Número de imigrantes detidos na fronteira EUA-México cai pelo segundo mês consecutivo, mas fluxo permanece elevado

As autoridades americanas anunciaram nesta segunda-feira que o número de migrantes detidos na fronteira entre os Estados Unidos e o México diminuiu em julho em comparação com junho, marcando o segundo mês consecutivo de queda. No entanto, os fluxos migratórios continuam em níveis historicamente altos, especialmente entre nacionalidades menos afetadas pelo Título 42, uma regra da era pandêmica que nega a migrantes o direito legal de solicitar asilo com base na prevenção da propagação da COVID-19.

De acordo com a Patrulha de Fronteira e Aduana dos EUA (CBP, na sigla em inglês), os agentes fronteiriços interceptaram migrantes 199.976 vezes em julho, uma redução de 3,8% em relação a junho, quando foram registradas 207.933 detenções, e uma queda de 6,8% em comparação com julho de 2021. "Embora os números de encontros continuem altos, esta é uma tendência positiva e a primeira queda de dois meses consecutivos desde outubro de 2021", afirmou o comissário da CBP, Chris Magnus.

A diminuição foi mais acentuada entre migrantes de nacionalidades que são frequentemente expulsas sob o Título 42, como mexicanos, guatemaltecos, hondurenhos e salvadorenhos. O México concordou em receber cidadãos desses países expulsos pelos EUA, o que facilita o trabalho dos agentes da Patrulha de Fronteira devido à proximidade geográfica.

Por outro lado, o número de detenções de migrantes de nacionalidades com maior probabilidade de serem liberadas nos EUA sob liberdade condicional humanitária ou com notificações para comparecer à corte de imigração aumentou significativamente. Venezuelanos, por exemplo, foram interceptados 17.603 vezes em julho, um aumento de 34% em relação a junho e quase o triplo do registrado em julho de 2021. Cubanos também viram um salto nas detenções, com 20.080 interceptações, um aumento de 25% em relação a junho e quase seis vezes mais do que em julho do ano passado. Colombianos igualmente tiveram um aumento nas detenções.

A região de Del Rio, no Texas, manteve-se como o corredor mais movimentado para travessias ilegais entre os nove setores da Patrulha de Fronteira na fronteira com o México, com 49.563 detenções em julho. O Vale do Rio Grande, também no Texas, que por muito tempo foi a área mais ativa, ficou em segundo lugar, com 35.180 paradas.

O Título 42, implementado em março de 2020, permite a expulsão rápida de migrantes sem a oportunidade de solicitar asilo, sob a justificativa de saúde pública. Embora teoricamente aplicável a todas as nacionalidades, questões como custos, relações diplomáticas e logística influenciam quem é efetivamente expulso. Nacionalidades como venezuelanos, cubanos e colombianos, por exemplo, têm maior probabilidade de serem liberadas nos EUA devido às complexidades envolvidas em sua deportação.

Apesar da queda recente nos números, o fluxo migratório continua desafiador para as autoridades americanas. A administração Biden enfrenta pressão para equilibrar o controle fronteiriço com a garantia de tratamento humanitário aos migrantes, especialmente diante de crises políticas e econômicas em países como Venezuela, Cuba e Nicarágua, que têm impulsionado o deslocamento em massa.