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Publicado em 21/02/2025 as 9:00am

Brasileiros buscam ajuda para tratar filho autista e acabam deportados

Na manhã do dia 23 de janeiro, Sandra Souza e Alisdete Santos, imigrantes brasileiros,...

Na manhã do dia 23 de janeiro, Sandra Souza e Alisdete Santos, imigrantes brasileiros, acordaram com uma esperança de um novo capítulo na luta pela permanência legal nos Estados Unidos. A família havia recebido uma ordem de deportação em 2022, mas ainda estava em processo de recurso, acreditando que poderia argumentar seu direito de permanecer no país por motivos humanitários, especialmente devido ao tratamento médico necessário para seu filho mais novo, Gael, diagnosticado com autismo.

Eles se apresentaram a um Centro de Remoções da Polícia de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) em Miramar, Flórida, onde, de acordo com a versão de Sandra, a esperança de uma chance de permanecer no país foi cruelmente destruída. “Fomos enganados”, disse Alisdete, resumindo o sentimento de uma família devastada.

Brayan, filho mais velho do casal, de 10 anos, foi o responsável por entender o que estava acontecendo. “Papai, eles estão falando que nós vamos embora para o Brasil”, disse, trazendo à tona a verdade: o encontro com as autoridades não era uma oportunidade para apresentar novos documentos ou explicações, mas sim o início de uma deportação forçada.

Em 2021, a família se mudara para os EUA, buscando uma vida melhor após as dificuldades econômicas impostas pela pandemia de Covid-19. Com a ajuda de um coiote, cruzaram a fronteira e tentaram, em vão, regularizar sua situação. Como muitos imigrantes, Sandra e Alisdete cumpriram as regras, se apresentando regularmente ao ICE, mas isso não impediu que fossem alvo da política migratória rígida do governo Trump, que, durante seu mandato, criminalizou a presença de migrantes indocumentados.

O governo de Trump, ao longo de sua administração, promoveu políticas agressivas de deportação, criando um clima de criminalização dos imigrantes, como expresso em suas declarações sobre os deportados, tratando-os como criminosos. No entanto, a realidade enfrentada por Sandra e Alisdete era bem diferente. Eles não representavam uma ameaça, mas sim uma família buscando uma chance de melhorar de vida e proporcionar melhores condições para os filhos, incluindo Gael, que estava em tratamento contínuo de autismo.

O que parecia ser uma reunião para discutir uma possível prorrogação da permanência da família, rapidamente se transformou em um pesadelo. A esperança que alimentaram ao reunir documentos médicos, registros escolares e depoimentos da comunidade em defesa de seu caráter e esforços para se integrar foi em vão. As autoridades migratórias, alegando que o processo da família já havia sido encerrado, não consideraram as circunstâncias pessoais e os tratamentos médicos que os filhos necessitavam.

Após a ordem de deportação, a família foi rapidamente levada ao aeroporto para um voo que a separaria de tudo o que haviam construído nos EUA. O plano de celebrar o aniversário de 4 anos de Gael foi cancelado. E, sem tempo para pegar seus pertences ou se despedir, começaram uma viagem angustiante que duraria dias, sem saber o que encontrariam no Brasil.

Durante o voo de deportação, a situação foi caótica. Embora algumas famílias não tenham sido algemadas, muitas das pessoas a bordo, incluindo crianças, passaram por momentos de sofrimento extremo, com calor intenso, falta de alimentação e incerteza sobre o destino. Ao fazer uma parada no Panamá, o voo enfrentou dificuldades técnicas, gerando ainda mais angústia para os deportados. Quando o avião finalmente pousou em Manaus, os migrantes foram recebidos por autoridades brasileiras e, em seguida, transferidos para Belo Horizonte, onde continuaram a viagem até sua cidade natal, Itambacuri, em Minas Gerais.

A viagem, porém, não foi fácil. Eles viajaram por horas em um ônibus sem apoio do governo, dependendo de doações para cobrir os custos da passagem. A experiência traumática da deportação e as condições precárias do voo levaram Brayan, o filho mais velho, a ser levado ao hospital em Manaus devido à falta de ar causada pelo calor.

Agora de volta ao Brasil, a família enfrenta o desafio de reconstruir suas vidas. Sandra busca tratamento médico para Gael e, ao mesmo tempo, tenta lidar com a dívida ainda pendente com o coiote que os ajudou a atravessar a fronteira, uma dívida que agora parece impagável. O processo de regularização, que foi prejudicado por um advogado que não cumpriu com suas obrigações, também deixa marcas profundas na confiança da família no sistema legal.

O caso da família de Alisdete e Sandra é um reflexo das injustiças vividas por milhares de migrantes indocumentados nos EUA, que, muitas vezes, são tratados como criminosos, mesmo quando buscam apenas oportunidades para uma vida melhor. A história também expõe a falta de dignidade e respeito nas políticas de deportação dos EUA, que desconsideram as condições pessoais e humanitárias de indivíduos que, como Sandra e Alisdete, não representam ameaça alguma.

Com a mudança de governo nos Estados Unidos, esperava-se que a situação de imigrantes como a família de Alisdete fosse tratada com mais empatia, mas a realidade parece ser outra. “Mesmo aquelas pessoas que vieram acorrentadas, aquilo ali é pai de família, que foi tentar comprar uma casa para a sua família, foi tentar pagar um estudo para o seu filho. Aquilo ali é um sonho”, finalizou Sandra, refletindo sobre a verdadeira face da imigração e a necessidade de tratar os migrantes com mais humanidade e respeito.

Fonte: Da redação

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