Hotel em Taunton (MA) vai deixar de funcionar como abrigo para imigrantes

O Clarion Hotel, em Taunton, Massachusetts, que foi alvo de uma ação judicial no ano passado por abrigar um número excessivo de migrantes, deixará de funcionar como um abrigo estadual para famílias migrantes e sem-teto a partir de julho, marcando o fim do ano fiscal. A decisão foi anunciada pela senadora estadual Kelly Dooner, republicana de Taunton, que descreveu a medida como um "passo significativo" para abordar soluções de habitação de longo prazo.

Em um post nas redes sociais na segunda-feira, Dooner destacou que o sistema de abrigos de emergência em Massachusetts está sobrecarregado e que é necessário priorizar reformas que garantam soluções permanentes de moradia, sem sobrecarregar desproporcionalmente as comunidades locais. "Não podemos continuar sustentando um sistema de abrigos de emergência sobrecarregado", afirmou a senadora.

As famílias atualmente alojadas no Clarion Hotel serão assistidas pela NeighborWorks Housing Solutions, uma organização de serviços sociais, para encontrar moradias estáveis antes do prazo de 30 de junho. Aqueles que não conseguirem uma moradia permanente até lá serão transferidos para outros abrigos administrados pelo estado, conforme explicou Dooner.

O Escritório Executivo de Habitação e Comunidades Habitáveis do estado não respondeu imediatamente a um pedido de informações do Boston Herald sobre quais outros hotéis usados como abrigos serão desativados junto com o de Taunton. No entanto, a governadora Maura Healey já havia sinalizado, em novembro do ano passado, que sua administração planejava eliminar gradualmente a rede de hotéis e motéis usados para expandir a capacidade do sistema de abrigos. Esses estabelecimentos, que podem custar centenas de dólares por noite, foram criticados por serem caros e inadequados para oferecer um ambiente propício à recuperação das famílias.

Além dos custos elevados, os hotéis usados como abrigos têm sido palco de incidentes violentos. Relatórios de "Incidentes Graves", divulgados no mês passado, revelaram casos de estupro de menores, violência doméstica, brigas, embriaguez e tráfico de drogas no sistema de abrigos de emergência de Massachusetts, com registros que remontam a 2022.

O Clarion Hotel, em particular, foi alvo de uma ação judicial movida pela cidade de Taunton no inverno passado, que buscava mais de US$ 100 mil em multas civis. Inspetores descobriram que o hotel abrigava cerca de 450 famílias imigrantes, excedendo em muito o limite de ocupação de 350 pessoas.

A prefeita Shaunna O’Connell destacou que o uso do hotel como abrigo impactou negativamente turismo de negócios na cidade, que normalmente gera US$ 160 mil em impostos anuais. Ela espera que o estado compense Taunton pela perda dessa receita.

"Embora tenhamos simpatia pelos migrantes que fogem de condições instáveis em outros países, nossos recursos são limitados e muitos residentes locais, incluindo idosos e veteranos, também precisam de serviços e moradia", afirmou O’Connell em março do ano passado.

Enquanto isso, os democratas da Câmara de Massachusetts continuam a debater o projeto de lei de Healey, que propõe um orçamento de US$ 425 milhões para o sistema de abrigos no restante do ano fiscal. A governadora também sugeriu políticas para tornar o programa de assistência emergencial mais restritivo, incluindo a remoção da "elegibilidade presumida" para famílias que buscam acesso a benefícios de assistência emergencial. Essas mudanças poderiam barrar migrantes recém-chegados de acessar abrigos estaduais.

A transição do Clarion Hotel de volta às suas funções originais marca um momento crucial no debate sobre como Massachusetts deve equilibrar a assistência humanitária com a sustentabilidade financeira e a segurança das comunidades locais.