Prefeitos de "Cidades-Santuário" vão enfrentam audiência no congresso dos EUA

Os prefeitos de Boston (Massachusetts), Chicago (Illinois), Denver (Colorado) e New York City (New York) se prepararam para uma audiência de alto risco perante o Comitê de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara dos Representantes dos EUA. O foco do debate será as políticas de "cidades-santuário", que limitam a cooperação com autoridades federais de imigração, um tema que tem gerado intensa controvérsia no cenário político nacional.

Sob o título "Held Accountable" (Responsabilizados, em tradução livre), a audiência promete ser um campo minado para os líderes municipais, que terão de justificar suas políticas perante um Congresso potencialmente hostil. O presidente do comitê, James Comer (republicano do Kentucky), não poupou críticas ao anunciar o evento: "Os prefeitos das cidades-santuário devem explicações ao povo americano por políticas que colocam a segurança pública em risco e violam a lei federal de imigração, ao liberar criminosos ilegais perigosos de volta às ruas".

As cidades-santuário, que adotam medidas para proteger imigrantes indocumentados da deportação, têm sido alvo de crescente escrutínio desde que Donald Trump retomou o controle da Casa Branca em janeiro. Embora o republicano tenha priorizado a situação na fronteira sul, a atenção agora se volta para seus esforços de deportação em massa, que dependem da colaboração entre agências estaduais, locais e federais.

No entanto, muitas cidades têm resistido a essa cooperação, recusando-se a cumprir medidas como os detentos emitidos pela agência de imigração dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês).

Essas políticas têm gerado polêmica, especialmente após crimes de grande repercussão cometidos por imigrantes ilegais que escaparam de processos de deportação. Comer destacou que "essas políticas imprudentes em cidades e estados administrados por democratas levaram a muitas tragédias evitáveis" e colocam em risco os agentes da ICE, que são forçados a tomar medidas mais difíceis em jurisdições que não cooperam.

Os prefeitos Brandon Johnson (Chicago), Eric Adams (New York), Michelle Wu (Boston) e Mike Johnston (Denver) estão sob pressão para evitar erros que possam manchar suas carreiras políticas. Um relatório do site Politico destacou que os líderes têm trabalhado com assessores e advogados para preparar documentos e estratégias, buscando evitar um desastre semelhante ao que levou à demissão da presidente da Universidade da Pensilvânia, Liz Magill, após sua participação em uma audiência sobre antissemitismo em 2023.

Cada prefeito adotará uma abordagem distinta. Johnson, de Chicago, defendeu a identidade histórica da cidade como um refúgio para imigrantes e migrantes, afirmando: "É a capital global do mundo, e vamos continuar a nos apresentar da melhor forma possível". Já Adams, de Nova York, pode destacar sua recente decisão de permitir que agentes da ICE retornem ao complexo penitenciário de Rikers Island, uma medida que gerou atrito com a governadora democrata Kathy Hochul, que ameaçou removê-lo do cargo antes de recuar.

A audiência não apenas testará a habilidade política dos prefeitos, mas também poderá influenciar seus futuros na política. Comer prometeu pressioná-los por respostas claras: "As políticas em Boston, Chicago, Denver e Nova York priorizam criminosos ilegais em detrimento do povo americano. Isso é inaceitável, e seus líderes devem ser responsabilizados. Vamos examinar medidas para garantir o cumprimento da lei federal de imigração".

Enquanto os prefeitos se preparam para enfrentar o Congresso, o debate sobre as cidades-santuário continua a dividir a nação, refletindo as complexidades e tensões da política de imigração nos Estados Unidos. O desfecho da audiência pode não apenas definir o futuro desses líderes, mas também moldar o rumo das políticas de imigração no país.