Publicado em 3/03/2025 as 10:00am
Juiz federal bloqueia diretriz do governo Trump que permitia entrada do ICE em igrejas
Na segunda-feira, 24, o juiz federal Theodore Chang, de Maryland, bloqueou uma diretriz do...
Na segunda-feira, 24, o juiz federal Theodore Chang, de Maryland, bloqueou uma diretriz do governo Trump que autorizava agentes do Departamento de Imigração e Controle Alfandegário (ICE, sigla em inglês) a entrarem em igrejas e templos religiosos em busca de imigrantes indocumentados.
A decisão, no entanto, tem alcance limitado: o bloqueio se aplica apenas aos templos que processaram o governo federal, incluindo uma igreja Batista na Geórgia, um templo Sikh na Califórnia e cinco templos Quaker localizados em Massachusetts, Maryland, Pensilvânia e Virgínia.
Durante os argumentos no tribunal, os advogados do governo defenderam que a diretriz concedia aos supervisores do ICE o poder de decidir, com base no "bom senso", se era apropriado ou não entrar em um local de culto. Por outro lado, os templos religiosos, representados pela Democracy Forward Foundation, argumentaram que o bloqueio deveria ser estendido a todos os templos religiosos do país.
Eles alegaram que a diretriz do governo Trump estava causando medo entre os fiéis, que agora hesitam em participar de reuniões religiosas, violando assim o direito à liberdade religiosa garantido pela Constituição dos Estados Unidos.
O juiz Theodore Chang manteve a decisão de bloquear a entrada do ICE apenas nos templos que fazem parte do processo, pelo menos até que o mérito do caso seja julgado. A decisão representa uma vitória parcial para os grupos religiosos envolvidos, mas deixa em aberto a situação de milhares de outros templos que não participaram da ação judicial.
Apesar da diretriz polêmica, as batidas do ICE em locais de culto continuam raras, mesmo após um mês de governo Trump. No entanto, a medida gerou preocupação generalizada entre comunidades religiosas e defensores dos direitos dos imigrantes, que veem a política como uma ameaça à liberdade religiosa e ao direito de asilo em locais sagrados.
Em um processo separado, mais de uma dúzia de igrejas cristãs e sinagogas judaicas entraram com uma ação contra o governo Trump no estado de Washington. Esses templos representam milhões de americanos em todo o país e argumentam que a política de imigração do governo está criando um clima de medo e insegurança entre suas congregações.
Vale lembrar que os eleitores religiosos, especialmente os cristãos, formam um dos grupos mais fiéis ao Partido Republicano e foram fundamentais para a eleição de Donald Trump em 2016 e 2020. A decisão do governo de autorizar a entrada do ICE em templos religiosos, portanto, coloca em xeque a relação entre a administração Trump e sua base religiosa, que pode se sentir traída por uma política que muitos consideram contrária aos valores de compaixão e proteção aos perseguidos.
Enquanto o caso avança nos tribunais, a discussão sobre os limites da aplicação das leis de imigração e o respeito à liberdade religiosa promete continuar acalorada, refletindo as tensões e divisões que marcam o debate migratório nos Estados Unidos.