Publicado em 19/12/2024 as 8:00pm
San Diego (CA) enfrenta impasse sobre política de deportação com nova presidência de Trump
O Condado de San Diego, na Califórnia, está no centro de uma disputa política e jurídica...
O Condado de San Diego, na Califórnia, está no centro de uma disputa política e jurídica sobre imigração, após o Conselho de Supervisores aprovar uma política que limita a colaboração das prisões locais com o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE). A medida foi desenhada para proteger comunidades imigrantes diante da promessa do presidente eleito Donald Trump de intensificar deportações em massa.
A xerife do condado, Kelly Martinez, rejeitou a diretriz, afirmando que continuará notificando o ICE sobre a liberação de pessoas não autorizadas a permanecer no país. Em comunicado, Martinez destacou que, como autoridade eleita, tem autonomia para definir políticas no sistema prisional. “O Escritório do Xerife seguirá as leis estaduais e manterá práticas que refletem anos de experiência em equilibrar segurança pública e confiança comunitária”, disse.
O que está em jogo
A nova política proíbe que prisões locais notifiquem o ICE sobre liberações sem um mandado judicial e impede entrevistas de detidos com autoridades federais de imigração. Essas diretrizes são semelhantes às adotadas por outros condados da Califórnia, como Los Angeles e São Francisco. No entanto, a resistência da xerife Martinez evidencia tensões internas, mesmo em estados considerados progressistas.
Grupos de direitos dos imigrantes, como o Consórcio de Direitos dos Imigrantes de San Diego, argumentam que a decisão da xerife viola a Lei de Valores da Califórnia (SB 54), que limita o uso de recursos locais para a aplicação de políticas federais de imigração. Em carta, o grupo pediu que Martinez reconsiderasse sua posição.
Para os defensores da política, como Ian Seruelo, presidente do consórcio, a medida é urgente diante do iminente retorno de Trump ao poder. “Estamos prestes a enfrentar uma administração que prometeu deportações em massa”, afirmou.
Impactos na segurança pública
A controvérsia reacendeu debates sobre o impacto da cooperação entre a polícia local e o ICE na segurança pública. Estudos apontam que o medo de deportação desencoraja imigrantes de reportarem crimes, aumentando a vulnerabilidade dessas comunidades.
Dados do Escritório do Xerife mostram que, em 2023, 25 pessoas foram transferidas para o ICE, e 153 liberações de detidos foram notificadas à agência federal. Embora em menor escala do que anos anteriores, como 2020, quando ocorreram 78 transferências, os números refletem uma longa história de cooperação entre o condado e autoridades federais.
Por outro lado, críticos da nova política, como o supervisor Jim Desmond, alertam para riscos à segurança pública. “A política impede a deportação de pessoas condenadas por crimes graves, o que deixa comunidades imigrantes mais vulneráveis”, disse.
Perspectivas para 2025
Com a posse de Trump marcada para janeiro, a disputa em San Diego pode servir como um prelúdio para embates em outras regiões da Califórnia. Apesar de leis estaduais como a SB 54 estabelecerem limites, especialistas alertam para a possibilidade de novas interpretações e estratégias do governo federal.
Para grupos como a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), o avanço de políticas locais de proteção a imigrantes representa um esforço essencial para conter os impactos das deportações. “San Diego tem sido uma exceção em colaborar voluntariamente com o ICE, mas esperamos que isso mude com essa nova política”, afirmou Felicia Gomez, defensora de políticas imigratórias da ACLU.
Fonte: Da redação