Educadores alertam para temor em escolas diante do discurso de deportações em massa de Trump

A promessa do presidente eleito Donald Trump de realizar deportações em massa está gerando temor em comunidades escolares nos Estados Unidos. Apesar da falta de ações concretas até o momento, o discurso já está afetando o ambiente escolar, segundo educadores e especialistas legais.

Gustavo Balderas, superintendente de escolas em Beaverton, Oregon, recorda como rumores infundados de ações de agentes de imigração em escolas criaram pânico na comunidade durante a primeira presidência de Trump. "As pessoas começaram a se esconder", relembra. Hoje, a preocupação é ainda maior, com escolas preparando planos para evitar o acesso de agentes federais aos seus prédios.

A política federal de 2011, que proíbe operações de imigração em locais considerados sensíveis, como escolas e hospitais, continua em vigor. No entanto, a plataforma política Project 2025, apoiada por aliados de Trump, propõe revogar essa diretriz. Caso isso aconteça, a presença de agentes federais em escolas pode desencadear um efeito dominó de pânico e evasão escolar, alertam líderes comunitários.

Medo e Incertezas

Na cidade de Chelsea, Massachusetts, onde muitos estudantes são filhos de imigrantes centro-americanos e haitianos, o clima é de apreensão. "As crianças continuam vindo à escola, mas estão assustadas", afirma Almudena Abeyta, superintendente local. Os alunos frequentemente perguntam: "Vamos ser deportados?".

A situação é semelhante em outros estados. Uma administradora do Meio-Oeste relatou, sob anonimato, que escolas estão orientando pais a formalizarem planos para cuidar de seus filhos caso sejam deportados. Além disso, organizações como a ImmSchools têm recebido dezenas de pedidos de treinamento e suporte para enfrentar possíveis mudanças nas políticas de imigração.

Resistência e Medidas Protetivas

Alguns distritos escolares, como Denver, Colorado, adotaram políticas explícitas para proteger alunos imigrantes. Uma resolução de 2017 proíbe o acesso de agentes federais a estudantes sem um mandado judicial válido. "Nossa prioridade é servir, apoiar e proteger todos os nossos alunos", afirmou Scott Pribble, porta-voz das Escolas Públicas de Denver.

Entretanto, a resistência encontra barreiras. Superintendentes em estados conservadores relutam em afirmar publicamente medidas de proteção por temerem repercussões políticas. Para Viridiana Carrizales, da ImmSchools, o momento exige coragem. "A educação é um direito constitucional, e cabe às escolas garantir que os alunos se sintam seguros para aprender."

Consequências para o Futuro

Especialistas alertam que o simples discurso sobre deportações em massa já é prejudicial. Hiroshi Motomura, professor da UCLA, destaca que ameaças constantes "inibem a capacidade das pessoas de funcionarem na sociedade e afetam diretamente a educação das crianças".

Com a posse de Trump se aproximando, distritos escolares, como o de Beaverton, se preparam para o pior. "Com Trump, todas as apostas estão fora da mesa", disse Balderas. "Precisamos estar prontos para agir rapidamente."

Enquanto isso, líderes escolares pedem calma e reiteram que suas escolas permanecem abertas e comprometidas em oferecer um ambiente seguro para todos os estudantes, independentemente de seu status migratório.

Fonte: Da redação