Protesto em Indianapolis (IN) questiona prisão de dois imigrantes por agentes federais em vídeo polêmico

Cerca de duas dezenas de pessoas se reuniram no domingo (12) em Indianapolis, Indiana, para protestar contra a prisão de dois homens hondurenhos no final de fevereiro, capturada em vídeo e amplamente divulgada nas redes sociais. O ato, organizado pelo capítulo local do Party for Socialism and Liberation (Partido pelo Socialismo e Libertação), ocorreu no cruzamento da I-65 com a Rua 30, local onde acreditam que a controvertida detenção aconteceu.

Os dois homens, identificados como Jose Montoya-Lopez e Amner Nunez-Vasquez, foram detidos por agentes da agência de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) durante o que parece ter sido uma parada de trânsito. O vídeo, gravado por um dos homens e posteriormente compartilhado por Jannette Kennedy, uma amiga que participou do protesto, mostra agentes federais brandindo armas de choque e dando ordens em inglês e espanhol enquanto realizam a prisão de forma enérgica.

“É terrível”, disse Kennedy. “Eu só postei o vídeo para que as pessoas pudessem ver por si mesmas o que está acontecendo”. Nas imagens, os agentes não explicam o motivo da abordagem, apesar dos questionamentos repetidos dos homens. O vídeo termina com um dos detidos sendo arrastado para fora da van, enquanto outro agente alcança o celular do motorista.

Apesar da presença de agentes do ICE e do Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF) no vídeo, a Polícia Metropolitana de Indianapolis afirmou que não tem informações sobre a participação de seus oficiais na operação.

Após serem detidos, os dois homens foram levados para um centro de detenção de imigrantes no Condado de Clay. De acordo com registros públicos, Montoya-Lopez foi transferido para uma instalação de detenção e deportação em Alexandria, Louisiana, enquanto Nunez-Vasquez permanece em Indiana, no Centro de Justiça do Condado de Clay. A esposa de Montoya-Lopez afirmou ao Indianapolis Star que ele estava nos EUA com uma permissão de trabalho que pode ter expirado.

O protesto chamou a atenção para o clima de medo que paira sobre comunidades de imigrantes em meio ao aumento das operações de deportação sob o governo do presidente Donald Trump. Carolyn Higginbotham, ex-diretora do Seminário Teológico Cristão e presente no ato, destacou a importância de aliados amplificarem as vozes daqueles que são diretamente afetados.

“Acho muito importante que aqueles de nós que têm privilégio levantem as vozes daqueles que não têm a oportunidade de falar por si mesmos”, disse Higginbotham. “Não para assumir o movimento, mas para garantir que suas vozes sejam ouvidas e que saibam que não estão sozinhos, que há muitos de nós ao lado deles.”

O caso ocorre em um contexto de endurecimento das políticas de imigração nos EUA. Segundo dados da NPR, houve um aumento nas prisões realizadas pelo ICE no primeiro mês do governo Trump, com uma média diária de detenções superior à registrada no governo anterior. No entanto, números recentes do Departamento de Segurança Nacional mostram que as prisões ainda estão abaixo da meta estabelecida pela administração atual, que prevê de 1.200 a 1.500 detenções por dia. Nas primeiras três semanas de fevereiro, menos de 600 pessoas foram detidas diariamente em instalações do ICE em todo o país.

O vídeo e o protesto reacenderam o debate sobre os métodos utilizados pelas autoridades de imigração e o impacto dessas ações nas comunidades locais, especialmente em um momento de crescente tensão política em torno do tema.

(Com informações: WFYI)