiotes” que auxiliavam na execução do esquema, desde a produção de documentos falsos até o transporte e o gerenciamento dos pagamentos.

Riscos e Condições de Vulnerabilidade
Ao longo de 2023, uma série de prisões em flagrante de "coiotes" chamou a atenção da PF para o aumento do tráfico de migrantes na fronteira com a Bolívia. Em 2024, seis pessoas foram presas em flagrante e 22 migrantes do Nepal e da Índia foram resgatados em condições de extrema vulnerabilidade em Guajará-Mirim.

A operação foi motivada, em parte, por dois casos trágicos que ganharam repercussão nacional e internacional. O primeiro deles foi o caso de Lenilda, uma brasileira que, em 2021, tentou atravessar a fronteira do México com os EUA e foi abandonada por amigos e pelo próprio “coiote” após se sentir debilitada pelo cansaço, fome e sede no deserto. Sem apoio, ela foi deixada para trás, e sua família ainda lida com as consequências da tragédia.

Em outro caso, uma jovem de 24 anos, também brasileira, foi roubada, agredida e abusada sexualmente por “coiotes” que facilitavam a passagem entre o México e os EUA. A jovem foi encontrada em estado grave, amarrada em uma fazenda, e precisou ser hospitalizada no México. Sua família iniciou uma campanha online para angariar fundos para seu tratamento.

Crescente Alerta sobre Contrabando Humano
Os recentes desdobramentos das investigações destacam o aumento das atividades de tráfico de migrantes nas rotas de imigração clandestina da América Latina. A Polícia Federal reforçou seu compromisso de combate ao contrabando humano e busca mitigar as condições perigosas enfrentadas pelos migrantes em situações de vulnerabilidade.

Fonte: Da redação

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