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Publicado em 12/02/2025 as 8:00pm

Deportações de Trump enviam trabalhadores da construção de volta às “sombras”

À medida que a repressão à imigração nos Estados Unidos sob o governo Donald Trump se...

À medida que a repressão à imigração nos Estados Unidos sob o governo Donald Trump se expande, com mais de mil detenções por dia, alguns trabalhadores começam a questionar se devem continuar comparecendo aos canteiros de obra. A política de deportações em massa, que visa os cerca de 11 milhões de imigrantes indocumentados no país, pode agravar a crise de acessibilidade habitacional e ampliar a escassez de mão de obra que já ameaça atrasar a construção de moradias e elevar seus preços.

"Certamente estamos ouvindo hesitação", disse Palmira Figueroa, ativista trabalhista e coordenadora de comunicação da National Day Laborer Organizing Network (Rede Nacional de Organizações de Trabalhadores Diários). “Nos últimos dias, tenho pensado muito sobre essa palavra ‘medo’. Isso é exatamente o que a administração está tentando criar: medo para que eles voltem para as sombras", afirmou, referindo-se aos trabalhadores migrantes.

A rede, que apoia trabalhadores informais, como aqueles responsáveis pela preparação de terrenos e controle de tráfego, tem observado um crescente receio entre os trabalhadores migrantes. A indústria da construção civil tem se tornado cada vez mais dependente de mão de obra estrangeira nos últimos anos, mas as novas políticas de Trump estão gerando preocupações sobre os impactos diretos e indiretos no setor.

Em setembro de 2024, a indústria da construção tinha 228.000 vagas não preenchidas. Para acompanhar a demanda, será necessário contratar 439.000 novos trabalhadores até o final do ano e 1,5 milhão no ano seguinte, de acordo com a previsão da Associação de Construtores e Empreiteiros, uma entidade do setor. "A realidade é que a economia e este país realmente precisam de nós, e do nosso trabalho. A mão de obra imigrante não é apenas necessária, mas essencial", afirmou Figueroa.

O setor da construção, especialmente em estados como Califórnia e Nova Jersey, onde a proporção de trabalhadores imigrantes chega a 40%, depende em grande parte de trabalhadores migrantes. Em 2023, a participação de trabalhadores imigrantes no setor da construção atingiu um recorde de mais de 25% do total, de acordo com a Associação Nacional de Construtores de Casas (NAHB).

Jose Sueiro, chefe da Associação de Empreiteiros Hispanos da Região Metropolitana de D.C., destacou que a indústria da construção na região é predominantemente hispânica, com mais de 50% dos trabalhadores e pequenas empresas sendo de propriedade de latinos. Ele alerta que o medo gerado pela repressão à imigração pode paralisar não apenas o setor da construção, mas outros setores igualmente dependentes dessa força de trabalho. "As mudanças nos padrões de trabalho, as pessoas evitando certos lugares ou ficando em casa, paralisarão a nossa indústria, mas também outras, porque nossa força de trabalho é a que constrói a América", afirmou Sueiro.

Embora a NAHB incentive seus membros a empregar apenas trabalhadores legais, a repressão à imigração pode gerar efeitos indiretos que afetam ainda mais a construção de moradias. Segundo Jim Tobin, CEO da associação, a falta de trabalhadores pode afetar negativamente a disponibilidade de casas, resultando em preços mais elevados. Um estudo sobre o programa "Communities Seguras" iniciado em 2008, por exemplo, constatou que, após três anos de implementação, os condados afetados perderam quase um ano de construção residencial, o que resultou em um aumento de até 20% nos preços das casas novas e de até 10% nas casas existentes.

Tobin refuta a ideia do governo Trump de que as deportações possam aliviar a pressão sobre os preços das casas, sugerindo que o impacto negativo da falta de construção se traduzirá em preços mais altos do que seriam em uma situação sem a repressão.

Trabalhadores Vulneráveis e Ameaças de Retaliação
Além disso, os ativistas trabalhistas apontam que, embora a repressão à imigração de Trump tenha ganhado destaque, ela se insere em um padrão de marginalização dos trabalhadores imigrantes, que frequentemente enfrentam vulnerabilidades, como o medo de retaliações por parte dos empregadores. Merle Payne, diretor do Centro de Trabalhadores Unidos en la Lucha, em Minneapolis, destaca que a situação atual reforça a necessidade de garantir direitos aos trabalhadores, prevenindo abusos como roubo de salários e condições de trabalho inseguras. "O status migratório pode ser um dos problemas que tornam as comunidades vulneráveis, quando os empregadores ameaçam chamar a imigração ou a polícia por causa de queixas", afirmou Payne.

O CTUL tem trabalhado no desenvolvimento de um padrão de segurança e respeito no ambiente de trabalho, conhecido como "Building Dignity and Respect", que busca garantir condições básicas de segurança e tratamento justo para os trabalhadores. "Estamos vendo isso como um momento para fortalecer a organização independente dos trabalhadores, para garantir que eles possam se manifestar e falar sobre seus direitos sem medo de retaliação", afirmou Payne.

Fonte: Da redação

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