ICE concede contrato de US$ 1 bilhão para empresa de prisões privadas ampliar centro de detenção de imigrantes em NJ

O Departamento de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) concedeu à empresa de prisões privadas GEO Group Inc. um contrato de 15 anos, no valor de US$ 1 bilhão, para expandir um centro de detenção de imigrantes em New Jersey. O acordo permitirá a detenção de até 1.000 pessoas e marca a primeira expansão de um centro de detenção sob o plano de deportações em massa do governo Trump.

O centro, chamado Delaney Hall, localizado em Newark, será a maior instalação de processamento e detenção do ICE na Costa Leste, segundo George Zoley, fundador e presidente executivo da GEO Group. Em comunicado, o diretor interino do ICE, Caleb Vitello, destacou que a localização próxima a um aeroporto internacional "agiliza a logística e facilita o processamento oportuno de indivíduos sob custódia, enquanto cumprimos o mandato do presidente Trump de prender, deter e remover estrangeiros ilegais de nossas comunidades."

A GEO Group, uma das maiores empresas de prisões privadas do país, já opera instalações do ICE em vários estados, incluindo Califórnia, Texas e Flórida. Durante uma conferência com investidores na quinta-feira, executivos da empresa afirmaram esperar "oportunidades sem precedentes" sob a política de imigração do governo Trump, com a expansão da capacidade de detenção e o aumento dos serviços de monitoramento eletrônico de imigrantes.

Zoley anunciou que a GEO planeja aumentar sua capacidade de leitos de 15.000 para 32.000, o que poderia gerar entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões em receitas anuais adicionais. Ele também afirmou que a empresa pretende reativar todas as suas instalações ociosas até o final do ano para atender à demanda criada pela política de deportações em massa. Essas instalações, localizadas em estados como Geórgia, Michigan e Carolina do Norte, podem ser reabertas em 60 a 90 dias.

A expansão ocorre em um contexto de endurecimento das políticas de imigração nos EUA. Recentemente, o Congresso aprovou a Lei Laken Riley, que exige a detenção obrigatória de imigrantes acusados ou condenados por crimes como furto. Zoley estima que, com base nessa lei, o ICE precisará de até 60.000 leitos de detenção, acima dos atuais 41.500 disponíveis em todo o país.

Além disso, o governo Trump anunciou planos de usar a base naval de Guantánamo Bay, em Cuba, para abrigar até 30.000 migrantes. Atualmente, há cerca de 13,7 milhões de pessoas nos EUA sem autorização legal, segundo análise do Migration Policy Institute.

A GEO também planeja investir US$ 38 milhões na renovação de suas instalações e US$ 16 milhões em dispositivos de monitoramento por GPS para imigrantes que aguardam processos judiciais fora da detenção. O programa de monitoramento eletrônico, conhecido como ISAP (Intensive Supervision Appearance Program), já acompanha cerca de 184.000 pessoas, mas Zoley acredita que esse número pode dobrar sob a atual administração, gerando receitas adicionais de US$ 250 milhões.

O contrato bilionário e a expansão das operações da GEO Group ocorrem em meio a críticas de advogados e especialistas em imigração, que alertam para o impacto dessas medidas nas comunidades de imigrantes. Eles argumentam que a Lei Laken Riley e outras políticas semelhantes podem acelerar as deportações em massa, uma das principais promessas de campanha de Trump.

Enquanto isso, o Congresso avança com um pacote orçamentário que pode destinar bilhões de dólares para segurança fronteiriça e fiscalização de imigração, abrindo caminho para mais contratos governamentais com empresas como a GEO. Zoley expressou otimismo, afirmando que a empresa espera "oportunidades significativas" no segundo semestre do ano, à medida que o governo intensifica sua agenda de imigração.

A expansão do Delaney Hall e os planos da GEO Group refletem uma mudança significativa na política de imigração dos EUA, com foco crescente na detenção e deportação de imigrantes sem autorização legal, enquanto empresas privadas se beneficiam do aumento da demanda por serviços de detenção e monitoramento.