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Publicado em 27/02/2025 as 1:00pm

Imigrantes indocumentados em CT compartilham impacto da falta de seguro de saúde

Michelle Ham mudou-se para Connecticut vinda de Honduras com sua família quando tinha apenas...

Michelle Ham mudou-se para Connecticut vinda de Honduras com sua família quando tinha apenas dois anos de idade. Desde então, vive com o constante medo de ficar doente. Aos 21 anos, Ham, assim como muitos outros imigrantes indocumentados, não se qualifica para o programa de Medicaid do estado, conhecido como HUSKY, e se preocupa com como ela e sua família poderão pagar por tratamentos médicos quando precisarem de cuidados hospitalares.

Há alguns anos, Ham foi admitida na emergência e os médicos informaram que ela precisava de uma cirurgia para remover vários cistos grandes ao redor dos ovários. Em vez de marcar o procedimento, ela optou por tomar medicamentos na esperança de que os cistos desaparecessem sozinhos. Por sorte, ela conseguiu se conectar com um médico que realizou a cirurgia pro bono. No entanto, quando um cisto reapareceu, Ham teve que pagar do próprio bolso por consultas com especialistas e medicamentos.

"Expandir os benefícios do HUSKY me daria a oportunidade de não me preocupar em como pagar e de onde viria o dinheiro", disse uma defensora em um recente protesto no Capitólio do Estado, lendo o testemunho de Ham em apoio a dois projetos de lei que visam expandir o Medicaid para residentes com renda elegível de até 26 anos, independentemente do status migratório.

Embora histórias como a de Ham tenham ecoado pelo Capitólio no início deste ano, muitos dos afetados, como ela, não compareceram pessoalmente. Alguns nem mesmo foram identificados, com medo de se tornarem alvo da Imigração e Alfândega (ICE) devido às ordens executivas anti-imigração da administração Trump. No entanto, defensores e membros da comunidade afirmam que essas ações federais destacam a importância de ações legislativas estaduais, apesar da possível resistência.

"Se Connecticut quer um futuro que inclua famílias saudáveis e uma força de trabalho estável, próspera e crescente, pronta para atender às necessidades do nosso futuro, o estado deve garantir que todos tenhamos acesso a seguro de saúde, independentemente do status migratório", continuou o testemunho de Ham.

Segundo a Connecticut Health Foundation, uma organização sem fins lucrativos dedicada a políticas públicas e subsídios para a saúde, cerca de 58% dos 113.000 residentes indocumentados do estado não têm seguro de saúde. A comunidade enfrenta inúmeros obstáculos, como restrições de elegibilidade, empregos de baixa renda que não oferecem seguro, barreiras linguísticas e um medo generalizado do sistema.

A brasileira Carolina Bortolleto, líder da HUSKY 4 Immigrants Coalition, relata que muitas pessoas recusam tratamento após sofrerem lesões que, mais tarde, afetam sua mobilidade. "É uma questão de efeito bola de neve. Qualquer problema de saúde é muito mais econômico e fácil para o paciente tratar logo no início, em vez de esperar até que piore", explicou Bortolleto.

Esse foi o caso da mãe de um jovem de 17 anos de Danbury, membro do Connecticut Students for a Dream, um grupo de defesa liderado por jovens indocumentados. O estudante, cujo nome foi omitido por medo de represálias contra sua família, descreveu como sua mãe esperou quase três anos para tratar um dente infectado por falta de seguro. Ela acabou recorrendo a um médico não licenciado para extrair o dente. "As opções eram arrancar o dente ou continuar com dor", disse o jovem. "Não temos dinheiro para outra opção."

Ao longo dos anos, Connecticut expandiu o HUSKY para crianças, independentemente do status migratório. Antes de julho de 2024, o estado cobria mais de 12.000 crianças indocumentadas de até 12 anos, e a elegibilidade foi ampliada para até 15 anos. O HUSKY também cobre mulheres grávidas e no pós-parto.

Uma mãe membro do Connecticut Worker Center compartilhou anonimamente que seu filho foi diagnosticado com pedras nos rins logo após chegarem aos EUA. Graças ao HUSKY, ele se recuperou totalmente e agora faz check-ups regulares.

Com base nessa trajetória, dois novos projetos de lei propõem expandir o HUSKY para adultos com renda elegível de até 26 anos. Um deles, proposto pelo deputado Juan Candelaria (D-New Haven), também ampliaria a cobertura para adultos acima de 65 anos. Ambas as propostas aguardam ação nas comissões legislativas.

A Dra. Leonela Villegas, pediatra em Hartford, descreve como é "moralmente angustiante" não poder oferecer cuidados devido a limites financeiros. Ela relata que muitos pacientes vivem com medo do impacto da legislação federal de imigração em suas vidas. "Como pediatra, fiz um juramento de praticar medicina com integridade, humildade e compaixão por todas as crianças. Quando o status de seguro e documentação começa a interferir, é devastador para todos", disse Villegas.

Legisladores como a deputada Jillian Gilchrest (D-West Hartford) e o deputado Hubert Delany (D-Stamford) expressaram frustração com a retórica anti-imigrante e enfatizaram a importância da expansão do HUSKY. Delany destacou que muitos imigrantes, documentados ou não, contribuem para a economia através de impostos estaduais e locais, mas são excluídos dos cuidados que ajudam a financiar. "É fiscalmente responsável, socialmente equitativo, prático e progressista. Mas vai além da economia. É sobre quem somos como povo", afirmou.

Enquanto os projetos de lei aguardam votação, histórias como a de Michelle Ham continuam a ilustrar a urgência de garantir acesso à saúde para todos, independentemente de onde tenham nascido. (com informações: CT Post)

Fonte: Da redação

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