Governo Trump lança aplicativo de "auto-deportação" para imigrantes indocumentados

Em uma mudança significativa na política de imigração dos Estados Unidos, a administração Trump transformou um aplicativo móvel, originalmente criado para agendar consultas de asilo, em uma ferramenta digital para facilitar a "auto-deportação" de imigrantes indocumentados. O aplicativo, antes conhecido como CBP One, foi rebatizado como CBP Home e agora permite que migrantes preencham um formulário de "intenção de partir" do país, evitando, segundo o governo, "consequências mais severas".

A iniciativa surge em um momento em que autoridades da Casa Branca têm pressionado imigrantes sem documentação a deixarem o país voluntariamente, em vez de enfrentarem riscos como prisão e processos formais de deportação. Lançado inicialmente em 2020, o aplicativo ganhou destaque durante o governo Biden, quando foi expandido para permitir que migrantes agendassem atendimentos em portos de entrada. Na época, a tecnologia foi elogiada por reduzir detenções na fronteira e proteger solicitantes de asilo.

Agora, sob a nova versão, imigrantes indocumentados devem se identificar no aplicativo e declarar sua intenção de deixar os EUA. O formulário digital também questiona os usuários sobre questões como ter "dinheiro suficiente para partir" e possuir um "passaporte válido e não expirado do país de origem".

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, descreveu a opção como uma maneira de preservar futuras oportunidades de imigração. "Ao usar o aplicativo para se auto-deportar, os migrantes podem ainda ter a chance de retornar legalmente no futuro e viver o sonho americano", afirmou. No entanto, sua declaração tomou um tom mais severo ao abordar aqueles que não cooperam: "Se não o fizerem, nós os encontraremos, os deportaremos, e eles nunca mais voltarão."

Além das funcionalidades de auto-deportação, o CBP Home mantém utilidades como solicitação e pagamento de cartões de entrada e saída I-94, agendamento de inspeções para cargas perecíveis e verificação de tempos de espera em cruzamentos da fronteira americana.

O Departamento de Segurança Interna posiciona o aplicativo como parte de uma campanha publicitária de US$ 200 milhões, com uma mensagem direta para imigrantes indocumentados: "Fiquem fora e saiam agora." A campanha reflete uma mudança abrupta nas políticas de imigração, que incluem a descontinuação do aplicativo CBP One original, a pausa em programas de liberdade condicional e o aumento de operações de deportação em todo o país.

No final de fevereiro, autoridades anunciaram planos para criar um registro nacional que exigirá que imigrantes indocumentados com mais de 14 anos forneçam ao governo seus endereços e impressões digitais. Aqueles que não cumprirem a regra poderão enfrentar processos criminais, embora especialistas apontem desafios logísticos e de fiscalização para a implementação desse sistema.

A medida tem gerado debates acalorados, com críticos argumentando que a abordagem é desumana e pode aumentar o medo e a desconfiança nas comunidades imigrantes. Por outro lado, defensores da política afirmam que ela é necessária para reforçar a segurança das fronteiras e a aplicação das leis de imigração.

Enquanto o aplicativo CBP Home entra em cena, a discussão sobre os direitos dos imigrantes e o futuro da política de imigração nos EUA promete permanecer no centro do debate nacional.

Fonte: Da redação