Trump transfere agentes de imigração por não cumprir meta de prisão de imigrantes

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não está satisfeito com o ritmo das operações de prisão de imigrantes em situação irregular, mesmo após a detenção de 11 mil pessoas nos primeiros 18 dias de ações coordenadas pelo Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE). A meta diária estabelecida por Trump na primeira semana de governo era de 1.200 a 1.500 prisões, mas, segundo relatórios internos do ICE, esse número só foi atingido uma vez, no dia 26 de janeiro, quando 1.179 detenções foram realizadas. A média diária ficou abaixo do esperado, o que levou a mudanças no comando da agência.

Como consequência da pressão por resultados mais expressivos, dois altos funcionários do ICE foram transferidos na terça-feira (11). Russell Hott e Peter Berg, os dois principais responsáveis pela divisão de fiscalização do ICE, foram realocados em meio a uma reestruturação descrita pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) como parte de uma "cultura de responsabilidade" necessária para garantir a eficiência da agência. A porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin, afirmou em comunicado que a liderança do ICE está comprometida em atender às demandas do presidente, do secretário do DHS e do povo americano, que "exigem resultados".

A insatisfação de Trump com os números de prisões já havia sido sinalizada em janeiro, quando uma reportagem do jornal The Washington Post revelou que agentes do ICE poderiam ser responsabilizados caso não cumprissem as metas diárias de detenções. Apesar do aumento no ritmo das operações no final de janeiro, com 800 a 1.200 prisões por dia, a fiscalização diminuiu em fevereiro. Segundo três fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters, os centros de detenção ficaram superlotados, e as equipes adicionais de fiscalização tiveram que retornar para suas bases.

Tom Homan, o "czar da fronteira" de Trump, reforçou a necessidade de intensificar as ações durante uma entrevista à Fox News no final de janeiro. "É um grande começo, mas não terminamos. Precisamos de mais deportações, muitas mais. E estamos trabalhando nisso", afirmou Homan, destacando que as operações de prisão e deportação em massa estão apenas no início.

A meta agressiva de prisões faz parte da política de imigração de "tolerância zero" adotada por Trump, que prioriza a deportação de imigrantes em situação irregular, especialmente aqueles com histórico criminal. No entanto, a abordagem tem gerado críticas de grupos de defesa dos direitos dos imigrantes, que argumentam que as operações criam um clima de medo e insegurança em comunidades inteiras, além de sobrecarregar o sistema de detenção.

Enquanto o governo Trump continua a pressionar por mais resultados, a situação no ICE reflete os desafios de implementar uma política de imigração tão ambiciosa e controversa. A realocação de Hott e Berg sugere que a administração está disposta a fazer mudanças drásticas para atingir suas metas, mas a capacidade operacional da agência e a superlotação dos centros de detenção podem limitar o alcance desses esforços.

O debate sobre imigração promete permanecer no centro das atenções, com o governo buscando equilibrar a aplicação da lei e as demandas por eficiência.

Fonte: Da redação