Publicado em 16/11/2024 as 7:30pm
‘Coiotes’ brasileiros admitem culpa em esquema de tráfico de imigrantes para os EUA
Fonte: Da redação
Pai e filho, proprietários de dois restaurantes brasileiros em Woburn, Massachusetts (Taste of Brazil & Tudo Na Brasa e The Dog House Bar and Grill), admitiram ser culpados de tráfico de imigrantes ilegais provenientes do Brasil para os Estados Unidos. O pai também se declarou culpado de lavagem de dinheiro.
Jesse James Moraes, 66 anos, e Hugo Giovanni Moraes, 45 anos, ambos de Woburn, confessaram a acusação de incentivar e induzir estrangeiros a entrarem e permanecerem ilegalmente nos Estados Unidos, cientes de que essa ação violaria a lei, com o intuito de obter benefícios comerciais ou ganhos financeiros pessoais. Além disso, Jesse Moraes se declarou culpado de lavagem de dinheiro e tráfico de imigrantes. A juíza do Tribunal Distrital dos EUA, Allison D. Burroughs, marcou as sentenças para 11 de fevereiro de 2025.
O esquema envolvia o recrutamento de pessoas no Brasil para cruzarem a fronteira com o México ilegalmente, mediante pagamento de valores que variavam de US$ 12.000 a US$ 22.000 por pessoa. Os imigrantes eram incentivados a fazer pedidos fraudulentos de asilo ou relacionados a laços familiares (como pais e filhos menores) e recebiam informações falsas sobre contatos nos Estados Unidos para fornecer às autoridades de imigração, caso fossem detidos.
Após a chegada dos imigrantes aos EUA, Jesse e Hugo Moraes os ajudaram a garantir moradia de longo prazo, incluindo apartamentos de propriedade de familiares de Hugo Moraes. Os acusados conseguiram que alguns imigrantes trabalhassem nos restaurantes Tudo Na Brasa & Taste of Brazil e The Dog House Bar and Grill, pagando salários em dinheiro até que os imigrantes obtivessem documentos de identificação, momento em que passavam a ser pagos por cheque.
Os réus também incentivaram os imigrantes a obterem documentos falsificados de identificação, fornecidos por Marcos Chacon Gil, conhecido como "Marquito". Alguns imigrantes pagavam parte de sua dívida com os traficantes por meio de retenção de salários ou cobrança feita por familiares e associados, tanto nos EUA quanto no Brasil.
A conspiração de lavagem de dinheiro, pela qual Jesse Moraes se declarou culpado, envolvia transferências de dinheiro para dentro e fora dos Estados Unidos, com o objetivo de apoiar o tráfico de imigrantes, além de transações financeiras relacionadas aos lucros obtidos com o tráfico.
As vítimas dos crimes ou qualquer pessoa com informações sobre o caso são incentivadas a entrar em contato pelo telefone 888-221-6023, ramal 5, ou enviar um e-mail para USAMA.VictimAssistance@usdoj.gov.
As acusações de conspiração para encorajar e induzir um estrangeiro a entrar, residir ou permanecer ilegalmente nos Estados Unidos, com fins comerciais ou financeiros, podem resultar em até 10 anos de prisão por cada estrangeiro traficado, além de até três anos de liberdade supervisionada e multa de até US$ 250.000. A acusação de conspiração para lavagem de dinheiro prevê pena de até 20 anos de prisão, três anos de liberdade supervisionada e multa de até US$ 500.000 ou o dobro do valor envolvido na transação, o que for maior. A sentença será determinada por um juiz do Tribunal Distrital Federal, com base nas Diretrizes de Penas dos EUA e nas leis que regem a imposição de penas em casos criminais.
O anúncio foi feito na quinta-feira (14) por diversos agentes das autoridades responsáveis, incluindo o procurador em exercício dos Estados Unidos, Joshua S. Levy; Michael J. Krol, agente especial interino das investigações de segurança interna na Nova Inglaterra; Jonathan Mellone, agente especial do Departamento do Trabalho; Harry Chavis Jr., agente especial encarregado das investigações criminais da Receita Federal em Boston; e o chefe de polícia de Woburn, Robert F. Rufo Jr. A investigação contou também com o apoio do Departamento de Polícia de Norwood. O caso é conduzido pelos procuradores assistentes dos EUA, James D. Herbert, Kelly Lawrence e Samuel R. Feldman.