Autoridades de CT dizem que não serão intimidados com ameaças de Trump contra quem resistir aos esforços de deportação

A administração do presidente Donald Trump emitiu um forte aviso para autoridades estaduais e locais que resistirem às políticas federais de imigração, com um memorando do Departamento de Justiça orientando os promotores a considerar ações legais contra aqueles que obstruírem as deportações. No entanto, autoridades de Connecticut estão se opondo, afirmando que não serão intimidadas ou coagidas a cumprir demandas federais que consideram violar princípios constitucionais.

O memorando do Departamento de Justiça, divulgado esta semana, enfatiza a necessidade de os oficiais locais “cumprirem com as iniciativas de execução de imigração do poder executivo,” deixando claro que a lei federal proíbe que atores estaduais e locais resistam ou obstruam comandos legais relacionados à imigração. Esta diretiva vem enquanto Trump reafirma seu compromisso de supervisionar “a maior operação de deportação doméstica da história dos Estados Unidos,” uma promessa que ganhou grande atenção durante sua campanha presidencial.

Em resposta, a liderança estadual de Connecticut expressou ceticismo quanto à legalidade e constitucionalidade da diretiva de Trump. O presidente do Senado, Martin Looney, um advogado de New Haven, desafiou a abordagem do presidente, citando a 10ª Emenda da Constituição dos EUA.

Looney argumentou que essa emenda reserva os poderes não explicitamente concedidos ao governo federal para os estados, particularmente em áreas relacionadas à segurança pública e saúde. Ele chamou a proposta do presidente de “constitucionalmente insustentável” e criticou a ideia de processar autoridades locais por exercerem suas funções.

Looney, que representa uma cidade conhecida pelo apoio às comunidades imigrantes, alertou que as ações do presidente não são apenas extremas, mas podem acarretar graves consequências para as comunidades locais. Em sua cidade natal, New Haven, as autoridades há muito se opõem às políticas de imigração de Trump, e a cidade se tornou um reduto de apoio aos imigrantes. Looney ainda observou que a ameaça de uma acusação federal não é a única ferramenta que a administração Trump pode usar; a retenção de subsídios federais para Connecticut é uma preocupação mais imediata. O estado atualmente recebe cerca de 1,9 bilhão de dólares em subsídios federais anualmente, e Trump poderia usar essa alavancagem financeira para pressionar Connecticut a cumprir suas demandas.

O procurador-geral William Tong, filho de imigrantes, ecoou os sentimentos de Looney. Tong afirmou que as autoridades locais de Connecticut não estão obstruindo o trabalho do U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE). “Connecticut vai respeitar, honrar e proteger imigrantes e famílias imigrantes em total conformidade com a lei,” disse Tong. Ele também enfatizou que o estado continuará a trabalhar dentro dos limites das leis federais e estaduais, afirmando que qualquer sugestão em contrário era “falsa.”

Tong alertou a administração Trump contra o abuso de seu poder, afirmando que Connecticut não será "intimidado ou coagido" por táticas políticas. Ele se comprometeu a que o escritório do Procurador-Geral apoiaria autoridades locais que fossem injustamente alvo de ataques por desempenharem suas funções, sublinhando o compromisso de Connecticut em proteger tanto sua população imigrante quanto seus marcos legais.

Por outro lado, os republicanos de Connecticut demonstraram mais apoio à posição de Trump, respaldando os esforços da administração para afirmar a autoridade federal sobre questões de imigração. O senador Rob Sampson, um republicano de Wolcott, argumentou que a imigração é uma responsabilidade federal, conforme delineado na Constituição dos EUA. Sampson sustentou que os estados que interferem na lei federal de imigração devem ser responsabilizados, reafirmando sua crença na "ordem jurídica."

De maneira semelhante, o líder republicano do Senado, Stephen Harding, expressou concordância com a posição do presidente, insistindo que a lei federal deve prevalecer. Harding enfatizou que indivíduos que se interpõem na aplicação da imigração, particularmente aqueles envolvidos em atividades criminosas, devem enfrentar consequências. Ele manteve que a aplicação da lei de imigração é crucial para a segurança do país e que deportar criminosos violentos que estão ilegalmente nos EUA deve ser uma prioridade.

À medida que as tensões entre as autoridades federais e estaduais continuam a crescer, os líderes de Connecticut permanecem resolutos em sua posição: não permitirão que o estado seja coagido a adotar políticas que consideram inconstitucionais ou prejudiciais às comunidades imigrantes. Enquanto as ameaças da administração Trump continuam a dominar a conversa nacional, as autoridades de Connecticut estão preparadas para desafiar qualquer esforço que infrinja sua autonomia e continuar defendendo a proteção dos imigrantes dentro de seu estado.

Fonte: Da redação