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Publicado em 12/03/2025 as 6:00pm

Medo de operações do ICE afasta alunos das salas de aula e aumenta ansiedade em escolas

A política da administração Trump que permite que agentes do Departamento de Imigração e...

A política da administração Trump que permite que agentes do Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês) realizem prisões em escolas está causando queda na frequência escolar e aumentando o medo e a ansiedade entre alunos e professores, de acordo com um grupo que representa 78 grandes distritos escolares do país.

O Conselho de Grandes Escolas Urbanas (Council of Great City Schools) apresentou um “amicus brief” no final do mês passado, apoiando uma ação judicial movida pelo sistema de escolas públicas de Denver (Colorado) contra a administração Trump, pedindo o fim da política.

No comunicado, o conselho afirmou que realizou uma pesquisa entre seus 78 distritos escolares membros e descobriu que "eles já observaram aumento na ausência, maior ansiedade entre os alunos, mais casos de bullying, menor envolvimento dos pais e medo generalizado como resultado da mudança na política".

Em janeiro, a administração Trump revogou uma diretriz da era Obama, que proibia operações do ICE em escolas, locais de culto e hospitais. Apesar de não haver evidências de que a agência de imigração tenha prendido alunos dentro de escolas até o momento, o impacto psicológico da mudança já é sentido.

O superintendente das Escolas Públicas de Denver, Alex Marrero, argumenta que o simples anúncio da nova política causou danos à comunidade escolar. Em entrevista à NBC News na biblioteca de uma escola de Denver, ele relatou que a taxa de frequência caiu de 95% para 85% após uma operação do ICE em 5 de fevereiro em dois prédios de apartamentos próximos.

"Não precisamos esperar que eles entrem pelas portas da escola para sentir o impacto. O impacto já é real", disse Marrero. "E nesta mesma biblioteca, no dia da operação — que não aconteceu em nossas escolas, mas nas proximidades — o medo e o terror nos olhos de nossos educadores eram evidentes. Ninguém pode me dizer que não fomos afetados. Para mim, está claro."

No mesmo dia, Nadia Madan-Morrow, diretora da escola, relatou que ônibus que levariam crianças para a escola foram desviados devido ao tumulto nos prédios. Ela também decidiu manter os alunos na escola após o horário de saída, a pedido dos pais, que temiam pela segurança das crianças.

"Os agentes do ICE foram aos prédios onde moram, e os pais nos ligaram dizendo: 'Não coloquem nossos filhos no ônibus. Não queremos que eles venham para cá'", contou Madan-Morrow. Quatro alunos da escola foram presos na operação e não retornaram às aulas. A NBC News não confirmou as identidades dos estudantes ou se eles tinham violações criminais ou de imigração.

Uma das pessoas detidas na operação foi Maria Gonzalez, imigrante de El Salvador. Ela relatou que agentes do ICE arrombaram sua porta sem bater, deixando um buraco enorme, e a algemaram antes de levá-la para custódia. Gonzalez foi liberada seis horas depois e se reuniu com suas filhas, Nicolle, de 9 anos, e Jade, de 11 meses.

"Meu maior medo era ser deportada e deixar minhas filhas para trás", disse Gonzalez. Nicolle, que estuda nas Escolas Públicas de Denver, recebeu uma notificação para comparecer perante um juiz de imigração neste mês. Seu advogado, Matthew Barringer, afirmou que a menina está em processo de solicitação de status de imigrante juvenil especial, que pode conceder a ela residência permanente.

Nicolle, no entanto, tem chorado à noite e se recusa a ir à escola com medo de que agentes do ICE apareçam. "Eu penso que eles podem vir de novo e, desta vez, vão entrar e nos levar", disse a menina.

Lizyuri Gallardo, conselheira da escola onde Madan-Morrow é diretora, relatou que 300 dos 900 alunos da instituição buscaram aconselhamento este ano, principalmente para discutir o medo de deportações. Embora o sistema escolar não rastreie o status de imigração dos estudantes, mais de 80% deles vêm de famílias que falam outro idioma além do inglês em casa.

"Tentamos preparar emocionalmente os alunos para qualquer coisa que possam enfrentar e aliviar a ansiedade deles na escola", disse Gallardo. "Dizemos que os amamos, nos importamos com eles e que somos uma família aqui para apoiá-los."

Ainda assim, a ansiedade persiste. "As crianças sentem isso. Elas são as primeiras a sentir. São como esponjas", afirmou a conselheira.

As Escolas Públicas de Denver e os advogados da administração Trump apresentaram argumentos orais em um tribunal federal sobre a necessidade de reinstaurar a política que proibia operações do ICE em escolas e outros locais sensíveis sem aprovação de supervisores.

Um porta-voz do ICE afirmou que a agência "não costuma realizar operações de imigração em escolas ou ônibus escolares", e que tais ações só ocorrem "em circunstâncias excepcionais e com aprovação de um supervisor". Ele também destacou que o ICE espera que seus agentes "aderem aos mais altos padrões de conduta profissional".

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