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Publicado em 15/02/2025 as 6:00pm

Ex-militar brasileiro, condenado por um massacre em 2015, admite ter mentido para conseguir visto dos EUA

Fonte: Da redação


Um ex-policial militar brasileiro que reside em Massachusetts e foi condenado por um massacre em seu país se declarou culpado por omitir seu histórico criminal ao solicitar um visto para os EUA, segundo informou a Promotoria Federal dos EUA.

Antonio José De Abreu Vidal Filho, de 31 anos, brasileiro residente em Malden, admitiu culpa em duas acusações de perjúrio em um tribunal federal em Boston, conforme anunciado pela promotora Leah Foley na quinta-feira.

A juíza distrital Denise Casper marcou a sentença para 29 de maio. Vidal Filho segue sob custódia federal.

Após sua condenação no Brasil em 2023, ao solicitar um visto para os EUA, Vidal Filho “não revelou sua prisão em um caso envolvendo o assassinato de 11 pessoas, na maioria adolescentes, no Brasil”, afirmou Foley.

Um grande júri federal apresentou uma acusação formal contra ele em maio.

Em 14 de agosto de 2023, autoridades federais prenderam o fugitivo internacional em um canteiro de obras em Rye, New Hampshire, onde ele trabalhava como telhador. A prisão ocorreu após ele se tornar alvo de um Alerta Vermelho da Interpol, com o apoio de cinco policiais locais.

“Não fazíamos ideia, nenhuma”, disse Sammy Johnson, um carpinteiro que presenciou a captura, ao canal Boston 25 em 2023.

Johnson contou que conhecia Vidal Filho apenas como "Tony", um telhador comum, e ficou surpreso ao descobrir que trabalhava ao lado de um criminoso perigoso na construção de uma casa em Rye, uma cidade litorânea de New Hampshire.

“O cara parecia normal, conversava casualmente. É inacreditável como alguém pode entrar em New Hampshire sem levantar suspeitas”, disse Johnson na época.

A captura de Vidal Filho ocorreu cerca de dois meses após sua condenação no Brasil pelo massacre de 11 pessoas, episódio conhecido como “Chacina do Curió”.

Em 25 de junho de 2023, ele foi condenado a 275 anos e 11 meses de prisão pelo Tribunal de Fortaleza, Ceará, pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio e tortura física e psicológica. No mesmo dia, foi expedido um mandado de prisão.

Além dele, outros três policiais militares foram condenados pelo massacre, que leva o nome do bairro onde ocorreu, em Fortaleza.

Vidal Filho ingressou na Polícia Militar do Ceará em abril de 2014. As forças estaduais são responsáveis pelo policiamento ostensivo nas ruas.

Na madrugada de 12 de novembro de 2015, vários policiais militares, incluindo Vidal Filho, “participaram de uma chacina” que vitimou principalmente adolescentes de bairros periféricos de Fortaleza, como Barroso, Messejana, Guajeru, Curió e Lagoa Redonda, segundo os promotores.

O massacre teria sido uma retaliação pela morte de um policial que tentou defender sua esposa de uma agressão.

Ao todo, 11 pessoas foram mortas e várias outras ficaram feridas ou foram torturadas. As autoridades brasileiras indiciaram 45 pessoas pelo crime, incluindo Vidal Filho.

Ele foi preso em 31 de agosto de 2016 e libertado provisoriamente em 24 de maio de 2017, enquanto aguardava julgamento.

Duas semanas depois, em 9 de junho de 2017, ele solicitou um visto de visitante B2 para os Estados Unidos em Recife.

Ao preencher o formulário, ele negou ter sido preso ou condenado por algum crime, segundo Foley.

O visto foi aprovado em 21 de junho de 2017, e ele entrou nos EUA em 30 de maio de 2018, desembarcando em Miami.

Entre 2018 e 2023, ele obteve carteiras de motorista, um número de seguridade social, documentos de viagem e autorizações de trabalho nos EUA, segundo a promotoria.

Em 29 de janeiro de 2020, Vidal Filho solicitou asilo político e “mentiu ao afirmar que nunca havia sido acusado, processado, preso ou interrogado fora dos Estados Unidos”, afirmou Foley.

Ele também omitiu sua prisão no Brasil ao solicitar a regularização de status migratório junto ao Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA.

Em 9 de fevereiro de 2024, durante uma audiência no Tribunal de Imigração, ele alegou sob juramento que nunca havia mentido às autoridades americanas e que omitiu informações apenas porque ainda não havia sido preso na época.

Se condenado pelo uso indevido de documentos de imigração, ele pode pegar até 10 anos de prisão, três anos de liberdade supervisionada e multa de até US$ 250.000.

Pelo crime de perjúrio, a pena pode chegar a cinco anos de prisão, além de três anos de liberdade supervisionada e multa de até US$ 250.000.

Já pela acusação de falsificação e ocultação de informações, ele pode ser condenado a até cinco anos de prisão, três anos de liberdade supervisionada e multa de até US$ 250.000.

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