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Publicado em 2/12/2024 as 1:00pm

Equipe de Trump afirma que 320 mil crianças imigrantes estão "desaparecidas" nos EUA

Com a posse de Donald Trump se aproximando, sua equipe levantou preocupações sobre o destino...

Com a posse de Donald Trump se aproximando, sua equipe levantou preocupações sobre o destino de crianças migrantes detidas na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Tom Homan, nomeado como czar da fronteira, e outros aliados de Trump afirmam que o governo "perdeu" mais de 300 mil crianças, sugerindo que muitas foram vítimas de trabalho forçado e tráfico humano. No entanto, críticos questionam essas alegações, acusando a equipe de distorcer dados para fins políticos.

Em uma entrevista recente à Fox News, Homan criticou a administração Biden por supostamente liberar menores desacompanhados para patrocinadores não verificados. "Eles têm mais de 300 mil crianças que não conseguem encontrar", afirmou, alegando que muitas foram forçadas a trabalhar ou submetidas ao tráfico sexual. O vice-presidente eleito JD Vance reforçou as mesmas preocupações, dizendo que o Departamento de Segurança Interna "efetivamente perdeu" centenas de milhares de crianças.

Autoridades republicanas também ecoaram essas críticas. O deputado Mark Green chamou as políticas da administração Biden de “falha definitiva”, destacando casos como o de uma menina de dois anos, encontrada na fronteira segurando um papel com um número de telefone.

 

A Realidade por Trás dos Números

As alegações se baseiam em um relatório de agosto do inspetor-geral do Departamento de Segurança Interna, que apontou que, entre 2019 e 2023, 32 mil menores desacompanhados não compareceram às audiências de imigração. Além disso, 291 mil crianças nunca receberam notificações judiciais, lacuna atribuída a ineficiências burocráticas.

Especialistas argumentam que isso não significa necessariamente que as crianças estejam "desaparecidas" ou em perigo. De acordo com Aaron Reichlin-Melnick, do American Immigration Council, o problema reflete um “erro de documentação” e não exploração generalizada. "Quando se ouve 'desaparecidas', pensa-se que alguém está procurando por essas crianças e não consegue encontrá-las. Esse não é o caso", afirmou.

Algumas crianças, segundo especialistas, podem ainda estar nos endereços registrados, mas perderam suas audiências devido a dificuldades logísticas. Contudo, persistem preocupações sobre possíveis casos de tráfico e exploração, reforçando a necessidade de reformas no sistema.

 

O Que Acontece com Menores na Fronteira?

Ao serem detidas na fronteira, crianças desacompanhadas passam inicialmente por processamento com a Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) antes de serem transferidas ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS). O HHS as coloca em abrigos ou sob a responsabilidade de patrocinadores—geralmente familiares—que têm a obrigação de garantir a presença nas audiências de imigração.

Críticos do sistema atual apontam falhas no processo de verificação de patrocinadores e na falta de acompanhamento adequado, deixando as crianças vulneráveis a situações de exploração.

 

O Plano da Administração Trump

Embora a equipe de Trump ainda não tenha detalhado uma estratégia para lidar com menores desacompanhados, especialistas preveem regras mais rígidas para a verificação de patrocinadores e períodos prolongados de detenção. Há também a possibilidade de aplicação do polêmico programa “Permaneça no México” às crianças, obrigando-as a esperar no país vizinho até o resultado de seus processos de imigração.

Alexander Cuic, advogado de imigração, alerta que essas medidas podem resultar em condições mais severas para os menores. “Eles podem priorizar o controle da fronteira em detrimento do bem-estar das crianças”, disse.

 

Um Sistema que Precisa de Reforma

A situação das crianças migrantes expõe falhas graves no processo de imigração dos EUA. Embora a equipe de Trump prometa ações decisivas, críticos enfatizam a necessidade de soluções que priorizem a segurança e o bem-estar dessas crianças vulneráveis. Sem um plano claro, o debate sobre as crianças "desaparecidas" corre o risco de se tornar apenas um ponto de disputa política, em vez de um caminho para uma reforma significativa.

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